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COMO DIFERENCIAR DELÍRIOS DE ALUCINAÇÕES - FENÔMENOS MEDIÚNICOS - FINAL



 
Características marcantes dos delírios

    a) Perda do juízo da realidade por parte do sujeito;

    b) Ausência da consciência da sua própria enfermidade;

    c) Firme convicção do sujeito da veracidade (objetividade) de suas ideias;

    d) Não modificáveis nem pela experiência, nem por conclusões irrefutáveis;

    e) Incorporados à personalidade;

    f) Incorrigíveis, porque a convicção anormal se assenta sobre um transtorno da personalidade;

    g) Apresentam-se como uma forma de pensamento desassociado e autista;

    h) Como se constitui uma alteração patológica do conteúdo do pensamento, proveniente de quadro que pode comprometer o sujeito como uma unidade, o resto dos processos do pensamento pode ser afetado (desagregação delirante).



Características marcantes das alucinações

    a) São percepções sem um estímulo externo, emancipadas de todas as variáveis que podem acompanhar os estímulos ambientais;

    b) Convicção inabalável do sujeito em relação ao objeto alucinado;

    c) O objeto alucinado, muitas vezes, é percebido com maior nitidez que os objetos reais de fato;

    d) Podem se manifestar através de qualquer um dos cinco sentidos, sendo as mais frequentes as auditivas e visuais;

    e) O envolvimento psíquico é mais contundente e de caráter mais mórbido do que nas ilusões.


Características fundamentais do fenômeno mediúnico

    a) Na grande maioria das manifestações não há perda do juízo da realidade e, quando isto acontece, é prova de um comprometimento do sensitivo, que necessita de algum tipo de ajuda especializada, sem descaracterizar a existência da sensibilidade mediúnica;

    b) O comportamento do médium, no geral, segue os parâmetros da normalidade, reconhecendo a realidade do fenômeno e sua origem, dentro das suas crenças. Isso pode ser confirmado pelo trabalho do Dr. Alexander Moreira, que estudou 115 médiuns espíritas escolhidos aleatoriamente em instituições kardecistas da cidade de São Paulo, tendo verificado que eles “evidenciaram alto nível socioeducacional, baixa prevalência de transtornos psiquiátricos menores e razoável adequação social. A mediunidade provavelmente se constitui numa vivência diferente do transtorno de identidade dissociativa. A maioria teve o início de suas manifestações mediúnicas na infância, e estas, atualmente, se caracterizam por vivências de influência ou alucinatórias, que não necessariamente implicam num diagnóstico de esquizofrenia”. “Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas” Almeida, Alexander Moreira de – Tese de Doutorado em Psiquiatria – USP. 2005.

    c) É capaz de ocorrer o questionamento do sensitivo, em especial, sob o aspecto do conteúdo apresentado e se relaciona diretamente com suas crenças religiosas;

    d) Não é parte da personalidade do médium, mas os conteúdos morais e as experiências podem modificar positivamente a vida afetiva e os comportamentos do sensitivo. No entanto, nos processos obsessivos podem apresentar sérias semelhanças com os quadros patológicos, necessitando da intervenção de profissionais especializados para diferenciar uma de outra situação;

    e) A grande maioria dos sensitivos não apresenta transtornos importantes da personalidade e fora do fenômeno tem uma vida comum, cumprindo os papéis fundamentais dentro da sociedade;

    f) O conteúdo das manifestações não tem caráter dissociativo ou autista; geralmente, são congruentes com a realidade e, algumas vezes, trazem revelações que podem ser confirmadas por terceiros, desconhecidas dos sensitivos. Os quadros não são constantes na vida da criatura, o que não impede que o médium tenha um cotidiano semelhante ao da maioria das pessoas;

    g) Por não se constituírem manifestações patológicas não geram um comprometimento da vida social do médium, nem causam uma desagregação interna do indivíduo.


