Pular para o conteúdo principal

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

 


6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?

 

Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

 

7. E eles se correspondiam muito?

 

Sim, bastante, quase diariamente.

Então eu comecei a ler, sob intensa emoção, pela importância dos conteúdos nos textos do Chico. É preciso esclarecer que, ao escrever, notei que deveria fazer uma seleção das cartas, assim, no livro consta uma parte, a maior parte, porque ficaria grande demais e poderia ser repetitivo também. Nessa época comecei a ir ao Chico com muita frequência, porque, quando o Presidente da FEB, o Francisco Thiesen, me convidou e expôs qual era o programa, eu disse para ele assim: “Bem, mas eu preciso, primeiro, ir ao Chico para pedir permissão, por que é a correspondência, é uma correspondência particular.” Embora tenha ali muitos ensinamentos contidos em todos aqueles momentos em que ele escrevia para Wantuil de Freitas, eu gostaria então de ir lá para primeiro, pedir permissão.

 

8. Seria correto dizer que o Chico nunca pensou que essas cartas iriam a público?

 

Sim, é correto. É certo, porque ao saber que iria ser condensado em um livro o teor das cartas que enviara a Wantuil – logicamente a parte doutrinária, que tivemos o cuidado de selecionar –, Chico foi logo dizendo que elas não teriam nada que tivesse valor suficiente para constar de um livro. Mas insistimos, até o momento em que ele disse: “Bem, se a FEB crê que as cartas têm algum valor, então estou de acordo e dou a permissão.” Marquei uma data, através do Eurípedes 6, e fui, com amigos.

 

9. Ele achava que não tinha importância?

 

É, ele não achou importante. Dizia que não tinha valor algum doutrinariamente falando. Esclareci para ele o que tinha sido selecionado, e que não ia expor tudo, apenas o que era a parte doutrinária, evitando qualquer coisa pessoal, que eu achasse que não seria oportuno. Não que fosse inconveniente, porque ele não fala nada inconveniente, é se não fosse oportuno. Ele deu a permissão ali naquele momento, mas depois a FEB enviou um documento, porque tinha que fazer isso, então, tem um documento com assinatura do Chico permitindo que as cartas dele fossem divulgadas, fossem tornadas públicas. Em decorrência, eu fui algumas vezes em Uberaba.

Demorei a escrever esse livro porque, com quatro filhos e muitas dificuldades, eu fazia tortas doces, tortas salgadas, bolos de aniversário por encomenda. Quando terminei de fazer os comentários da correspondência, marquei uma data especial, antes de entregar os originais à FEB, para que Chico visse o meu trabalho e aprovasse, dando, assim, a permissão daquilo também que eu estava abordando, comentando.

 

10. Sim, para saber se estava de acordo, não é?

 

Mas, para minha surpresa, Chico marcou para fazer a leitura na casa dele, no horário de 20h. Nós fomos cedo e depois desse horário já estávamos na porta da casa dele, que nos recebeu carinhosamente. Entramos e ele nos levou para a sala, onde foi feita a leitura.

Em meio a muita emoção, sentamo-nos ao lado dele. Inicialmente expliquei como havia estruturado o livro. Foi uma coisa tão interessante, porque ele leu a primeira carta, e lia em voz alta! Ele ficou até mais de meia-noite lendo em voz alta. Acredita uma coisa dessa? Eu falava com ele: “Chico, quer que eu leia um pouco?” – “Não, pode deixar, que eu estou indo bem” e tal, mas ele começou a ler... ele lia o texto dele, depois é que ele relatava esse momento da carta, explicando o porquê de ter escrito isso, o que tinha acontecido, sem ler o meu comentário! Em seguida, ao ler meu comentário, quando ia lendo, ele se admirava, e dizia: “Suely, é como se você soubesse qual era o assunto!” Porque o meu comentário ele espraiava mais, se expandia, foi quando, então, ele falou que o próprio Dr. Wantuil estava me inspirando. E ele foi lendo, foi lendo, foi lendo, em sequência, quando já era perto da meia-noite, eu falei assim: “Chico, deixa eu ler um pouco para você.” Mas ele fazia questão, só depois começou a saltear os capítulos, antes ele estava indo na sequência. Eu tenho até foto disso, entendeu? Se você quiser, a gente ... é uma fotozinha (imagem na abertura), muito simples em preto e branco, né?

