Pular para o conteúdo principal

REFLEXÕES PARA O ANO QUE SE ANUNCIA...


 

Sinta, chega o tempo de enxugar o pranto dos homens.

Se fazendo irmão e estendendo a mão...

Venha, já é hora de acender a chama da vida

e fazer a Terra inteira feliz!

(A Paz. Homenagem a Paulinho/Roupa Nova)

 

É bem comum, a cada final de ano, pensarmos sobre o ano que finda e projetarmos expectativas, sonhos e planos para o ano vindouro. Fazer isso é bom! Afinal, pensar sobre o que fizemos, avaliar o que houve de bom e o que precisa ser melhorado pode nos ajudar a depurar nossas ações, para tentarmos ser melhores e, consequentemente, fazer um ano melhor. Santo Agostinho nos ensinou esse exame de consciência. Toda noite, ele passava o dia a limpo, observando seus atos e pensando a melhor maneira de corrigir seus erros e chegar mais perto de Deus.

Mas nós não costumamos fazer isso. Falta-nos coragem! Pensar no mal que fizemos ou no bem que deixamos de fazer, pensar até no bem praticado, é muito difícil. Exige de nós um olhar severo sobre nós mesmos, para encararmos nossos erros e falhas morais. Por isso, costumamos fugir desse exame de consciência. Por sinal, temos uma ideia equivocada de indulgência, porque usamos de indulgência para conosco e não é esta a proposta! Devemos ser indulgentes com o outro, porque não cabe a nós julgar e muito menos condenar os erros do próximo. Nós não sabemos o que o outro carrega no íntimo de sua alma, então, não temos condições de sermos justos quando decidimos julgá-lo. Além disso, não temos autoridade moral para julgar os atos de ninguém... Só podemos julgar os nossos próprios atos.

Mas, não costumamos fazer isso, porque tirar a máscara e olhar fundo em nossa alma é um processo doloroso. Dói, e muito. Mas também é o caminho para a felicidade! Porquanto, ao reconhecer nossas falhas morais, temos a chance de nos arrependermos de nossos erros, tentar repará-los, e mais! Temos a chance de não errar de novo e enveredarmos pelo caminho do bem. E por que este seria o caminho da felicidade? Porque só há felicidade em Deus e só chegamos até o Pai, pelo bem que praticamos.

Se 2019 já fora um ano conturbado, com muitos ânimos acirrados, muitas disputas, políticas e ideológicas, dividindo as pessoas, 2020 veio como um vulcão que explode e expõe as chagas do mundo inteiro; reveladas pela pandemia da covid-19. Uma doença no corpo que escancara a doença de nossas almas: o egoísmo em simbiose com o orgulho. Tivemos a oportunidade de, coletivamente, darmos um largo passo no combate a esses vícios que retardam nosso progresso. Demos?! Conseguimos avançar diante da dor? Fui solidária com todos?! Neste recapitular de nossas ações, de minhas ações, preciso pensar também até que ponto fui motivo de união ou desunião entre aqueles com quem convivo... Eis uma pergunta que me desafia, que nos desafia. Pergunta cuja resposta mais sincera será quanto mais íntima ela for. Afinal, todas as vezes em que expomos nossos feitos, escorregamos na vaidade e vestimos máscaras. Então, que cada um se pergunte e guarde consigo (e Deus!) sua resposta, avaliando o que precisa fazer para ser melhor.

O fato é que, junto com o fim do ano, um novo ano se anuncia... Imagino que, se não todos, boa parte dos presentes leitores está pensando no que quer para 2021. Certamente, são planos de felicidade! De uma felicidade particular, eu diria... Por isso, gostaria de propor um plano coletivo. UM PLANO DE FELICIDADE COLETIVA! Mas, como seria um plano de felicidade coletiva? Com esta ideia na cabeça, perguntei-me se Kardec teria deixado alguma mensagem de ano novo. Fui pesquisar e encontrei algumas referências. Entre elas, uma mensagem que ele escreveu aos espíritas de Lion: Em 1862, cinco anos após o lançamento de O Livro dos Espíritos (1857), ou seja, cinco anos do início do Espiritismo, Kardec respondeu a uma mensagem que recebera dos espíritas lioneses1.

Importante dizer que Lion era uma das cidades francesas em que o Espiritismo mais se difundia. Lá, havia uma particularidade: muitos espíritas eram operários. Prova de que, se o Espiritismo nasceu entre letrados e intelectuais, logo, se espalhou por todas as camadas sociais, porque o Espiritismo rompe as barreiras de países, de classes, étnico-raciais, ideológicas; posto ser uma doutrina universal. Da mensagem, um trecho chamou por demais minha atenção:

“Reconhecei, pois, o verdadeiro espírita pela PRÁTICA DA CARIDADE em pensamentos, palavras e atos, e dizei a vós mesmos que aquele que em sua alma nutre sentimentos de animosidade, de rancor, de ódio, de inveja e de ciúme mente para si mesmo se deseja compreender e praticar o Espiritismo.”

