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AÇÃO E REAÇÃO

 

Por Roberto Caldas

           

A história da Física e o mundo moderno muito devem aos estudos realizados pelo cientista inglês conhecido sob a designação de Sir Isaac Newton. Quando em 1687 publicou três volumes com as suas pesquisas tinham como objetivo descrever a relação entre forças agindo sobre um corpo e seu movimento causado pelas forças. A obra ficou reconhecida como as Três Leis de Newton descrevendo os princípios da gravitação universal e mudou toda a mentalidade acerca das forças que interagem no Universo. A terceira dessas leis ficou reconhecida como Lei de Ação e Reação e foi assim descrita pelo lorde inglês: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em direções opostas”.

A aplicação dessa lei, específica à compreensão dos movimentos da matéria, pouco a pouco passou a ser percebida limitada pelo fato dos cálculos de Newton conceberem velocidades inferiores àquela da luz, condição despertada a partir dos estudos da Relatividade de Einstein e que deram os primeiros passos para estudos mais avançados da Moderna Física. 

Ocorre que a Lei da Ação e Reação se constitui numa versão material à lei de Causa e Efeito, essa sim abrangente e válida em todas as situações relacionadas com o comportamento humano. Apesar de não ser tratada individualmente em nenhuma obra da Codificação se mostra como o grande norte para a compreensão da justiça de Deus e principal fomento da lógica da Reencarnação.

Quando Jesus sentencia que “a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16:27) propõe o axioma da Lei de Causa e Efeito. Traduz um novo significado à responsabilidade individual no processo de vida em que cada pessoa transita. O Mestre não arrazoa em nenhuma possível interpretação, nessa sua assertiva, que crenças quaisquer possam ser capazes de gerar as necessárias mudanças na vida das pessoas e sim que as atitudes geram os caminhos que permitem alcançar os objetivos superiores que se pretenda no curso das existências sucessivas.

Não é exatamente o que pensamos sem agir, o que sabemos sem fazer, o que admitimos sem colocar em prática, o que falamos sem vivenciar que faz a grande diferença nos resultados que esperamos da existência. Viver não é verbo que rime com esperar. A existência nos cobra interiormente que rompamos de uma vez por todas com o ato de cruzarmos os braços enquanto aguardamos a mudança dos outros para que enfim apareça o mundo melhor que desejamos.

A Doutrina Espírita, doutrina da responsabilidade individual com repercussões coletivas, nos conclama a viver de forma a mostrarmos a nossa cara em cada coisa que façamos, sem quaisquer receios de vivermos a condição de encarnados que ora aspiramos. Cientes de que o bem que se faça no caminho se converte em nosso próprio benefício, com respostas que podem ser imediatas ou distribuídas em prazos mais longos, sem que jamais deixem de retornar para quem o praticou.

           

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