Pular para o conteúdo principal

DOUTRINA DA CONSOLAÇÃO ¹




 


Parece ser senso comum conceituar-se a Doutrina Espírita como uma idéia eminentemente consoladora, condição referendada até mesmo por pessoas de outras crenças. Convém refletir, no entanto sobre o que é que faz com que as concepções espíritas levem à consolação. Não se trata de uma simples indução ao conformismo, tampouco a formas de raciocínios lineares que conduzem à mera aceitação dos fatos mais difíceis da existência.
            Não há qualquer fórmula mágica que facilite o resultado de quem quer que seja, ou palavra sacramental, sequer perdões a serem alcançados mediante promessas de qualquer gênero nem moedas de troca. A força consoladora do Espiritismo está fundamentalmente na sua capacidade de possibilitar ao indivíduo produzir uma reflexão profunda em torno das circunstâncias que estabelecem as dificuldades de cada um. 
      
Encontramos a expressão consoladora da Doutrina Espírita na força da sua mensagem, a começar na insofismável certeza que proclama da imortalidade da alma em face à comprovação da existência do ser após a morte, arrazoada pela comunicação dos desencarnados, uma das condições que mais confortam frente ao desolamento da saudade daqueles que partiram para o outro plano.
O chamado racional aos ditames da reencarnação estabelece o plano lógico da Providência Divina, que jamais colocaria prova a ser suportada maior que a capacidade daquele que a recebe. Ciente dos compromissos que tornam o espírito vinculado à Lei de Causas e Efeitos, daí reconhecedor da justiça que há nas situações que enfrenta nos desafios do aprendizado, a consolação nasce exatamente da compreensão que se passa a ter das nossas responsabilidades com a construção de dias melhores.
Em verdade o binômio imortalidade/reencarnação é que estabelece a lógica consoladora de Doutrina Espírita, em princípio porque dissipa o medo da morte certificando a continuidade da existência, depois porque facilita a aceitação dos momentos mais graves que trazem dor aos nossos caminhos. A consolação espírita descansa na inabalável crença na conseqüência dos fatos, em saber-se que Deus só age para o Bem e seja lá o que aconteça em nossas vidas, sempre haverá uma lição a ser aprendida e um desvio a ser corrigido, naturalmente arbitrado pela Justiça Maior, que não atende aos nossos desejos exatamente, mas será uma resposta inequívoca as nossas necessidades. A Doutrina Espírita traz á luz o que Allan Kardec designou como a fé inabalável, aquela que pode “enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade”. Por isso é a doutrina da consolação.  

¹ editorial do programa Antena Espírita de 21.08.2016 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.