Por Jorge Hessen
Astrônomo diz que Jesus pode ter nascido em junho
Uma pesquisa realizada por um astrônomo australiano sugere que Jesus Cristo teria nascido no dia 17 de junho e não em 25 de dezembro.
De acordo com Dave Reneke, a “estrela de Natal” que, segundo a Bíblia, teria guiado os Três Reis Magos até a Manjedoura, em Belém, não apenas teria aparecido no céu seis meses mais cedo, como também dois anos antes do que se pensava.
Estudos anteriores já haviam levantado a hipótese de que o nascimento teria ocorrido entre os anos 3 a.C e 1 d.C.
O astrônomo explica que a conclusão é fruto do mapeamento dos corpos celestes da época em que Jesus nasceu. O rastreamento foi possível a partir de um software que permite rever o posicionamento de estrelas e planetas há milhares de anos.
Baseando-se no Evangelho de Mateus, que descreve a aparição de uma “estrela” como sinal do nascimento de Jesus, Reneke identificou a conjunção dos planetas Vênus e Júpiter, que teriam emitido uma forte luz que poderia ter sido confundida com uma estrela.
“Vênus e Júpiter chegaram muito perto no ano 2 a.C refletindo muita luz. Não podemos dizer com certeza que esta era a estrela de Natal descrita na Bíblia, mas até agora esta é a explicação mais plausível que já vi sobre isso”, disse Reneke à BBC Brasil.
“A astronomia é uma ciência tão precisa, que podemos apontar exatamente onde os planetas estavam. E há uma grande probabilidade que esta conjunção possa ser a estrela descrita por Mateus no Evangelho”.
O australiano diz que a pesquisa não é uma tentativa de contestar a religião.
“Quando misturamos ciência e religião há a sempre a chance de chatear as pessoas. Neste caso, esses resultados podem servir para reforçar a fé, porque mostra que realmente havia um grande objeto brilhante no céu no momento certo”.
Notícia publicada na BBC Brasil , em 9 de dezembro de 2008.
JORGE HESSEN COMENTA*
JESUS, NASCIDO HÁ 2025 ANOS, FOI CRUCIFICADO AOS 38 ANOS DE IDADE
O nascimento de Jesus é o episódio que, tradicionalmente, demarca o início da era cristã. Porém, em face de um erro de cálculo, cometido no século 6 d.C., pela Igreja, as datas não coincidem. Sabe-se, atualmente, que Jesus nasceu antes do ano 1, provavelmente, entre 6 e 5 a.C. Pode-se afirmar isso, com razoável segurança, graças à narrativa muito precisa do Evangelho de Lucas. Segundo o evangelista, o fato aconteceu na época do recenseamento, ordenado pelo imperador romano César Augusto. Esse censo, o primeiro realizado na Palestina, tinha por objetivo regularizar a cobrança de impostos. Os historiadores estão de acordo em situar tal fato político no período que vai de 8 a 5 a.C.
O Papa João Paulo II declarou, numa ocasião, que Jesus não nasceu no ano 1, pois a data correta do natalício do Mestre, ainda, era desconhecida, conforme informa a Revista Veja, de janeiro de 1987.(1) Curiosamente, a enciclopédia O Mundo do Saber, Editora Delta-Volume I,(2) registra: Jesus nasceu em Belém-Judéia, em 4 a.C. Ante muitas controvérsias sobre a questão, colhemos informes no seio da própria Igreja, quando, no século VI (525 d.C.), o sacerdote Dionísio, fanático por matemática, recebendo a incumbência para “descobrir” a data exata do nascimento do Cristo, fixou-a no ano 754 do calendário romano,(3) e que foi aceita pela cúpula da Igreja Católica. Mas o clérigo Dionísio começou a pesquisa partindo de uma premissa equivocada, pois manteve como referência o batismo do Mestre, ocorrido no 15º ano do governo do Imperador Tibério César(4) e tinha absoluta convicção (à época) de que o imperador romano iniciou o governo no ano 14; a conclusão foi “lógica”, 14+15=29, onde tentou buscar confirmação no Novo Testamento, quando Lucas, no Capítulo III, versículo 23, registra ter sido Jesus batizado com 29 anos de idade (!!?…).
Outro fato histórico relevante, é que Tibério César governava o Império desde o ano 9 d.C.; logo, o equívoco do padre matemático subtraiu, de 4 a 5 anos, da história cristã, cronologicamente regida pelo calendário gregoriano.(5) Aliás, erro já devidamente assumido pelo Vaticano.(6)
Existe outro fator que comprova o erro de cálculo de Dionísio: sabemos, pela tradição dos textos das escrituras, que Herodes, o Grande, quando teve notícia do nascimento do Cristo, ordenou a matança de todas as crianças nascidas, nos dois últimos anos, em Belém e cercanias da Judéia. Na ocasião, Maria e José, pais de Jesus, refugiaram-se em outro país (Egito). Ora, a História se encarrega de registrar que Herodes morreu, exatamente, no ano que nasceu Jesus (mesmo ano da ordem do infanticídio generalizado), logo, pelos dados que possuímos, considerando-se o calendário de Roma, e se Jesus era, de fato, um recém-nascido à época da matança, atualmente estaríamos em 2012.
