Pular para o conteúdo principal

REENCARNAÇÃO "NASCENDO DE NOVO"

 


Na calada da noite, um erudito judeu procurou o Mestre Jesus e dele recebeu lições profundas a respeito da doutrina reencarnacionista. Disse-lhe o Cristo: “Em verdade, em verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo” (1).

O fariseu Nicodemos, membro influente do famoso Sinédrio (Conselho Supremo dos Judeus), no decorrer do diálogo com o Mestre, recebeu informações valiosas relativas ao fenômeno palingenésico, recebendo, de pronto, do próprio Jesus, tudo que necessitava para a compreensão do tema.

Cientistas pesquisando a reencarnação

O oposto aconteceu com o cientista Albert de Rochas, pois o conhecimento da presença insofismável do processo reencarnatório se verificou, através de pesquisas realizadas por ele, induzindo seus pacientes à regressão involuntária, relatando, não somente a vivência de fatos de infância, como, até mesmo, a recordação de ocorrências verificadas, no período embrionário-fetal, no cadinho uterino.

A partir daí, Albert de Rochas incrementou suas pesquisas, aprofundando suas intervenções, fazendo com que os pacientes retrocedessem, além do ventre materno, e relatassem suas encarnações pretéritas, sendo algumas delas comprovadas como reais. Em seu livro, intitulado As Vidas Sucessivas, como pioneiro, na área da regressão, deixou gravados os fundamentos dessa novel abordagem científica, descrevendo casos interessantíssimos. A leitura dessa obra, certamente, enriquecerá os nossos leitores, no tocante à inevitável comprovação científica da reencarnação.

Outro ser que evidenciou a doutrina do “nascer de novo” por seus próprios méritos foi o Dr. Denys Kelsey. Formou-se médico e se tornou membro do muito conhecido “Royal College of Physicians, de Londres. Exerceu a clínica, antes da prática psiquiátrica. Certa feita, um colega de trabalho, vitimado pela influenza, recebendo a licença-médica, deixou seu cargo aberto e o Dr. Kelsey foi convocado a acumular suas funções igualmente na ala da psiquiatria. Assim foi dada a partida para, inesperadamente, diante do nevoeiro de incredulidade, visualizar uma área livre, onde constatou a presença do espírito que preexiste à vida física, sobrevive à morte do corpo e retorna às paragens terrestres, “nascendo de novo”.

Como aconteceu? Já na noite inicial de trabalho, junto aos pacientes psiquiátricos, hipnotizou uma pessoa agitadíssima, contida por dois enfermeiros e constatou a legitimidade desse processo, recurso técnico capaz de atuar no tratamento de pessoas com problemas físicos e psicológicos, e assim, paulatinamente, abordava seus doentes. No decorrer do exercício hipnótico mais profundo chegou à certeza da palingenesia e enfatizou, com coragem, em sua obra Many Lifetime (Muitas Existências):

Gostaria que todos participassem de minha crença na reencarnação. Acho que isso os tornaria muito mais felizes, muito menos assustados e muito mais sadios. É ainda bastante desusado para um psiquiatra adotar essa crença e tomá-la como base da sua terapia(2).

Ter conhecimento da veracidade da palingênese, através de próprias experiências, na área científica, é diferente do indivíduo que é compelido a essa certeza no campo filosófico ou religioso.

Ao mesmo tempo, o cientista que, em suas pesquisas, logra encontrar o fenômeno palingenésico, sem o conhecimento doutrinário espírita não sabe responder às diversas questões que surgem adiante: “O que é e para que serve a reencarnação? Como acontece na área biológica o “nascer de novo”.

O profitente espírita, assaz estudioso, vibra com as conquistas científicas que comprovam o postulado da reencarnação; contudo, através do desbravamento intelectual doutrinário, aliado a conhecimento já haurido, em transatas vivências, intuitivamente, ele percebe, sente e habitua-se com a autenticidade do renascimento, isto é, a essência espiritual iniciando outro processo de vivência física, em um corpo diferente após a morte biológica.

O encontro memorável de um célebre cientista com Chico Xavier

O professor Hemendra Nath Banerjee (1931-1985), indiano e depois radicado nos EUA, pesquisou mais de mil casos que sugerem a reencarnação, sendo utilizado por ele a expressão “memória extra-cerebral”. Visitando o Brasil, foi levado, em 29 de agosto de 1971, à residência do estimado e saudoso médium Chico Xavier.

De um lado um notório bandeirante da ciência acadêmica descobridor do tesouro palingenésico, no outro, a maior antena psíquica de todos os tempos, sabendo tudo sobre a reencarnação. Certamente, o diálogo foi digno de atenção e de divulgação. Um sábio cientista, encontrando-se com um ser destituído da cultura adquirida nos bancos escolares, admira-se das informações que o valoroso sensitivo lhe concedia, porquanto o sábio indiano ali se encontrava como alguém que encontrou um valioso tesouro e não sabia avaliar a sua elevada importância.

