Por Mário Portela
Como? Como percorrer as veredas da vida, cultivando pensamentos soltos e distantes da realidade? Em um mundo cada vez mais caótico, vago aturdido pelos campos das ilusões, onde os contos de fada inebriam minha alma, sedenta por paz. Ingênuo e imaturo, construo um hiato entre o pensar e o agir e acabo, como todos, preocupado, tão somente, em vencer a corrida alucinada pela sobrevivência, ladrilhando minha rua sob a lógica infantil e desconectada da vida. O colapso total dos padrões morais, até então considerados como irrevogáveis, ruíram ante aos golpes certeiros de um individualismo progressivamente mais crescente. A cada esquina, fome e miséria forjam uma paisagem cada vez mais invisibilizada; em cada canto, o desencanto enche as redes sociais de sorrisos cristalizados em imagens falsas e alegrias voláteis.