Então, ele ali lendo e sempre falando: “Mas, é incrível como você conseguiu captar o que era o assunto!” Eu fiquei muito feliz com isso e, depois da meia-noite e tanto, ele aprovou. Falou: “Olha, não preciso nem ver o resto!” Não chegou a ver ... mais ou menos uns 30% ele não viu.

 

11. Quando lemos Testemunhos de Chico Xavier, nos parece que o Chico, em alguns momentos, demonstrava tristeza por causa do assédio negativo que, às vezes, as pessoas ofereciam. Essa leitura é correta? Ele sentia tristeza com essas pessoas, ele lamentava? Como era essa relação com essa pressão que faziam em cima dele?

 

Olha, na verdade, naquela época, ele falava um pouco sim, e a gente notava, vamos dizer, uma compreensão daquilo que estava acontecendo. Isso era próprio dele, aquela ideia que o assédio negativo, ou uma perseguição, ou uma calúnia, eram de pessoas que estavam doentes. Quem faz um uma calúnia, o caluniador, é uma pessoa doente, que precisa de prece, que ... ele nunca passou disso.

 

12. Mas isso o entristecia? Ele demonstrava tristeza por isso?

 

Eu notava uma certa tristeza, mas o convívio era rápido. Por mais que eu fosse várias vezes, eram poucos minutos porque, às vezes, tinha fila. Por isso que, no dia que ele foi ler, vamos dizer, os originais, ele pediu para ser na casa dele, porque ficava bem tranquilo, bem sossegado. Não é? Então, eu senti que ele queria ver como eu havia abordado. Eu levei para que ele pudesse tomar conhecimento da obra.

 

13. Na nossa pesquisa, estou tentando classificar se podemos dizer que o Chico Xavier era um místico, não no sentido do misticismo, daquela coisa que Kardec condena na sua obra, mas uma mística do coração, aquela coisa, por exemplo, que se tem em Teresa D'Ávila, São João da Cruz, Inácio de Loyola, Albert Schweitzer, que eram pessoas que são consideradas hoje grandes místicos por causa desse amor, dessa pureza do coração, de dedicação do próximo, etc. ... A senhora, do seu ponto de vista pessoal, acha que ele pode ser comparável a esses místicos? Ele seria um místico?

 

Não! Não acho não, porque, se colocar místico, muda o sentido da coisa, ele é um missionário. É diferente, não é? Místicos são esses outros, agora, se você colocar o Chico dentro dessa qualificação de místico, pode atrapalhar a imagem dele e da imensa e notável obra que realizou, porque ele não era um místico! Ele é um missionário. E a doutrina espírita, dentro da sua racionalidade... Que a doutrina é muito racional, não é?... Nós não temos isso de misticismo, assim. Agora as pessoas poderiam até, ao se aproximar dele, tendo essa noção que ele poderia ter uma coisa assim transcendental, diferente, né? Mas, na verdade, ele próprio e o meio espírita também não. Ele não é um místico, viu! A gente não qualificaria assim.

 

14. Quando a senhora conversou com ele a respeito do livro, ele relacionava as leituras que fazia?

 

Ele citou se gostava de um determinado autor que ele gostava de ler de uma forma particular?

Não, eu lembro, sempre, o tempo todo ele falando de Emmanuel7! Emmanuel fala isso, Emmanuel fala aquilo, ele deve ter falado... Mas estou lembrando que de Kardec ele falava muito. Ele citava Kardec, especialmente o Evangelho Segundo o Espiritismo (KARDEC, 2013) e O Livro dos Espíritos (KARDEC, 2008), mas especialmente o Evangelho Segundo o Espiritismo, as citações.

Estar com Chico Xavier era um aprendizado muito grande. Certa vez, eu participei de um trabalho muito belo que ele fazia. Consistia numa visita às pessoas mais necessitadas, à noite, e era chamado de peregrinação. Eu fui convidada para participar também, eram só umas quatro ou cinco pessoas com ele, e chamou uma outra senhora (que está ainda encarnada, ela deve ter hoje 90 e tantos anos, ela mora em Ipanema, no Rio de Janeiro). Ela era de um centro espírita de Ipanema, creio que é a Benildes. Então ele chamou, eu não a conhecia, e ele chamou a Benildes e deu o braço a nós duas. A gente ia caminhando, porque não havia propriamente uma estradinha, via-se um caminhozinho, entendeu? Ali no meio do mato, entrava ali. Fomos caminhando... tinha uma certa... a iluminação... não era totalmente escuro, né? E então nós fomos. Chegamos ao local, que não era muito longe. Chegamos ao local, uma casinha muito humilde. Chico vai, faz prece, conversa com a pessoa. Isso é muito lindo. Ele fez isso muitos anos, chamava de peregrinação. Eu tive a felicidade de ir e assistir a isso. Então ele fazia uma prece, é como que aplicava o passe, passava a mão na cabeça da pessoa, fazia um carinho assim nos ombros. Era um passe, né?! Então fazia prece e depois, antes de sair, colocava um trocadinho num cantinho, assim, sabe?... e colocava um dinheirinho também. Assim... eu nunca soube quanto, mas era alguma coisa que ele colocava ali, entendeu?

