Pular para o conteúdo principal

RESSURREIÇÃO DA CARNE: UMA ATUALIZAÇÃO ESPÍRITA


“Se Jesus não ressuscitou com o mesmo corpo em que morreu, se a dissolução de suas células tomaram seu corpo, se suas moléculas não se reanimaram, se seus aminoácidos não reacenderam, a Igreja sucumbirá!”
(John Updike)



A Congregação para a Doutrina da Fé percebeu que em certos missais em algumas partes do mundo a palavra “carne” foi ao longo do tempo substituída pela palavra “corpo”. Em decorrência disso, que em 14 de dezembro de 1983, presidida então pelo cardeal Joseph Ratzinger, emitiu o documento “Decisões sobre a tradução do artigo ‘Carnis resurrectiohem’ do Símbolo Apostólico”, na qual pediu que todas as Conferências Episcopais usassem a tradução literal da expressão que é “ressurreição da carne” e não outras semelhantes.
A ressurreição de Jesus é ponto fundamental para o entendimento da natureza e destinação do Ser, e construção de uma nova mundividência, da nossa esperança como Humanidade. O Apóstolo dos Gentios assim assegura: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (I Cor, 15:19).
 Nos dias atuais, as experiências de quase-morte (EQM), de transcomunicação instrumental (TCI) atestam a preexistência da alma e comprovam o perispírito de Allan Kardec. No passado, além das pesquisas de Allan Kardec, teve-se os estudos de J. B. Rhine, Charles Richet, Ernesto Bozzano, William Crookes, César Lombroso, Gabriel Dellane, Friedrich Zöllner, Frederic Myers e a produção mediúnica de Chico Xavier.

Com relação às experiências científicas acerca da comprovação da reencarnação como lei biológica não é diferente. As pesquisas de Ian Stevenson, Hamedras Banerjee, Hernani Guimarães Andrade e os milhares de casos de regressões de vivências passadas já são mais que suficientes para validá-la cientificamente.
Esse cenário aliado a outros avanços das ciências e da cultura como um todo vem fazendo diminuir a influência da religião sobre as variadas esferas da vida social. Processo sociológico conhecido como secularismo, que vem provocando não só a diminuição de membros, integrantes e profitentes da Igreja Católica, principalmente o público jovem, como também a diminuição da sua influência na sociedade, apesar do poder econômico e social que ainda mantêm. A Igreja define esse fenômeno como “penumbra teológica”, em documento elaborado pela Comissão Teológica Internacional, em 1990, presidida pelo cardeal Ratzinger, quando se expressa (tradução livre do espanhol):

“Assim, muitos homens estão hesitantes que a morte não leva a nada ou a uma nova vida. Entre aqueles que pensam que há vida após a morte, muitos imaginam outra vez na Terra para a reencarnação, de modo que o curso de nossa vida terrestre não seria única. A indiferença religiosa duvida da fundação da esperança da vida eterna, isto é, que menos repousa sobre a promessa de Deus através de Jesus Cristo e deve ser colocada em outro salvador a se esperar. A "penumbra teológica" promove ainda mais essa indiferença, por levantar dúvidas sobre a verdadeira imagem de Cristo, o que torna difícil para muitos cristãos servi-lo.” (¹)
           
            A Igreja nega o dogma da “ressurreição da carne”

            Nesse documento, embora sem caráter doutrinal, a Igreja atribui a concepção da “ressurreição da carne” à Igreja primitiva, recorrendo inclusive a Irineu em sua conhecida obra “Contra Heresias”, Patrística, e conclui:
                                  
“A Igreja jamais ensinou que a mesma matéria seja necessária para que se possa dizer que o corpo é o mesmo.” (2)
           
            E vai mais além, quando admite que é antibíblico afirmar a atemporalidade das desencarnações individuais e a ressurreição coletiva.                    
            A Igreja desde a década de setenta do último século, já havia começado uma reflexão crítica acerca do pós-morte, apoiada no progresso da antropologia, não mais admitido um modelo binário-dualista e cartesiano do ser, (homem = corpo e alma) principalmente pelos avanços da tanatologia e das suas descobertas.

            Imortalidade da alma

            Apoiando-se em Mt, 10:28 (3) a Igreja começa a delinear uma concepção espírita para o estado pós-morte, afirmando:

"a Igreja afirma a continuidade e a sobrevivência após a morte, de um elemento espiritual dotado de consciência e vontade, de modo que não é o mesmo ‘eu‘ humano.” (tradução livre do espanhol). (4)

Observa-se rompimento definitivo sobre a visão dualista do homem, convergindo para a visão paulina (I Cor, 15:44) (5) do corpo da ressurreição, ao categorizar que esse corpo é moldado pelo espírito.
O Dr. Renold J. Blank, teólogo, (6) seguindo a nova interpretação da Igreja, afirma que:
a)    Ressurreição não é a revitalização do cadáver, mas a transformação humana inteira e global por dentro de novas dimensões do ser;
b)    Sendo que nessa nova maneira de ser, a dimensão do tempo não existe mais, a transformação não se pode realizar depois de um longo intervalo temporal entre morte e ressurreição;
c)        Na morte o homem é exatamente aquela pessoa, aquela personalidade que ele mesmo construiu durante sua vida.” (7)