Na obra Sabedoria do Evangelho, afirma-se que Jesus teria, ao menos, 38 anos ao ser crucificado. Outros autores concordam com essa tese. O escritor John Drane coloca o nascimento de Jesus no ano 5, antes da Era Cristã.(7) O Gen. Milton Orreilly, exegeta, num artigo para a Revista Presença Espírita, de Salvador-BA, afirma que o Diácono Dionísio, o pequeno, errou ao estabelecer o início da Era Cristã. Afirma ele que o nascimento se deu no ano 747 da fundação de Roma, e a crucificação no ano 785, portanto, Ele teria 38 anos quando foi crucificado, pois, 785 - 747 = 38.(8)
Ainda, sobre o isso, compulsamos o livro Crônicas de Além Túmulo, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, e encontramos, no capítulo intitulado “A Ordem do Mestre”, o curioso trecho: “João – disse o Mestre – lembraste do meu APARECIMENTO na Terra? Recordo-me Senhor. Foi no ANO 749 da era romana, apesar da arbitrariedade do frei Dionísio, que, calculando no século VI, da era cristã, colocou, ERRADAMENTE, o vosso natalício em 754 (…)”.(9) (grifamos)
A propósito, diante dessas alusões controversas, somos também impelidos a levantar a seguinte questão: teria nascido Jesus no dia 25 de dezembro, conforme reza a tradição do Vaticano? Não encontramos nenhuma referência histórica que venha corroborar essa versão. Atualmente, os estudiosos têm como certo que o festejado NATAL substituiu uma celebração pagã – a “Saturnais”, uma homenagem a Saturno (deus da agricultura pela tradição latina),(10) realizada, sempre, no “solstício de inverno”, isto é: o dia mais curto do ano na região de Roma, pelo fato de o sol nascer mais tarde e se pôr mais cedo no horizonte.
Por isso, não é preciso fazermos um esforço descomunal de raciocínio para entendermos a lógica de a maior festa da cristandade representar, atualmente, uma celebração, demasiadamente, comprometida com as incompatíveis ambições do mundo comercial. É o Natal comercial, com a sua mentalidade utilista, que já contaminou toda a nossa sociedade. Nada se esquece: presentes, “suaves” bebidas alcoólicas, mesas fartas, abraços festivos (nem sempre sinceros e demasiadamente convencionais), cartões de “boas festas”, pagodes, esfuziantes sambinhas (pelo menos aqui nas terras do Cruzeiro do Sul), marchinhas carnavalescas, enfim, será que realmente se lembra do suposto “aniversariante”?
Como se não bastassem as contradições históricas, há, ainda, o problema da localidade do Seu nascedouro. Mateus, seguido por Lucas, afirma que Jesus nasceu em Belém – hoje, em território palestino. Essa afirmação chegou a ser contestada por alguns estudiosos contemporâneos, pois Belém era a cidade de Davi e, segundo a tradição, o Messias esperado deveria surgir entre a descendência desse antigo rei de Israel. Situar o nascimento em Belém - dizem os muitos estudiosos - era uma forma de legitimar Jesus na condição de Messias. Embora interessante esse raciocínio crítico, não se apoia em nenhuma prova convincente. Lucas, ao contrário, oferece um bom argumento a favor de Belém: José, o esposo de Maria, futura mãe de Jesus, pertencia a uma família originária daquela cidade e a regra do recenseamento exigia que cada indivíduo se alistasse em sua localidade de origem. Por isso, a maioria dos especialistas aceita Belém sem reservas.
Obviamente, na condição de espíritas, sabemos que pouco importa os teimosos desencontros e controvérsias a respeito da data e local correto do nascimento do Cristo, até porque, o essencial, para os que se esforçam por segui-Lo, é sentir e praticar os Seus ensinamentos, e, em face disso mesmo, fazemos uma adaptação às ideias de Vinícius (pseudônimo de Pedro de Camargo), no seu artigo publicado em o Reformador, da FEB, em 1929. Ei-la:
Onde e quando nasceu Jesus?
Perguntemos para Maria de Magdala e ela nos responderá:
· Jesus nasceu em Betânia. Foi certa vez, que a sua voz, tão cheia de pureza e santidade, despertou em mim a sensação de uma vida nova com a qual, até então, jamais sonhara.
