sábado, 11 de dezembro de 2021

AUTO-ILUMINAÇÃO - PARAÍSO INTERIOR

 


                As luzes do conhecimento e da compreensão não têm proprietários. A iluminação não é privilégio de quem quer que seja. E a ninguém é vedado abrir a antessala de possibilidades de fazer luz em seu próprio caminho. Nesse particular é importante entender que a alquimia das expressões espirituais jamais sofre retardamento em seus mecanismos e toda nova percepção terá imediata correspondência com alteração de posicionamento.

            Não cause estranheza que Jesus, em se dirigindo àquele que é reportado como “o bom ladrão” tenha lhe dito (Lucas XXIII; 43) – “em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. O homem que parece ter vivido a sua existência em meio aos equívocos naturais da imperfeição teve um lampejo visionário. É claro que pelas leis de responsabilização de causas e efeitos ele ainda teria que resgatar os seus processos, pois isso é da lei.

            Pelo entendimento da hierarquia dos Espíritos (ver Escala Espírita – LE q. 100 a 113), aquele homem não poderia ocupar o mesmo espaço evolutivo de Jesus, tampouco ter perdoadas todas as faltas que houvesse cometido porque o perdão é uma auto conquista alcançada pela reconstrução existencial mercê das oportunidades que a reencarnação permite ao Espírito. Então, por que aquele homem estaria “hoje no paraíso” só por ter compreendido a veracidade da missão de Jesus.

            Duas questões, de O Livro dos Espíritos, vêm em socorro a essa indagação. Q. 440 – O espírito do extático penetra realmente nos mundos superiores? – Sim, ele os vê e compreende a felicidade dos que o habitam; é por isso que desejaria permanecer neles. Mas há mundos inacessíveis aos espíritos que não estão bastante depurados. Q.833 – Há no homem qualquer coisa que escape a todo o constrangimento, e pela qual ele goze de uma liberdade absoluta? – É pelo pensamento que o homem goza de uma liberdade sem limites, porque o pensamento não conhece entraves. Pode-se impedir a sua manifestação, mas não aniquilá-lo.

            O paraíso não se trata de um espaço circunscrito, senão da construção de uma visão iluminante. Um caminho que se inicia quando o Espírito percebe que estava equivocado e modifica a direção dos passos comprometendo-se em saldar os enganos. Uma certeza de poder ultrapassar todas as dificuldades porque já compreende o que vale a pena para se libertar. É o passo a passo de uma trajetória seguindo um mapa que faz sentido em cada manhã. Essa condição é revigorante apelo à vitória sobre as imperfeições.

            O processo de iluminar-se não significa tornar-se puro sem o devido esforço, o que só acontece quando se vence todas as imperfeições. Habitar o paraíso não enseja ser alçado de forma mágica ás esferas elevadas, mas estar desperto para a necessária aceitação do caminho a ser percorrido. Encontrar a iluminação e descobrir o paraíso são conquistas de quem ainda caminha entre percalços e espinhos.

            Por isso que as luzes do conhecimento e da compreensão não têm proprietários e a iluminação não é privilégio de quem quer que seja. Qualquer um pode, tal qual aquele homem que, diante de Jesus resolveu iniciar a sua nova caminhada trazendo a própria consciência as luzes do paraíso, disposto ao ato de mudar e vencer todos os obstáculos. 

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