Caridade!

Falar de caridade no meio espírita não é novidade para ninguém. Alguns até dirão que é chover no molhado. Afinal, o lema espírita mais difundido é “Fora da caridade não há salvação”. Por sinal, na mensagem aos espíritas de Lion, Kardec lembra isso e reforça dizendo que: “Se houver fraternidade, não haverá sentimentos malévolos. Mas não pode haver fraternidade com egoístas, ambiciosos e orgulhosos, porque o egoísmo e o orgulho são os dois inimigos mortais da felicidade humana.”. E diz mais: “se estivermos apoiados nas bases da caridade, estaremos em paz. Uma paz que começará em nós e se estenderá para a vida coletiva.”.

Nada novo até aqui, embora, pouco tenhamos avançado. Por isso, pergunto:

– Como podemos ser caridosos?!

– Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo!

Eis a resposta. Por sinal, este conselho é ainda mais antigo. Jesus nos fala sobre esse amor a Deus e ao próximo há mais de dois mil anos. Mas, nós somos teimosos e seguimos sem amar.

Agora, o que isso tem a ver com nossas expectativas para 2021? Pensemos:

Costumamos depositar, nos outros, nas coisas e algumas vezes até em nós mesmos, os nossos sonhos de felicidade. Eis um erro que cometemos! Precisamos depositar nossos sonhos em Deus, da mesma forma que precisamos depositar em Deus o nosso amor. Deus é a verdade imutável. Ele é eterno, perene... Deus nunca nos deixa nem mesmo quando cometemos as maiores atrocidades e nos afastamos dele. Nem mesmo quando morremos, Deus nos deixa... Deus é o tempo todo em nossas vidas, em nós. Então, se há algo sólido em nós, esse algo é Deus. Ao apostar em Deus, temos a certeza do sucesso, da felicidade que tanto queremos.

Mas, o que significa apostar em Deus? Significa aprender a amar. Mas, como podemos amar o que não conhecemos, o que não compreendemos? Aliás, como podemos pedir ajuda, auxílio, depositar nossas esperanças em algo que não sabemos explicar?! Afinal, quem de nós sabe dizer exatamente que é Deus!

Os Espíritos nos deram uma definição de Deus tão imprecisa quanto é a linguagem humana na Terra: “Deus é a inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas.” – dizem eles em O Livro dos Espíritos2. Com esta resposta, vemos como ainda é vaga a ideia de Deus que possuímos... Não desanimemos, porém, pois os Espíritos também nos dizem:

“há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo.”3.  

Pela lei divina de Progresso, sabemos que a evolução é contínua e quanto mais ascendemos, mais conheceremos Deus. Um dia, isso vai acontecer! Tenho fé! Embora, seja bom dizer que se a Lei de Progresso nos garante esse aprimoramento, sua celeridade depende de nossos esforços. Pela lei (também divina) do Trabalho, o ser humano precisa se esforçar para vencer suas más paixões, para se aprimorar fazendo o bem e assim, conhecer Deus de verdade. Afinal, somos os seres inteligentes da criação. Inteligentes e morais, ou seja, com capacidade de raciocínio, criatividade e com condições de distinguir o bem do mal.

Mesmo assim, até lá, como vamos aprender a amar o desconhecido? Aprender a amar Deus?!

Ora! Deus pensa em tudo! E dentro de nós, em nossas consciências, Ele se fez presente. Quando nos criou, Deus deixou em nós o desejo de bondade... Cada um de nós conhece um pouco de Deus – até mesmo aqueles que não acreditam nele – porque há em nós o gérmen da bondade, do amor... Esta semente é Deus se manifestando em nós. Então, a melhor forma para conhecermos Deus é conhecendo a nós mesmos. É revendo cada um dos nossos atos, analisando nossos pensamentos, desejos e intenções. É passando a limpo a nossa consciência, fazendo isso todo dia, dia após dia.

Aqui, porém, encontramos outro problema. Como podemos nos conhecer realmente, se nós somos orgulhos e egoístas?! Se a ideia que temos sobre nós mesmos está deturpada por nosso orgulho e egoísmo?! Como fazer isso?! A única forma é nos esquecendo de nós mesmos, através da caridade para com o outro. Quando amamos o próximo, quando nos preocupamos, quando nos esforçamos para ver o outro feliz, colocamos de lado o nosso egoísmo, o nosso orgulho e aprendemos mais sobre o outro, porque estamos dispostos a amá-lo. E amando o outro, amamos a criação de Deus e, consequentemente, amamos Deus.