Perguntemos a Pedro e ele nos responderá:
· Jesus nasceu no pátio do palácio de Caifás, na noite em que o galo cantou pela 3ª vez, no momento em que eu o havia negado. Foi neste instante que acordou minha consciência para a verdadeira vida.
Perguntemos a João, o evangelista, e ele nos responderá:
· Jesus nasceu no dia em que meu entendimento, iluminado pela sua divina graça, me fez saber que Deus é amor.
Perguntemos a Thomé, o discípulo incrédulo, e ele nos responderá:
· Jesus nasceu em Jerusalém, naquele dia memorável e inesquecível em que Ele nos pediu para tocar as suas chagas e me foi dado testemunhar que a morte não tinha poder sobre o filho de Deus. Só então compreendi o sentido de suas palavras: EU SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA.
Perguntemos a Dimas, o bom ladrão, e ele nos responderá:
· Jesus nasceu no topo do calvário, precisamente, quando a cegueira e a maldade humanas pensavam aniquilá-Lo para sempre. Naquele instante Ele me dirigiu um olhar cheio de ternura e piedade, que me fez esquecer todas as misérias deste mundo e perceber as maravilhas do céu…
Perguntemos a Paulo de Tarso e ele nos responderá:
· Jesus nasceu na Estrada de Damasco, quando, envolvido por intensa luz que me deixou cego, pude ver a sua figura nobre e serena que me perguntava: - Saulo, Saulo, por que me persegues? E, na cegueira, passei a enxergar um mundo novo quando eu lhe disse: - Senhor, o que queres que eu faça?
Perguntemos a Joana de Cusa e ela nos responderá:
· Jesus nasceu no dia em que, amarrada ao poste, no circo de Roma, eu ouvia o povo gritar: - Negue! Negue! E o soldado, com a tocha acesa dizendo: - Este teu Cristo ensinou-lhe apenas a morrer? Foi neste instante que, sentindo o fogo subir pelo meu corpo, pude, com toda clareza e sinceridade, dizer: - Não me ensinou apenas isto, Jesus me ensinou, também, a amá-Lo.
Perguntemos à mulher de Samaria e ela nos responderá:
· Jesus nasceu junto à fonte de Jacob, na tarde em que me pediu de beber e me disse: - Mulher, eu posso te dar da água que sacia toda a sede, pois vem do amor de Deus e santifica as criaturas. Naquela tarde, soube que Jesus era, realmente, um profeta de Deus e lhe pedi: - Senhor, dá-me desta água!
Perguntemos a João Batista e ele nos responderá:
· Jesus nasceu no instante em que, chegando ao rio Jordão, pediu-me que o batizasse. E, ante a meiguice do Seu olhar e a majestade da Sua figura pude ouvir a mensagem do alto: “- Este é o meu filho amado, no qual pus a minha complacência!” E compreendi que chegara o momento Dele crescer e eu diminuir, para a glória de Deus.
Perguntemos à mulher pecadora e ela nos responderá:
· Jesus nasceu na praça pública de Cafarnaum, quando, colocada na Sua frente, Ele olhava para a multidão que reclamava o meu apedrejamento, serenamente falou “Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra. Passado algum tempo, tomou as minhas mãos, levantou-me do chão e perguntou: - Mulher, onde estão os teus juízes? Ninguém te condenou? Também Eu não te condeno. Vai e não peques mais. Saí dali, experimentando uma sensação nova no meu espírito que transformou a minha vida.
Perguntemos a Lázaro e ele nos responderá:
· Jesus nasceu em Betânia, na tarde em que visitou o meu túmulo e disse: - Lázaro, levante e venha para fora. Naquele momento compreendi, finalmente, que Ele era a Ressurreição e a vida.
Perguntemos a Judas Iscariotes e ele nos responderá:
· Jesus nasceu no instante em que eu assistia a Seu julgamento e condenação, e as 30 moedas que recebera em pagamento, por tê-Lo entregue aos juízes, queimavam em minhas mãos. Ao devolvê-las para os sacerdotes, compreendi que Jesus estava acima de todos os tesouros terrenos e era, verdadeiramente, o Messias.
Perguntemos, finalmente, a Maria de Nazaré, onde e quando nasceu Jesus, e ela nos responderá:
· Jesus nasceu em Belém, sob as estrelas, que eram focos de luzes guiando os pastores e suas ovelhas ao berço de palha. Foi quando o segurei em meus braços pela primeira vez, que senti cumprir-se a promessa de um novo tempo, através daquele Menino que Deus enviara ao mundo, para ensinar aos homens a lei maior do amor.
Agora pensemos um pouquinho: E para nós, quando e onde nasceu Jesus?