Desse modo pode-se resumidamente identificar alguns elementos para diferenciar os fenômenos delirantes-alucinatórios das manifestações mediúnicas:

– Características do fenômeno

    Os quadros patológicos são acompanhados de uma sintomatologia mais ampla do que a presença de delírios e alucinações, na maioria das vezes. Deve ser avaliada toda a história do indivíduo, que quase sempre já apresentava sinais de alterações emocionais. É muito comum a presença de quadros semelhantes nos familiares mais próximos, podendo ser induzidos por doenças orgânicas ou traumatismos e pelo uso de substâncias químicas. Entretanto, alguns casos de eclosão mediúnica, em especial, com a interferência de obsessores podem assemelhar-se ou serem induzidos por psicotrópicos que levam aos ECAs.

    O caso é que os portadores de transtornos mentais não darão sinais de evidente melhora ou cessação dos sintomas com apenas a interferência no campo espiritual. No entanto, os fenômenos mediúnicos podem ser reprimidos com a medicação antipsicótica, que bloqueia as mesmas vias de manifestação cerebral, como citado anteriormente, dando a impressão de uma patologia psiquiátrica. A observação não pode ser restrita ao fenômeno; é preciso uma leitura completa da história pessoal e um acompanhamento da evolução do caso. Quando o fenômeno se apresenta em médiuns já desenvolvidos, mesmo se suas características são semelhantes a processos psicóticos, poder-se-á fazer com clareza a diferença entre a conduta anterior e posterior do sensitivo em sua vida particular.

– Conteúdo da fenomenologia

    Uma questão fundamental para a diferenciação dos fenômenos são os seus conteúdos. Geralmente, as informações na mediunidade são pautadas por maior coerência, revelando dados desconhecidos pelos médiuns, os quais identificam as entidades espirituais que podem ser confirmadas pelas pessoas ligadas a esses processos.

    Ainda aqui os fenômenos medianímicos nem sempre apresentam dados bastante claros: a presença de processos de vingança espiritual, por exemplo, pode levar a confusão com os delírios persecutórios. Entretanto, essa perseguição não é necessariamente dirigida para o medianeiro, como nos casos delirantes, cujo conteúdo é auto-referencial.

    Também não é comum que as alucinações tenham expressões de beleza e elevado teor moral, diferindo das manifestações de entidades superiores.

    Deve ser lembrado nessa situação, como em outros casos, as manifestações histéricas, de profundo colorido anímico, presas aos conteúdos e histórias pessoais, as quais poderão ser identificadas ao ser avaliada a vida do indivíduo em sua totalidade. Isso é dificultado por uma observação comum: a de que muitos sensitivos apresentam tonalidade histérica em sua expressão diária, sejam quais forem os aspectos do relacionamento.

– Personalidade e estado psicológico do medianeiro

    As manifestações patológicas estão associadas a uma estrutura emocional doentia. Desse modo, os indivíduos doentes têm um comprometimento geral em seu comportamento e afetividade, diferindo dos médiuns que, fora do fenômeno, são criaturas com uma vida de relação pautada dentro de parâmetros de normalidade.

    Grande dificuldade apresentam os casos patológicos associados à presença de sensibilidade mediúnica. Ou seja, os portadores de transtornos mentais que também são médiuns. Para diagnosticá-los é fundamental a presença de um profissional especializado que tenha conhecimento espiritual, em especial o espírita. Para chegar a esta conclusão é necessário, muitas vezes, um acompanhamento do sujeito por um tempo maior. De toda forma, a orientação precisa seria a da interrupção de quaisquer estímulos à mediunidade, cuidando do aspecto médico até que se tenha certeza de outras formas de orientação para o caso.

    O uso de antipsicóticos inibirá tanto as alucinações e delírios quanto os fenômenos mediúnicos, causando maiores dúvidas para o diagnóstico. Nesses casos a orientação espiritual através de médiuns sérios e experientes poderá servir como mais um elemento para a diferenciação. É preciso ter o cuidado com posicionamentos extremados e fanatizados de ambos os lados (médico e espiritualista), tendenciosos, a observarem os quadros apenas por um ponto de vista.

– Evolução do fenômeno na vida do sensitivo

    Um fator importante é a diferenciação na evolução do sujeito. Em geral a fenomenologia mediúnica não é antecedida de sintomas psicopatológicos graves, nem de distúrbios de caráter acentuados, embora isso possa acontecer em certos casos. O que geralmente se observa são expressões de maior sensibilidade emocional nos relacionamentos, com mudanças súbitas de humor e comportamento, com volta à normalidade em curto espaço de tempo, também presente em alguns processos psiquiátricos.