E ao amar conhecemos... e ao conhecer, amamos.

Agora, há muitas maneiras de fazer a caridade. Lembro mais um ensinamento dos Espíritos: a caridade, segundo Jesus, pode ser definida como Benevolência para com todos e com tudo, Indulgência para com as falhas alheias e Perdão das ofensas.4 Proponho, então, que cada um procure a sua maneira de ser caridoso em 2021!

Este será nosso plano de felicidade coletiva!

Não precisamos pensar em grandes ações, tracemos apenas uma meta que possamos realmente cumprir. Não precisa ser nada grandioso, afinal, como disse Kardec aos espíritas de Lion: as ideias que partem do coração são as que Deus escuta... Deus leva mais em conta a intenção do que o fato. Sei também que é possível que em 2021, tenhamos grandes obstáculos por vencer, a pandemia não se foi por exemplo... Serão dificuldades individuais, na família, no país e no mundo. Mas, procuremos ser humildes para depositar em Deus nossas esperanças e nossos pedidos de auxílio.

Por fim, lembrando ainda o que Kardec disse aos espíritas de Lion, finalizo nossa reflexão para o ano novo, dizendo:

“Aquele que não acredita em Deus é como o doente que não espera a cura. Já o espírita é como aquele que, doente hoje, sabe que amanhã estará curado. [...] Lembremos isso nos momentos difíceis que nos aguardam e deixemos que Deus seja o juiz dos sentimentos de cada um. Mas, se mesmo assim, ainda estiverdes em dúvida, fazei sempre o bem!”.

Eis o caminho para um ano bom.

 

1- Revista Espírita. Fevereiro/1862. Resposta à mensagem de ano novo dos Espíritas lioneses: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/896/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1862/5162/fevereiro/resposta-a-mensagem-de-ano-novo-dos-espiritas-lioneses  

2- O Livro dos Espíritos. Parte primeira. Das causas primárias. Capítulo I - De Deus. Deus e o infinito. Questão 1: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/17/parte-primeira-das-causas-primarias/capitulo-i-de-deus/deus-e-o-infinito/1

3- O Livro dos Espíritos. Parte segunda. Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos. Capítulo XI - Dos três reinos. Os animais e o homem. Questão 610: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/1089/parte-segunda-do-mundo-espirita-ou-mundo-dos-espiritos/capitulo-xi-dos-tres-reinos/os-animais-e-o-homem/610  

4- O Livro dos Espíritos. Parte terceira. Das leis morais. Capítulo XI - 10. Lei de justiça, de amor e de caridade. Caridade e amor do próximo. Questão 886: https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/2/o-livro-dos-espiritos/231/parte-terceira-das-leis-morais/capitulo-xi-10-lei-de-justica-de-amor-e-de-caridade/caridade-e-amor-do-proximo

 

Comentários

  1. Creio que os anos que virão seguirão ainda mais conturbados; são os momentos para provarmos que somos casas construídas sobre rochas com toda a base que a fé raciocinada nos proporciona, pois toda fé cega ruirá ante os erros que a humanidade cometeu ao longo dos milênios.

    ResponderExcluir
  2. Oi, meu amigo... daí, a necessidade de se buscar melhorar..

    ResponderExcluir
  3. Belas palavras!!! Seria maravilhoso que todos nós fizéssemos um pouco para cumprir essa meta coletiva.

    ResponderExcluir
  4. Este texto me lembra a frase "Conhece-te a ti mesmo". Assim, vamos caminhando em busca de um ideal de felicidade, e o texto nos traz um aviso: não podemos ser felizes às custas das infelicidades dos outros.

    ResponderExcluir
  5. Só é possível ser feliz em Deus... Não há outro caminho...

    ResponderExcluir
  6. Além de amar a Deus e ao próximo estamos sempre frente ao desafio da indulgência, hoje tive que praticar e foi bem difícil, pois dá um fervilhão por dentro quando ouvimos alguns desatinos, mas estamos aqui para aprender e aprender. Obrigada por estar sempre contribuindo com a minha aprendizagem!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acredito que este desafio é difícil pra todas nós... Acho que a forma é tentar lembrar que tb erramos... Bj gde

      Excluir
  7. Sinceramente, ando tão desesperançosa, a sensação é de nadar, nadar, nadar e morrer na praia.
    Gratidão por suas reflexões e convite para uma nova postura diante de nós mesmo e dos demais.
    Feliz Ano Novo 💋❤️🌻🙏

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu busco alimentar meu coração de esperança, através da certeza de que Deus existe. Vivo procurando Deus em tudo, inclusive, dentro de mim rs

      Excluir
  8. Texto reflexivo, que possamos caminhar e avançarmos juntos na busca por está coletividade que pode ser constituída a partir das lutas por igualdade e justiça social.
    Amar e Esperança. E como dizia um grande poeta Cearense: " Amar e mudar as coisas me interessa mais!!""