A evolução passa a ser considerada

Conforme Blank, para o ser viva essa nova realidade necessita ajustar-se aos parâmetros estabelecidos por Deus, e ao perceber que a sua personalidade não evoluiu o bastante, essa pessoa precisa de evolução. Esta evolução é possível na morte, segundo a teologia católica, depois de uma única vida vivida. Essa possibilidade passa a ser admitida como uma das experiências marcantes do primeiro encontro com Deus, que permite ao ser chegar à plenitude de suas potencialidades. Tradicionalmente conhecida como “experiência de Purgatório”, a pessoa não é jogada por si mesma, dependendo unicamente de suas possibilidades, ela, pelo contrário, será convidada por Deus a realizá-la, junto com Ele e ajudada por Ele.
Muito embora Blank advirta que a “experiência de Purgatório” não tenha nenhuma relação com o imaginário simbólico do purgatório medieval, ressalta que pode ser difícil e dolorosa, podendo ser comparada ao simbolismo do “fogo” do passado. De qualquer forma, o purgatório não deixa de ser um processo evolutivo.

Livre-arbítrio

O livre-arbítrio é considerado também nesse processo evolutivo, já que Deus considera a possibilidade de qualquer um recusar a oferta que Ele faz. Hipótese que levaria ao ser à uma condição de ‘morte eterna”, não querendo evoluir para uma vida em plenitude.

            Juízo Final

O catolicismo renuncia ao dogma tradicional do Julgamento Final, afirma Blank. Para a Igreja, se há alguém que julga, será o próprio ser humano, confrontando-se com recortes de sua própria vida. Ele se julgará a si mesmo.
            Vê-se, portanto, superado aquele cruel e irracional tribunal que destilou medo e terror per saecula saeculorum. (8)      
            As transformações que o Espiritismo veio realizar, Allan Kardec desejou fazê-las através dos profitentes; no seio do universo religioso, naquilo que ele concebeu como crença fundamental, base de toda a religião. Nesse ponto, estaria cumprido o seu papel, e cada um utilizaria o seu livre-arbítrio para seguir a melhor rota que satisfizesse a sua razão, como está bem delineado em a Revista Espírita, de setembro de 1867.
            A compreensão do Espiritismo como mais uma “religião” disseminada pela Igreja foi, talvez, o principal fator que impossibilitou a viabilidade desse propósito, elemento da convicção kardeciana.
            Não fosse, portanto, o egoísmo e a vaidade dos teólogos e líderes religiosos que visam mais o poder que a Verdade libertadora, as transformações religiosas que ora se realizam por força do progresso, já deveriam ser realizadas há mais de um século.
            Através dos séculos, tal qual a cera que se derrete aquecida pelo calor do fogo, os dogmas católicos desvanecem-se à luz da razão. Sutil e silenciosamente a Igreja vai se metamorfoseando, tendo sempre como propósito primeiro a manutenção do poder.
            De qualquer forma, é fácil de se concluir que a Igreja cumpre mais um estágio a caminho do estágio seguinte, que pode ser chamado de “prelúdio do retorno”, título do item I, do capítulo VII de “O Livro do Espíritos”, bem ilustrado pela questão nº 330 “a”, assim descrita:

“A reencarnação é, portanto, uma necessidade da vida espírita, como a morte é uma necessidade da vida corpórea?
- Seguramente, assim é”


(2)  Idem
(3)  “Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma. Temei antes àquele que pode fazer perecer inferno, tanto a alma o corpo.””
(5)  “Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual”
(6) Formado em Teologia, Filosofia e Letras, é professor titular da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo. Além disso, é professor do Instituto de Teologia de São Paulo e do Instituto Teológico Pio XI. Livros publicados em vários países da Europa e da América Latina. Pela Editora Paulus publicou: Aprende o amor; Viver sem o temor da morte; Quem, afinal, é Deus? A rebelião do Deus domesticado; Nossa vida tem futuro; Reecarnação ou Ressurreição.
(7)  BLANK, Renold J. A Arte de Morrer, Visões Plurais. Org. Dora Incontri e Franklin Santos
(8)  “Através dos Tempos”


REFERÊNCIAS:

BLANK. Renold J. Reencarnação e ressurreição. São Paulo. Paulus. 2006;
INCONTRI. Dora. A arte de morrer (visões plurais). São Paulo. Comenius. 2007;
KARDEC. Allan. O livro dos Espíritos. São Paulo. LAKE. 2014;
_____________ Revista espírita. Brasília. FEB. 2004.


(*) blogueiro e expositor espírita.