 

 

Notas

5 Antônio Wantuil de Freitas (1895 - 1974) foi um farmacêutico brasileiro. Foi presidente da Federação Espírita Brasileira de 1943 a 1970.

6 A entrevistada se refere à Eurípedes Humberto Higino dos Reis que se autointitula filho adotivo de Chico Xavier. (sua adoção não foi reconhecida pela 1ª vara de família de Uberaba. Disponível em: https://www.rotajuridica.com.br/euripedes-humberto-higino-dos-reis-nao-consegue-ser-reconhecido-como-filho-de-chico-xavier. Acesso em: 05 mar. 2021).

7 Emmanuel, segundo Chico Xavier, seria o nome do seu mentor espiritual, que o acompanharia desde 1931 orientando-o em sua missão. (SOUTO MAIOR, 2003, p. 43).

 

REFERÊNCIAS

EMMANUEL (Espírito). Há 2000 anos... Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996.

EMMANUEL (Espírito). Paulo e Estevão. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 45. ed. Brasília: FEB, 2020.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 91 ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2008.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. Brasília: FEB, 2013.

SCHUBERT, Suely Caldas. O semeador de estrelas. Salvador: Livraria Espírita Alvorada, 1989.

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunho de Chico Xavier. 4. ed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2010.

SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e Terapêutica Espíritas. 13. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999.

SCHUBERT, Suely Caldas. Divaldo Franco: uma vida com os Espíritos. Salvador: Leal, 2006a.

SCHUBERT, Suely Caldas. Transtornos Mentais: uma leitura Espírita. Belo Horizonte: Minas Editora, 2006b.

SCHUBERT, Suely Caldas. Os poderes da mente. 3. ed. São Paulo: EBM Editora, 2010.

SCHUBERT, Suely Caldas. Dimensões espirituais do Centro Espírita. 2. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2012.

SOUTO MAIOR, Marcel. As vidas de Chico Xavier. São Paulo: Planeta, 2003.

XAVIER, Francisco Cândido. Chico Xavier no Pinga Fogo. São Paulo: Edicel, 1984.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

09.10 - O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

            Por Jorge Luiz     “Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)                    Cento e sessenta e quatro anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outr...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

A CULPA É DA JUVENTUDE?

    Por Ana Cláudia Laurindo Para os jovens deste tempo as expectativas de sucesso individual são consideradas remotas, mas não são para todos os jovens. A camada privilegiada segue assessorada por benefícios familiares, de nome, de casta, de herança política mantenedora de antigos ricos e geradora de novos ricos, no Brasil.

ÚLTIMAS INSTRUÇÕES DE ALLAN KARDEC AOS ESPÍRITAS(*)

“Caro e venerado   Mestre, estais aqui presente, conquanto invisível para nós. Desde a vossa partida tendes sido para todos um protetor a mais, uma luz segura, e as falanges do espaço foram acrescidas de um trabalhador infatigável.” (Trecho do discurso de abertura da Sessão Anual Comemorativa aos Mortos de novembro 1869 – Revista Espírita – dez/1869)   Por Jorge Luiz   O discurso de Allan Kardec, proferido na sessão anual da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas - SPEE, comemorativa aos mortos, em 1º de novembro de 1868, "O Espiritismo é uma Religião?" (leia aqui) - Revista Espírita, novembro de 1868 - contêm 3.881 palavras. Nele, Kardec discorre sobre a comunhão de pensamentos, as dimensões da caridade, o verdadeiro sentido de religião e sobre a crença espírita. Foi seu último discurso, pois cinco meses depois ocorre a sua desencarnação. Soa, portanto, como as últimas instruções aos espíritas, da mesma forma que Jesus as realizou aos...