    ResponderExcluir
  9. Pois é, meu amigo... Aí lembrei o seu texto refletindo sobre a necessidade de sermos amáveis...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

“TUDO O QUE ACONTECER À TERRA, ACONTECERÁ AOS FILHOS DA TERRA.”

    Por Doris Gandres Esta afirmação faz parte da carta que o chefe índio Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854! Se não soubéssemos de quem e de quando é essa declaração poder-se-ia dizer que foi escrita hoje, por alguém com bastante lucidez para perceber a interdependência entre tudo e todos. O modo como vimos agindo na nossa relação com a Natureza em geral há muitos séculos, não apenas usando seus recursos, mas abusando, depredando, destruindo mananciais diversos, tem gerado consequências danosas e desastrosas cada vez mais evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que 10 milhões de toneladas de plásticos diversos são jogadas nos oceanos todo ano! E isso sem considerar todas as outras tantas coisas, como redes de pescadores, latas, sapatos etc. e até móveis! Contudo, parece que uma boa parte de nós, sobretudo aqueles que priorizam seus interesses pessoais, não está se dando conta da gravidade do que está acontecendo...

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

"ANDA COM FÉ EU VOU..."

  “Andá com fé eu vou. Que a fé não costuma faiá” , diz o refrão da música do cantor Gilberto Gil. Narra a carta aos Hebreus que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Cremos que fé é a certeza da aquisição daquilo que se tem como finalidade.

O CERNE DA QUESTÃO DOS SOFRIMENTOS FUTUROS

   I Com o advento da concepção da autonomia moral e livre-arbítrio dos indivíduos, a questão das dores e provas futuras encontra uma nova noção, de acordo com o que se convencionou chamar justiça divina. ***   Inicialmente. O pior das discussões sobre os fundamentos do Espiritismo se dá quando nos afastamos do ponto central ou, tão prejudicial quanto, sequer alcançamos esse ponto, ou seja, permanecemos na periferia dos fatos, casos e acontecimentos justificadores. As discussões costumam, normalmente e para mal dos pecados, se desviarem do foco e alcançar um estágio tal de distanciamento que fica impossível um retorno. Em grande parte das vezes, o acirramento dos ânimos se faz inevitável.

FUNDAMENTALISMO AFETA FESTAS JUNINAS

  Por Ana Cláudia Laurindo   O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando, por isso precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando sobre as novas gerações.

JESUS TEM LADO... ONDE ESTOU?

   Por Jorge Luiz  A Ilusão do Apolitismo e a Inerência da Política Há certo pedantismo de indivíduos que se autodenominam apolíticos como se isso fosse possível. Melhor autoafirmarem-se apartidários, considerando a impossibilidade de se ser apolítico. A questão que leva a esse mal entendido é que parte das pessoas discordam da forma de se fazer política, principalmente pelo fato instrumentalizado da corrupção, que nada tem do abrangente significado de política. A política partidária é considerada quando o indivíduo é filiado a alguma agremiação religiosa, ou a ela se vincula ideologicamente. Quanto ao ser apolítico, pensa-se ser aquele indiferente ou alheio à política, esquecendo-se de que a própria negação da política faz o indivíduo ser político.

NÃO SÃO IGUAIS

  Por Orson P. Carrara Esse é um detalhe imprescindível da Ciência Espírita. Como acentuou Kardec no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: “Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram”, sendo esse destacado no título um deles. Sim, porque esse detalhe influi diretamente na compreensão exata da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos. Aliás, vale dizer ainda que é no início do referido item que o Codificador também destaca: “(...) os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos (...)”.

A HISTÓRIA DA ÁRVORE GENEROSA

                                                    Para os que acham a árvore masoquista Ontem, em nossa oficina de educação para a vida e para a morte, com o tema A Criança diante da Morte, com Franklin Santana Santos e eu, no Espaço Pampédia, houve uma discussão fecunda sobre um livro famoso e belo: A Árvore Generosa, de Shel Silverstein (Editora Cosac Naify). Bons livros infantis são assim: têm múltiplos alcances, significados, atingem de 8 a 80 anos, porque falam de coisas essenciais e profundas. Houve intensa discordância quanto à mensagem dessa história, sobre a qual já queria escrever há muito. Para situar o leitor que não leu (mas recomendo ler), repasso aqui a sinopse do livro: “’...