O homem é um ser sexual. Em toda e qualquer
época de seu desenvolvimento, nele se manifestam o amor, os sentimentos, as
emoções. Tudo isso é manifestado através da sexualidade.
Então,
sexualidade é a via e a forma de externar os sentimentos.
Nós,
em nosso estádio rudimentar de desenvolvimento anímico – especialmente do
ponto-de-vista moral -, infelizmente ainda nos mantemos estacionados, em
postura viciosa, no exercício da relação genital. Não que esta seja algo
pecaminoso ou abominável, como costumam apregoar as religiões tradicionalistas.
Não! Mas a verdade é que o seu uso indevido, ou melhor dizendo, os motivos por
que se a usa, estes, entre nós, costumam fundamentar-se no egoísmo, na busca
desenfreada pelo prazer físico. Enfim, há mais de sensualidade: a procura do
prazer carnal sem a preocupação de ser ele secundário a um sentimento mais
dignificante entre o casal.
Com
o livre-arbítrio, o ser humano, diferentemente dos animais, passou a utilizar
os recursos genésicos de maneira responsável (do ponto-de-vista de sofrer-lhes
a reação), porém irresponsável, se levarmos em conta o deus descompromisso com
a moral e dissociada das suas funções maiores, quais sejam a permuta das
energias sob os auspícios do amor, ou seja da materialização dos sentimentos; e
a perpetuação da espécie.
O
Espírito não apresenta um sexo, pelo menos da maneira como compreendemos sexo.
Esta é a resposta dos Espíritos Reveladores ao questionamento de Allan Kardec¹.
Na verdade, o Espírito apresenta os potenciais considerados masculinos e
aqueles ditos femininos, que se vão desenvolvendo à medida que ele vai
experienciando a vida orgânica, ora em um corpo masculino, ora em um corpo
feminino.
Ocorre
muitas vezes, no entanto, de um Espírito se apegar a uma forma sexual, de tal
sorte, a subjugar-lhe o monoideísmo. Em outras circunstâncias, na sua condição
de homem ou mulher, quando da última reencarnação, o Espírito usando da sua
condição sexual, desrespeitou o sexo oposto, desregrou-se na prática e originou
tanta dissonância que na, reencarnação imediata, como resposta da Lei que a
tudo viabiliza o reajuste, nasce ele exatamente com o sexo que vilipendiou e
desprezou.
O
homem “machista”, sem a menor consideração para a companheira, que a fez sofrer
prevalecendo-se do seu poder e força, recebe uma indumentária feminina para
aprender a respeitá-la.
A
“mulher fatal”, destruidora de lares, que usou dos seus atributos e beleza
física, da sua aguçada intuição e do jeito delicado para destruir os que se
quedaram em paixão desenfreada, nasce agora em corpo masculino, com o mesmo
propósito.
Em
função disso, muito frequentemente passa a apresentar um corpo em franca
dissonância com o seu psiquismo, aparecendo na sociedade como um transexual.
Isto,
no entanto, não se constituiu em maior problema, pois, a despeito da dicotomia
anatomopsíquica, poderá o Espírito vivenciar aquela reencarnação de maneira
natural, comportando-se exatamente como se mostra morfologicamente e de acordo
com a sua fisiologia, aprendendo a lição que a vida lhe proporciona e
aproveitando para tentar desenvolver alguns potenciais mais facilmente
trabalhados com aquele corpo.
Há,
porém, os que se rebelam contra a situação e passam toda a reencarnação
tentando reeditar a experiência pretérita. Estes mantêm a profunda aversão ao
sexo que agora vivenciam do ponto-de-vista biológico, mantendo também uma luta
íntima contra a sua condição atual, culminando com o envolvimento genital com
pessoas do mesmo sexo. São estes os que se podem considerar como homossexuais.
Não
se deve deduzir, a partir daí, que a causa do homossexualismo seja sempre
aquela descrita acima, de vez que, rigorosamente, elas são múltiplas, todas
decorrentes de uma rebeldia contra as leis naturais, à exceção de alguns processos
obsessivos.
Casos
existem de Espíritos que, em consequência de ações contra a integridade sexual
(anatômica ou psíquica) de outrem ou sobre eles mesmos, apresentam, ao nascer,
uma genitália ambígua: mostrando características vagas de ambos os sexos. Este
grupo deve ser denominado de intersexual.
Então
podemos ter os três grupos com alguma disfunção, seja psíquica:
a)
INTERESEXUAIS
– mostram ambiguidade sexual.
b)
TRANSEXUAIS
– apresentam uma dissociação anatomopsíquica com relação ao sexo, embora
vivenciem a sua condição sexual natural.
c) HOMOSSEXUAIS – que mantêm relações
genitais com pessoas do mesmo sexo.
Entendemos, pois, que não se
é homossexual por conta da Lei Paligenésica, mas por opção pessoal, por
livre-arbítrio. Pode-se nascer transexual ou intersexual, mas nunca
homossexual. O que se pode trazer é tendência para a busca de tal ou tal
indumentária sexual, mas esta distorção é do Espírito.