    Nas obsessões graves, porém, a influência de uma entidade espiritual doente sobre o medianeiro pode dar o aspecto de um quadro psiquiátrico. Será necessária a intervenção médica para observar a evolução do quadro, o que, diante dos cuidados espirituais, geralmente não deixará sequelas. As informações mediúnicas sérias poderão facilitar esse diagnóstico, mas não deverão partir de apenas um sensitivo, como já orientava Allan Kardec.

    Com o desenvolvimento mediúnico, os distúrbios emocionais deverão cessar e as manifestações se restringirão aos momentos de transe. A situação do medianeiro tenderá ao normal na maioria das criaturas, com o despertamento para os aspectos éticos. Toda a postura estará pautada dentro de uma crença específica. No entanto, não se pode esquecer que existem sensitivos voltados para a prática do mal ou ligados ao ganho material através do dom que possuem. A experiência tem mostrado que na maioria das vezes esses médiuns caminham para uma derrocada moral ou para o adoecimento, como efeito de uma ligação mental com energias tóxicas.

    A maior parte dos processos psicóticos que envolvem as alucinações e delírios, tem um prognóstico reservado, com repercussão ruim e extensa na vida do paciente, necessitando do uso da medicação por longos períodos ou até mesmo pela vida inteira.

– Exames laboratoriais

    Há muito que ser pesquisado e compreendido no que se refere ao funcionamento cerebral. Os estudos dos estados místicos mostram a realidade positiva dos seus efeitos na vida do ser, mas não comprovam sua realidade no aspecto da transcendência. Como foi citado anteriormente, as áreas da visão real, do imaginar uma cena ou das chamadas visões espirituais são as mesmas. Alguns trabalhos científicos citam que o que as diferenciaria seria a intensidade do fluxo das reações aos estímulos. Isso, no entanto, exige maiores estudos e pode ser questionado por aqueles que já conseguem apreender a realidade espiritual.

    Existem estudos ligados à glândula pineal que buscam distinguir os processos de cristalização, relacionando-os com alguns tipos de mediunidade; entretanto, esses ainda são preliminares e estão no campo das hipóteses.

    Sabe-se hoje que os ECAs são realidade, mas não há aceitação de sua relação direta com as chamadas interferências espirituais, ou seja, questiona-se o verdadeiro móvel desses estados.

    Uma crítica importante a este tipo de pesquisa é semelhante àquela que busca compreender os mecanismos cerebrais durante o ato sexual. A presença de observadores, o uso de aparelhos e a necessidade de um ambiente favorável à pesquisa (nem sempre favorável ao fenômeno) podem inibir a sensibilidade ou causar interferência de tal grau, a ponto de comprometer os resultados.

    Outras observações envolveriam níveis de determinadas substâncias durante o processo mediúnico, tais como a melatonina, a dopamina e a adrenalina. Certamente, pelos dados aqui relatados – em especial no que concerne às teorias – essas substâncias são participantes da fenomenologia na sua expressão física. Entretanto, também, os quadros patológicos apresentam alterações dessas substâncias e de forma particular da dopamina.

    Todo esse processo será móvel de observações mais rigorosas, com levantamento de dados mais precisos, e em futuro próximo facilitará o reconhecimento da realidade da mediunidade. O certo é que dia-a-dia as pesquisas científicas estão oferecendo parâmetros, os quais têm referendado as informações já noticiadas no campo espiritual, em especial, do Espiritismo.



Bibliografia

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– Carter, Rita. “O Livro de Ouro da Mente”. Ediouro. 2ª edição. RJ. 2002.

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– Denis, Léon. “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”. FEB.

– Xavier, Francisco C. (pelo Espírito Emmanuel). Pensamento e Vida. 4ª edição. RJ. 1975.

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– Textos extraídos da PSIQWEB, pela Internet.



Fonte: http://www.amemg.com.br/2012/02/03/como-diferenciar-delirios-e-alucinacoes-%E2%80%93-fenomenos-mediunicos/ - 3 fevereiro, 2012

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