O MOVIMENTO ESPÍRITA MUNDIAL É HOJE MAIS AMPLO E COMPLEXO, MAS NÃO É UM MUNDO CAÓTICO DE UMA DOUTRINA DESPEDAÇADA*

    Por Wilson Garcia Vivemos, sem dúvida, a fase do aperfeiçoamento do Espiritismo. Após sua aurora no século XIX e do esforço de sistematização realizado por Allan Kardec, coube às gerações seguintes não apenas preservar a herança recebida, mas também ampliá-la, revendo equívocos e incorporando novos horizontes de reflexão. Nosso tempo é marcado pela aceleração do conhecimento humano e pela expansão dos meios de comunicação. Nesse cenário, o Espiritismo encontra uma dupla tarefa: de um lado, retornar às fontes genuínas do pensamento kardequiano, revendo interpretações imprecisas e sedimentações religiosas que se afastaram de seu caráter filosófico-científico; de outro, abrir-se à interlocução com as descobertas contemporâneas da ciência e com os debates atuais da filosofia e da espiritualidade, como o fez com as fontes que geraram as obras clássicas do espiritismo, no pós-Kardec.

PRÓXIMOS E DISTANTES

  Por Marcelo Henrique     Pense no trabalho que você realiza na Instituição Espírita com a qual mantém laços de afinidade. Recorde todos aqueles momentos em que, desinteressadamente, você deixou seus afazeres particulares, para realizar algo em prol dos outros – e, consequentemente, para si mesmo. Compute todas aquelas horas que você privou seus familiares e amigos mais diletos da convivência com você, por causa desta ou daquela atividade no Centro. Ainda assim, rememore quantas vezes você deixou seu bairro, sua cidade, e até seu estado ou país, para realizar alguma atividade espírita, a bem do ideal que abraçaste... Pois bem, foram vários os momentos de serviço, na messe do Senhor, não é mesmo? Quanta alegria experimentada, quanta gente nova que você conheceu, quantos “amigos” você cativou, não é assim?

JESUS E A QUESTÃO SOCIAL

              Por Jorge Luiz                       A Pobreza como Questão Social Para Hanna Arendt, filósofa alemã, uma das mais influentes do século XXI, aquilo que se convencionou chamar no século XVII de questão social, é um eufemismo para aquilo que seria mais fácil e compreensível se denominar de pobreza. A pobreza, para ela, é mais do que privação, é um estado de carência constante e miséria aguda cuja ignomínia consiste em sua força desumanizadora; a pobreza é sórdida porque coloca os homens sob o ditame absoluto de seus corpos, isto é, sob o ditame absoluto da necessidade que todos os homens conhecem pela mais íntima experiência e fora de qualquer especulação (Arendt, 1963).              A pobreza é uma das principais contradições do capitalismo e tem a sua origem na exploração do trabalho e na acumulação do capital.

TRAPALHADAS "ESPÍRITAS" - ROLAM AS PEDRAS

  Por Marcelo Teixeira Pensei muito antes de escrever as linhas a seguir. Fiquei com receio de ser levado à conta de um arrogante fazendo troça da fé alheia. Minha intenção não é essa. Muito do que vou narrar neste e nos próximos episódios talvez soe engraçado. Meu objetivo, no entanto, é chamar atenção para a necessidade de estudarmos Kardec. Alguns locais e situações que citarei não se dizem espíritas, mas espiritualistas ou ecléticos. Por isso, é importante que eu diga que também não estou dizendo que eles estão errados e que o movimento espírita, do qual faço parte, é que está certo. Seria muita presunção de minha parte. Mesmo porque, pelo que me foi passado, todos primam pela boa intenção. E isso é o que vale.

DEMOCRACIA SEM ORIENTAÇÃO CRISTÃ?

  Por Orson P. Carrara Afirma o nobre Emmanuel em seu livro Sentinelas da luz (psicografia de Chico Xavier e edição conjunta CEU/ FEB), no capítulo 8 – Nas convulsões do século XX, que democracia sem orientação cristã não pode conduzir-nos à concórdia desejada. Grifos são meus, face à atualidade da afirmação. Há que se ressaltar que o livro tem Prefácio de 1990, poucas décadas após a Segunda Guerra e, como pode identificar o leitor, refere-se ao século passado, mas a atualidade do texto impressiona, face a uma realidade que se repete. O livro reúne uma seleção de mensagens, a maioria de Emmanuel.