quinta-feira, 18 de outubro de 2012

OS INCOMODADOS NÃO MUDAM





Por Jorge Luiz (*)


            O Brasil acompanha atentamente o julgamento do “mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal. Fato interessante que tem marcado o julgamento são os debates jurisprudenciais entre os ministros Joaquim Barbosa, relator do processo e o revisor Ricardo Lewandowski. Palavras fortes vêm sendo usadas e também intervenções de outros ministros.
            O espírito de cizânia que se observa talvez até torne as relações entre os envolvidos numa convivência difícil, o que não acredito, tratando-se de magistrados integrantes da Alta Corte do Brasil.
           Aquilo que pareceria um problema, no meu entendimento, é sinal de que realmente o órgão é suficientemente plural e de que seus integrantes estão, de fato, empenhados na missão que lhes foi confiada.
           A rudeza discordante vista como defeito no âmbito individual, converte-se em qualidade em uma corte da qual se exige diversidade.
          Essas lições ofertadas pelos ministros do STF são importantes para um confrontamento com algumas situações pitorescas que ocorrem nos grupamentos espíritas.

        Recentemente, um confrade me confidenciou que em função de discordância doutrinária com dirigentes da casa que era voluntário foi convidado a não mais participar das atividades. Isto não é um fato pontual, por incrível que pareça, mas ocorre com certa frequência.
      Esse tipo de comportamento é de extrema falta de caridade, rudeza, tirania, autoritarismo, e fere profundamente os princípios espiritistas que esposamos.
      Já comentamos algumas vezes nesse blog da importância e riqueza que existe no pensar plural para o enriquecimento individual e grupal.
      Allan Kardec escreve em sua bandeira o lema “Trabalho, Solidariedade e Tolerância.” É óbvio que muitos ainda utilizam-na como mero exercício de retórica. A ética espírita, no entanto, exige de cada um de nós a vivência dessa tríade em nossas relações na vida ritual e especificamente na convivência espírita.
   A diversidade individual é a marca do Criador em nós, construída pelas páginas reencarnatórias através da esteira do tempo. A sua valorização é o próprio reconhecimento da reencarnação, juntamente com o amor, de paradigmas maiores na estruturação de uma nova ordem que já começa a vigorar no Planeta Terra.
       Não gostamos de conviver com a diferença quando exige de nós certo grau de tolerância, mas isso não ocorre quando queremos exercer esse direito.
     O que pesa e chama a atenção nessas situações é que costumeiramente as discordâncias são de ordem doutrinária. Ora, onde devemos buscar o esclarecimento das divergências dessa natureza? Nas obras básicas, é óbvio. Sem emitir nenhum julgamento, há de se presumir que não há o estudo espírita adequado nas Instituições em que situação da espécie ocorre.
      Oscar Wilde (1854-1900), foi um dos maiores escritores de língua inglesa do século XIX, afirmava que o descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem e de uma nação.
     No contexto espírita a tese de Wilde não é verdadeira, pois, os incomodados não mudam”, duplo sentido. É de lamentável constatação!
     Espera-se que todo dirigente de um Centro Espírita bem organizado estruture sua instituição nas obras básicas espíritas. Os aspectos científicos, filosóficos e morais, através dos seus estudos, oferecem uma estrutura dinâmica e sólida que não permitirá divergências desse vexame.
       Allan Kardec a esse respeito é muito claro: “Dissemos que o Espiritismo é toda uma Ciência, toda uma Filosofia. Quem desejar conhecê-lo seriamente deve, pois, como primeira condição submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que qualquer ciência, não se pode aprender brincando.”
       A idéia que temos é que estão realmente brincando de “faz de conta”, em nome do Espiritismo.
          Os incomodados não mudam. Muito pelo contrário!

(*) Personal & Professional Coach, expositor espírita, livre-pensador e voluntário do Instituto de Cultura Espírita do Ceará.
           

3 comentários:

  1. Para o País mudar, é necessário que eles mudem!!!

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  2. Por Jackson Façanha
    Comentários Sobre Artigo de Jorge Luiz

    Desde antes do surgimento dos primeiros sinais do desabrochar do Espiritismo, o seu idealizador espiritual o “Espirito da Verdade”, preocupou-se com a questão da União e da Humildade universal.
    Ao delegar mais tarde a um de seus pupilos a responsabilidade de trabalhar na organização dos seus antigos ensinamentos e trabalhando novas reflexões... O “Espirito da Verdade” mostra a importância da união no sucesso de todo trabalho, orientando Kardec através da universalidade do s ensinos dos Espíritos deixa claro a importância da analise de todas as opiniões.
    Refletindo a trazendo a realidade para os nossos dias, uma grande massa dos centros e casas Espiritas vem esquecendo alguns detalhes que é crucial na harmonia dos trabalhos... a orientação incondicional através das obras básicas é a bussola que norteia todos os que estão ou já afundaram no mar do personalismo. Tenho observado que este estudo individual e coletivo das obras básicas tem cada vez mais assim como o próprio Kardec ficado bem esquecido nos círculos de “Estudos Espíritas”.
    Relembrando as palavras de Kardec como lema: Trabalho, Solidariedade e Tolerância que nos dias de hoje estão completamente esquecidos. Allan KARDEC: "Um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade. O único meio de evitá-la, senão quanto ao presente, pelo menos quanto ao futuro, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mais mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente."
    Allan Kardec, Obras Póstumas, Projeto 1868.
    É uma pena que pessoas que prezam pela fidelidade doutrinária sejam tachadas de Conservadores, Puritanos, ou mesmo revolucionários. Mas qual revolução está estes a levantar... se ser fiel a Doutrina dos Espíritos é obrigação de todo Espírita que se preze.
    Jackson Façanha Damasceno. 20/10/2012




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  3. "Ditadura é a designação dos regimes não-democráticos ou antidemocráticos, ou seja, governos onde não há participação popular, ou que essa participação ocorre de maneira muito restrita. Na ditadura, o poder está em apenas uma instância, ao contrário do que acontece na democracia, onde o poder está em várias instâncias, como o Legislativo, o Executivo e o Judiciário."*

    O que "Ditadura" tem a ver com o texto do Mestre Jorge Luiz?

    Acredito que todo organização social, de qualquer origem, tem que viver sobre os preceitos democráticos, inclusive os Centros Espíritas. A atitude de tal dirigente, nos remete aos autoritarismos, vigente nos regimes ditatoriais onde, por um opinião diferente, um pensador seja convidado a se retirar (expulso mesmo!). E como toda democracia, é benéfica a troca de dirigentes de tempos em tempos, evitando assim, a fascinação.

    *fonte: Wikipedia

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