Comentários

  1. Olha você levantou o véu!
    Parabéns!
    A doutrina é esclarecedora!

    Márcia

    ResponderExcluir
  2. Esse artigo está rico de informações.
    São dados que eu desconhecia e que 99,9% (eu presumo) das pessoas que conheço, inclusive os católicos, também desconhecem.
    Informações apresentadas de uma forma coerente.
    Todo espírita... aliás... toda pessoa que se interesse pela espiritualidade humana deveria ler esta página.
    Vou enviá-lo para meus contatos.
    UM LEITOR

    ResponderExcluir
  3. Francisco Castro de Sousa2 de setembro de 2015 às 13:39

    Muito bom e muito bem fundamentado o seu texto Jorge Luiz, penso que trará muita luz para os estudiosos da Doutrina Espírita que poderão aprofundar ainda mais o texto que você publica. Da minha parte, apenas discordo que o Espiritismo ser considerado uma religião como qualquer outra se deva aos católicos. São os Espíritas que adotaram os 4 Evangelhos de Roustaing que introduziram essa visão no Brasil, visão essa que levou o nosso querido Dr. Bezerra a trabalhar. pela união dessas duas correntes no da Federação Espírita Brasileira, que ainda hoje mantém em suas reuniões essas duas visões: Kardec e Roustaing

    ResponderExcluir
  4. Verdades presentes em acordo com aos desígnios de Deus. Para entender...Estude o Espiritismo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ESPÍRITAS: PENSAR? PRA QUÊ?

           Por Marcelo Henrique O que o movimento espírita precisa, urgentemente, constatar e vivenciar é a diversidade de pensamento, a pluralidade de opiniões e a alteridade na convivência entre os que pensam – ainda que em pequenos pontos – diferentemente. Não há uma única “forma” de pensar espírita, tampouco uma única maneira de “ver e entender” o Espiritismo. *** Você pensa? A pergunta pode soar curiosa e provocar certa repulsa, de início. Afinal, nosso cérebro trabalha o tempo todo, envolto das pequenas às grandes realizações do dia a dia. Mesmo nas questões mais rotineiras, como cuidar da higiene pessoal, alimentar-se, percorrer o caminho da casa para o trabalho e vice-versa, dizemos que nossa inteligência se manifesta, pois a máquina cerebral está em constante atividade. E, ao que parece, quando surgem situações imprevistas ou adversas, é justamente neste momento em que os nossos neurônios são fortemente provocados e a nossa bagagem espiri...

POR QUE SOMOS CEGOS DIANTE DO ÓBVIO?

  Por Maurício Zanolini Em 2008, a crise financeira causada pelo descontrole do mercado imobiliário, especialmente nos Estados Unidos (mas com papéis espalhados pelo mundo todo), não foi prevista pelos analistas do Banco Central Norte Americano (Federal Reserve). Alan Greenspan, o então presidente da instituição, veio a público depois da desastrosa quebra do mercado financeiro, e declarou que ninguém poderia ter previsto aquela crise, que era inimaginável que algo assim aconteceria, uma total surpresa. O que ninguém lembra é que entre 2004 e 2007 o valor dos imóveis nos EUA mais que dobraram e que vários analistas viam nisso uma bolha. Mas se os indícios do problema eram claros, por que todos os avisos foram ignorados?

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

PROGRESSO - LEI FATAL DO UNIVERSO

    Por Doris Gandres Atualmente, caminhamos todos como que receosos, vacilantes, temendo que o próximo passo nos precipite, como indivíduos e como nação, num precipício escuro e profundo, de onde teremos imensa dificuldade de sair, como tantas vezes já aconteceu no decorrer da história da humanidade... A cada conversação, ou se percebe o medo ou a revolta. E ambos são fortes condutores à rebeldia, a reações impulsivas e intempestivas, em muitas ocasiões e em muitos aspectos, em geral, desastrosas...

"FOGO FÁTUO" E "DUPLO ETÉRICO" - O QUE É ISSO?

  Um amigo indagou-me o que era “fogo fátuo” e “duplo etérico”. Respondi-lhe que uma das opiniões que se defende sobre o “fogo fátuo”, acena para a emanação “ectoplásmica” de um cadáver que, à noite ou no escuro, é visível, pela luminosidade provocada com a queima do fósforo “ectoplásmico” em presença do oxigênio atmosférico. Essa tese tenta demonstrar que um “cadáver” de um animal pode liberar “ectoplasma”. Outra explicação encontramos no dicionarista laico, definindo o “fogo fátuo” como uma fosforescência produzida por emanações de gases dos cadáveres em putrefação[1], ou uma labareda tênue e fugidia produzida pela combustão espontânea do metano e de outros gases inflamáveis que se evola dos pântanos e dos lugares onde se encontram matérias animais em decomposição. Ou, ainda, a inflamação espontânea do gás dos pântanos (fosfina), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente.

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...