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TRIBUTO À MÃE¹




Por Roberto Caldas (*)



Incontestavelmente a expressão MÃE só é possível quando a MULHER que a detém absolutamente passou longe das raias do ABORTO. Muitas delas terão experimentado situações que infligiram sacrifícios e sofrimentos durante a gestação: pobreza, solidão, abandono, condenação pública, incompreensões. Porém se são chamadas de MÃE é porque conseguiram absolutamente vencer todas as dificuldades para darem passagem ao maior presente que a vida lhes deu. E o que pensar daquelas que foram informadas quanto aos problemas de natureza genética dos seus conceptos e ainda assim resolveram manter até o final a gestação recebendo o filhinho defeituoso com o mesmo carinho e até maior dedicação do que se fosse de todo saudável?

            A MÃE é o grande laboratório na Terra em que Deus experimenta, através das múltiplas encarnações disposta na Lei, o Projeto Universal de evolução dos Espíritos, projetando-os para existências que propiciam a oportunidade de reencontro consigo mesmos. Aquela que consegue estar aberta ao convite divino acumula lauréis espirituais de grande magnitude, especialmente quando consegue impregnar a sua cria com os ingredientes do amor e da dignidade. Mesmo que, mercê das injunções que a vida impõe às pessoas, precise declinar da companhia desse filho para que outra MÃE se responsabilize pela continuidade de sua obra, ainda assim o ter deixado nascer premia com honra ao mérito.
            Relatam os textos do Novo Testamento que aquela que foi escolhida para o papel de MÃE de Jesus se viu tomada de dúvidas, dor e espanto alcançada pela inusitada situação da exposição de grávida perante uma sociedade que pouco compreendia tal disposição sem as cerimônias matrimoniais que davam conforto à reputação. Não nos consta que tivesse relutado um minuto sequer quanto à permissão de continuidade da sua gravidez e com a sua atitude nos premiou com o nascimento daquele que se tornaria nos 33 anos de existência sobre a terra o maior “guia e modelo a que a humanidade poderia aspirar” (LE, q 625). Essa mulher repousa até os dias atuais no imaginário de quase todas as mulheres como aquela que trouxe para o mundo a redenção. Guardadas as proporções resultantes das demais gravidezes que a Terra recebe aos milhares todos os dias, os conceptos que se encontram em suas câmaras uterinas se constituem em Espíritos que buscam através do retorno à vida física uma existência para se tornarem os seus próprios redentores diante da vitória aos desafios da encarnação que lhe foi programada.
            Todas as MÃES, sem exceção, merecem a louvação no dia em que o mundo se ajoelha para lhes reverenciar as graças da maternidade. Pela coragem de emprestarem os seus corpos. Pela dedicação de entregarem parte do seu tempo de vida. Pela proximidade de Deus, em se tornando co-criadoras do Universo, o mundo as reverencia e bendiz. Na certeza de que nós existimos só porque você quis ser MÃE pedimos que a sua ligação com Deus possa minorar o desespero e a amargura daquelas outras que fecharam as portas ao advento da vida e que não podem, como vocês, ser chamadas de mãe. Feliz dia das Mães.


¹ editorial do programa Antena Espírita de 11.05.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

             

Comentários

  1. MOMENTO OPORTUNO....NÃO SÓ PARA SENSIBILIZAR E PRINCIPALMENTE, PARA ESCLARECER. MATÉRIA NECESSÁRIA, EM MOMENTO OPORTUNO

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