Uma vez demonstradas as evidentes contradições cronológicas acerca do nascimento de Jesus, com informações e materiais de pesquisa para os estudiosos, estamos convictos de que a nossa maior tarefa, nos naturais anseios de aprender, será, invariavelmente, aperfeiçoar nosso ser aos moldes das magnas lições do Eterno Amigo da Humanidade.
Referências:
1. Revista Veja de janeiro de 1987;
2. Enciclopédia O Mundo do Saber, Editora Delta-Volume 1;
3. 2761 anos já se passaram da fundação de Roma;
4. (Luc. 3: 1 a 6);
5. O calendário gregoriano, aceito nos nossos dias em praticamente todo o mundo, só passou a vigorar a partir de 1582, quando foi promulgado pelo Papa Gregório XIII, tendo posteriormente sido gradualmente aceito por todos os países;
6. Tibério César sucedeu Augusto, que morreu no dia 19 de agosto do ano 767 da fundação de Roma, 14 da nossa era, quando assumiu de fato o título de César e começou a governar. Portanto, João começou a pregar no ano 28. O batismo de Jesus, antes da Páscoa de 29, estava com 35 anos. E na crucificação ocorrido no ano 31 da nossa era, 784 da fundação de Roma, Jesus tinha 38 anos de idade;
7. O historiador judeu Josefo afirma que Herodes morreu nos primeiros meses do ano 4 a.C. após um eclipse da lua, que ocorreu entre 13 e 14 de março do ano 4 a.C. Portanto, pelo calendário vigente, o Rei Herodes, o infanticida, teria morrido quatro anos antes de Jesus nascer! Há muitos estudos históricos e astronômicos sobre isso;
8. disponível no site http://www.espirito.org.br/portal/cursos/amilcar/cap02.html , acessado em 12/12/2008;
9. Xavier, Francisco Cândido. Crônicas de Além Túmulo, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, RJ: Ed. FEB, 2001, cap. A Ordem do Mestre;
10. O 25 de dezembro é obviamente uma data simbólica. Nesse dia, como vimos (Saturnais ) ocorria em Roma o festival pagão do Solis Invictus (Sol Invencível). Realizado logo depois do solstício de inverno - quando o percurso aparente do Sol ocupa sua posição mais baixa no céu - o evento celebrava o triunfo do astro, que voltava a ascender no firmamento. Muito cedo, os cristãos associaram as virtudes solares a Jesus, atribuindo-lhe várias qualidades do deus Apolo. Isso aconteceu por volta do ano 330 d.C.
(*) publicado originalmente no site https://www.espiritismo.net/node/16425/

COMENTÁRIO ELABORADO PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - IA (GEMINI)
ResponderExcluir1. A Tese Central: O Erro de Dionísio
O texto fundamenta-se no fato histórico de que o calendário atual (Era Cristã) possui um erro de cálculo de cerca de 4 a 6 anos. O autor destaca que Dionísio, o Pequeno, no século VI, equivocou-se ao datar o nascimento de Cristo, o que projeta a idade de Jesus na crucificação para os 38 anos, e não os tradicionais 33.
2. Fundamentação Histórica e Científica
O artigo utiliza argumentos sólidos para sustentar a revisão das datas, citando:
O Censo de César Augusto: Ocorrido entre 8 e 5 a.C.
A Morte de Herodes: Registrada historicamente em 4 a.C., o que obriga o nascimento de Jesus a ser anterior a esta data.
Fontes Diversas: Cruza informações de enciclopédias, declarações papais e literatura espírita (Humberto de Campos/Chico Xavier) para dar pluralidade ao argumento.
3. A Desconstrução do Natal Comercial
Há uma crítica pertinente à data de 25 de dezembro, explicando sua origem na festa pagã Saturnais. O autor utiliza esse ponto para questionar o "Natal comercial", que prioriza o consumo em vez da memória do "aniversariante".
4. A Perspectiva Espiritualista
O ponto alto do texto é a transição do rigor histórico para a subjetividade religiosa. Ao citar o pseudônimo Vinícius, o artigo argumenta que o "local e a data" exatos do nascimento são secundários.
O verdadeiro nascimento de Jesus ocorre no momento da transformação íntima de cada indivíduo. Essa abordagem humaniza as figuras bíblicas (Madalena, Pedro, Paulo) ao transformar o "nascer" em um evento de despertar de consciência.
Conclusão
O artigo é bem-sucedido ao informar o leitor sobre fatos históricos muitas vezes ignorados, sem perder o foco na mensagem ética e moral. Ele conclui que, embora a ciência e a história busquem a precisão dos fatos, a eficácia do Cristianismo reside na prática do amor e no aperfeiçoamento do ser.
Gostaria que eu extraísse uma tabela comparativa com as datas citadas no texto para facilitar a visualização da cronologia?