Logo, não se é homossexual porque Deus quer, mas por
vontade própria. É óbvio que, para alguns companheiros, despreocupados com o
processo anímico-evolutivo, mais voltado para o imediatismo do corpo e da vida
física, os arrastamentos podem parecer irresistíveis, mas, a despeito da
dificuldade que possam implica, são perfeitamente refreáveis.
MUDANÇAS
DE SEXO
Tenho visto muita
gente, ainda muito apegada ao seu
estereótipo sexual, comentar somente ter reencarnado como homem ou como mulher
e que os processos de mudança são muito difíceis de ocorrer. Não existe, porém,
nada na Codificação Espírita que ampare tal pensamento. O que tudo indica é que,
após o grande número de experiências na carne, certamente por nós vivenciadas
na atual conjuntura evolutiva da vida no Planeta, já tivemos incursões tanto em
uma área como na outra, quer dizer, já reencarnamos como homem e mulher.
Pelo
menos é o que nos sugere a resposta dada pelos Espíritos reveladores ao
Codificador à sua questão²:
“Quando somos Espíritos, preferimos
reencarnar num corpo de homem ou de mulher?
- Isso pouco importa aos Espíritos;
depende das provas que ele tiver de sofrer”.
Vejamos, ainda, os
comentários de Kardec, a esta resposta:
“Os Espíritos encarnam-se homens ou
mulheres, porque não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como
cada posição social oferece-lhes provas e deveres especiais e novas ocasiões de
adquirir experiências. Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os
homens.”
Portanto,
as mudanças de sexo que ocorrem no processo natural nada apresentam de
dificuldade e não refletem de maneira importante no comportamento dos
Espíritos, exceto quando este se rebela a esse processo natural.
DETERMINAÇÃO DO SEXO NO INTERSEXUAL
Para os casos em que
encontramos a ambiguidade genital, está indicada a cirurgia de correção, sendo
levados em conta o sexo genético e o sexo social do paciente. É imprescindível
afirmar-se: que opte pela genitália masculina ou feminina, o Espírito nesta situação
amarga difícil expiação (ou prova) com grande limitação da função sexual.
HOMOSSEXUALISMO E MUDANÇA DE SEXO
Há
uma proposta de legalização da cirurgia de emasculação, já realizada em algumas
parte do mundo. Através dela, o homossexual masculino, tem retirada sua
genitália externa: pênis e testículos e a construção de uma pseudovagina.
É
bem compreensível a diminuição da sensibilidade genital pós-cirúrgica, de vez
que, no homem, grande parte dos diversos receptores encontram-se na glande que,
como já se viu, é extraída.
Se
analisarmos a questão, ocorre mutilação de um corpo saudável para a satisfação
das tendências que o Espírito traz e se deixa arrastar por elas.
Obviamente,
sem querer entrar no mérito individual de cada situação, sem adentar nos
julgamentos indevidos, mas analisando do ponto-de-vista global, em tese, como
se diz, esta cirurgia costuma causar dissonância vibratória em área análoga do
perispírito, com repercussões no mundo espiritual, após a desencarnação; mas
também com repercussões dolorosas em um futuro corpo, em posterior
reencarnação. Há inclusive a possibilidade de se candidatar ao problema do intersexualismo,
o que não significa que todo intersexual tenha por origem de sua problemática a
emasculação.
Vejamos
a opinião do médium mineiro Francisco Cândico Xavier³, quando entrevistado pelo
jornalista espírita Fernando Worm:
“O que diz o Mundo Espiritual acerca das
cirurgias para a mudança de sexo?
- (...) Evidentemente, as cirurgias
médicas para a mudança de sexo se enquadram nos princípios do livre-arbítrio
com as respectivas derivações na lei de causa e efeito.”
¹ “O Livro dos Espíritos”, questão de nº 200.
² “O Livro dos Espíritos”, questão de nº 202.
³ “Lições de Sabedoria”, pg. 69.
Fonte: “Bioética - Uma contribuição Espírita.”
Apesar de ser um assunto polêmico e tabu mesmo entre os espíritas, o confrade e amigo Cajazeiras foi de uma elegância literária e doutrinária perfeita. De forma clara, concisa, objetiva adentra no meandros da sexualidade em um mundo de provas e expiação, e de forma didática, pedagógica e doutrinária, nos esclarece. Nós, leitores, agradecemos.
ResponderExcluirNa realidade, o artigo do confrade e amigo Francisco Cajazeiras, é uma aula sobre sexualidade, em uma Humanidade que não se conhece: não sabe da sua natureza, origem e destino. Em não sabendo, tudo é permissível.
ResponderExcluirVê-se que o confrade Cajazeiras trata o tema de forma bastante didática de tal forma que, qualquer pessoa,poderá compreender aonde ele quer chegar. Na verdade o corpo humano com o qual encarnamos nada mais é do que uma oportunidade de crescimento, dependendo do nosso livre arbítrio aproveitar a oportunidade ou desperdiçá-la. Cabe a cada um tomar a decisão que melhor se ajuste aos compromissos assumidos perante as leis divinas, sendo exitoso ou não. Parabéns caro Cajazeiras pela momentosa oportunidade que ele chega até nós!
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