Banerjee sabia que estava diante de um ser privilegiado e perguntou-lhe:

 – Qual é o futuro das pesquisas sobre a reencarnação?

Chico, revelando uma aparência bem simples e humilde, própria dos sábios que sabem que nada sabem, pois ainda se encontram abrigados em estâncias primárias, como as da Terra, diante do Universo, assim respondeu-lhe:

– Os espíritos acham que é do maior alcance, porque a reencarnação, quando se positivar, vai alterar toda a Psicologia, a Psiquiatria e a Psicanálise. Vemos que o mundo precisa da ideia da reencarnação (3).

Então, só podemos afirmar que assim seja.

“O nascer de novo” segundo o Espiritismo

A Doutrina Espírita tem, nesse contexto, um papel fundamental, o de colaborar nas pesquisas científicas dirigidas ao transcendentalismo, verificando suas conclusões e as explicando de forma lógica e racional, através dos ensinamentos que os benfeitores espirituais forneceram ao magnânimo codificador Allan Kardec. Em verdade, a ciência surge, apontando os mistérios do espírito, os quais terão da parte do Espiritismo a tarefa de sua decifração.

Jesus, diante de Nicodemos, disse-lhe: “Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? ” (4)

O Mestre ensinou ao erudito judeu que ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito (5). Segundo o Professor Carlos Torres Pastorino, no original grego, não há artigo antes das palavras água e espírito, estando certa a tradução como: “nascer de água” (nascer na água) e “nascer de espírito” (nascer por meio do espírito, isto é, pela reencarnação do espírito). Ficaria, então, o texto retificado, assim: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nasceu em água e em espírito, não pode entrar no reino de Deus” (6).

Notamos que o Cristo, em realidade, ministrou uma aula de Biologia ao erudito judeu, revelando-lhe a magia maravilhosa do processo de fecundação e formação do corpo somático (nascer na água) e dirigido pelo ser espiritual que reencarna (nascer por meio do Espírito).

A ciência afirma que a água faz parte da composição de nossas células, tecidos e órgãos. Um ser humano adulto tem cerca de 60% de seu corpo composto por água. No recém-nascido, essa quantidade pode atingir entre 74% e 80%. Estima-se que o embrião seja constituído de 92% de água e se encontra abrigado pelo líquido amniótico, em um saco, denominado de bolsa d’água, porquanto 99% dela é simplesmente água, mantendo o bebê quente e em segurança. Dentro desse recipiente biológico, o neném se desenvolve até chegar o momento do seu nascimento, quando acontece a ruptura da membrana protetora.

Não restam dúvidas de que o Cristo estava mesmo se referindo a um nascimento de teor científico, o que negam os dogmáticos religiosos ao afirmar, ingenuamente, que Jesus estava mencionando o ritual do batismo. Tanto foi uma revelação bombástica de qualidade superior que o próprio Mestre chamou a atenção de Nicodemos, clamando: “Você é mestre em Israel e não entende essas coisas? (7).

Allan Kardec, bem antes do Professor Pastorino, já explanava “que o que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. Jesus estabelece aí uma distinção positiva entre o Espírito e o corpo. O que é nascido da carne é carne indica claramente que só o corpo procede do corpo e que o Espírito independe deste. Segundo essa crença, a água se tornara o símbolo da natureza material, como o Espírito era o da natureza inteligente. Estas palavras: ‘Se o homem não renasce da água e do Espírito, ou em água e em Espírito’, significam pois: ‘Se o homem não renasce com seu corpo e sua alma’. É nesse sentido que a princípio as compreenderam” (8).

No decorrer do sublime diálogo, encontra-se mais um dado considerável, ressaltando que tudo que ali se verificava era bem importante, bem profundo, chegando ao ponto de Jesus mandar um recado à humanidade, através de Nicodemos, isto é, repentinamente falando a todos os homens da Terra, conjugando o verbo na 2ª pessoa do plural: “Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (9).

Assim como Jesus procedeu, unindo a ciência ao conhecimento transcendental, o mesmo se verifica com a Doutrina Espírita, porquanto, sendo “O Consolador Prometido por Jesus”, tem a sublime tarefa de estar junto com os cientistas do corpo e do espírito.

Já dizia o famoso físico Albert Einstein: "A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega".


Bibliografia

1- O Evangelho segundo João, capítulo III, versículo 3;

2- Miranda, C. Hermínio, Reencarnação e Imortalidade, edição FEB, pág. 121;

3- Rossi Severino, Paulo, Aprendendo com Chico Xavier, um exemplo de vida, Folha Espírita;

4- O Evangelho segundo João, capítulo III, versículos 11-12;

5- Idem, versículo 5;

6- Pastorino, Carlos Torres, Sabedoria do Evangelho, 1964. Volume 2, páginas 2-6;

7- O Evangelho segundo João, capítulo III, versículo 10;

8- Kardec, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo IV, 8;

9- O Evangelho segundo João, capítulo III, versículo 7.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.