Pular para o conteúdo principal

A MAIOR DE TODAS AS POTÊNCIAS

 

 

Por Doris Gandres

“É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um alvo determinado. A vontade é a maior de todas as potências... Cada alma é um foco de vibrações que a vontade põe em movimento...” Léon Denis (livro O Problema do Ser)

Lamentavelmente (ou não), o homem não tem plena consciência do que verdadeiramente significa a vontade. Essa potência rege toda a nossa vida, mesmo quando dela não nos damos conta. Não nos basta simplesmente pensar; não nos basta simplesmente sentir; não basta simplesmente querer... É necessário que essas três capacidades do Espírito recebam um impulso forte, profundo e direcionado a um determinado fim, determinado objetivo, se pretendemos realizar ou alcançar seja o que for.

Na Revista Espírita de dezembro de 1868, Allan Kardec assegura que “o pensamento é atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria; sem o pensamento, o espírito não seria espírito. A vontade não é atributo especial do espírito: é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento tornado força motriz”.

Ernesto Bozzano, no seu livro Pensamento e Vontade, afirma que “nada é tão importante para a Ciência e para a Filosofia, como averiguar que a força do pensamento e a vontade são elementos plásticos e organizadores”. E continua: “ato criador, que leva, consequentemente, a identificar a individualidade humana, pensante, como Potência primordial, que tem no Universo a sua realização”.

É certamente por essa razão que, na q.132 de O Livro dos Espíritos, os Instrutores nos asseguram que “uma das finalidades da encarnação é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da criação”. André Luiz, no livro Nosso Lar, relata a existência de um departamento encarregado de manter a estrutura da colônia através da força criadora do pensamento de seus integrantes bem preparados, de alto padrão moral vibratório e capazes de manter esse padrão ininterruptamente.

O pensamento, potencializado pela vontade firme e persistente, cria uma sequência vibratória de tal ordem na substância do corpo mental que esta, sob esse impulso, exterioriza uma fração de si mesma, atraindo ainda para seu reforço matéria astral análoga à sua. Dessa forma, é criada a chamada “forma pensamento”, a qual, de certo modo, se torna uma entidade animada de intensa atividade, a gravitar em torno do seu criador. Atualmente, já podemos compreender melhor essas “criações”, visto existirem provas científicas desse efeito por meio de fotografias, sem falarmos dos médiuns videntes que já visualizaram e identificaram essas entidades, formas pensamentos, que aliás se desfazem à medida que não são mais alimentadas pelo pensamento e vontade geradores.

Walter Barcelos, em seu livro Minha Mente, Meu Mundo, no capítulo 5 – A Força Psíquica, no item 3, explana: “A organização extraordinária da mente atua em processo contínuo, sem jamais parar, criando energias psíquicas específicas, de acordo com o caráter, as qualidades morais e os pensamentos do espírito. Essas energias mentais, com características de imensa plasticidade, sofrem transformações determinadas pela força da nossa imaginação, que nasce da intensidade do desejo acalentado e da vontade determinada”.

E no item 4: “Armazenamos em nossa aura psíquica as próprias manipulações do pensamento, determinando uma vida íntima de calma ou de perturbação (...) assimilando e conservando todas as forças positivas ou negativas que acumulamos na rede eletromagnética sutil da mente, assim como a influência benigna ou maligna de todas as mentes com que estivermos em profunda comunhão psíquica”.

Se uma só mente, um só pensamento, uma só vontade, pode gerar uma infinidade de situações, de condições, de coisas e até mesmo criaturas momentaneamente animadas de uma vida fictícia, o que dizer de um agrupamento de mentes fixando suas energias no mesmo sentido, no mesmo objetivo? Lembramos ainda Denis, no mesmo livro e tema, quando esse grande filósofo espírita adverte: “Uma sociedade é um agrupamento de vontades que, quando unidas, concentradas num mesmo fito, constituem um centro de forças irresistíveis. As humanidades são focos mais poderosos ainda, que vibram através da imensidade”.

Então, cada vez mais compreendemos a grande lição do Mestre Maior, Jesus de Nazaré, quando recomendou: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”. Diante de tanto poder que essa potência maior nos confere, e mediante o nosso ainda precário conhecimento e a nossa insipiente elevação moral e amorosa, entendemos finalmente o quanto necessitamos ainda nos vigiar, a fim de não cairmos na tentação de utilizar essa potência de que somos detentores de forma equivocada – como aliás vimos fazendo, infelizmente, há tantos milênios.

Contudo, hoje, nós, humanidades, excetuadas algumas poucas ainda reticentes, já começamos a nos conscientizar e a buscar um novo caminho, uma nova direção para nossos ideais e aspirações, munidos dessa mesma potência agora mais bem direcionada. Já são incontáveis as novas posturas e novas atitudes a favor do bem comum, abrangendo toda a criação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

“TUDO O QUE ACONTECER À TERRA, ACONTECERÁ AOS FILHOS DA TERRA.”

    Por Doris Gandres Esta afirmação faz parte da carta que o chefe índio Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854! Se não soubéssemos de quem e de quando é essa declaração poder-se-ia dizer que foi escrita hoje, por alguém com bastante lucidez para perceber a interdependência entre tudo e todos. O modo como vimos agindo na nossa relação com a Natureza em geral há muitos séculos, não apenas usando seus recursos, mas abusando, depredando, destruindo mananciais diversos, tem gerado consequências danosas e desastrosas cada vez mais evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que 10 milhões de toneladas de plásticos diversos são jogadas nos oceanos todo ano! E isso sem considerar todas as outras tantas coisas, como redes de pescadores, latas, sapatos etc. e até móveis! Contudo, parece que uma boa parte de nós, sobretudo aqueles que priorizam seus interesses pessoais, não está se dando conta da gravidade do que está acontecendo...

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

"ANDA COM FÉ EU VOU..."

  “Andá com fé eu vou. Que a fé não costuma faiá” , diz o refrão da música do cantor Gilberto Gil. Narra a carta aos Hebreus que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Cremos que fé é a certeza da aquisição daquilo que se tem como finalidade.

O CERNE DA QUESTÃO DOS SOFRIMENTOS FUTUROS

   I Com o advento da concepção da autonomia moral e livre-arbítrio dos indivíduos, a questão das dores e provas futuras encontra uma nova noção, de acordo com o que se convencionou chamar justiça divina. ***   Inicialmente. O pior das discussões sobre os fundamentos do Espiritismo se dá quando nos afastamos do ponto central ou, tão prejudicial quanto, sequer alcançamos esse ponto, ou seja, permanecemos na periferia dos fatos, casos e acontecimentos justificadores. As discussões costumam, normalmente e para mal dos pecados, se desviarem do foco e alcançar um estágio tal de distanciamento que fica impossível um retorno. Em grande parte das vezes, o acirramento dos ânimos se faz inevitável.

FUNDAMENTALISMO AFETA FESTAS JUNINAS

  Por Ana Cláudia Laurindo   O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando, por isso precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando sobre as novas gerações.

JESUS TEM LADO... ONDE ESTOU?

   Por Jorge Luiz  A Ilusão do Apolitismo e a Inerência da Política Há certo pedantismo de indivíduos que se autodenominam apolíticos como se isso fosse possível. Melhor autoafirmarem-se apartidários, considerando a impossibilidade de se ser apolítico. A questão que leva a esse mal entendido é que parte das pessoas discordam da forma de se fazer política, principalmente pelo fato instrumentalizado da corrupção, que nada tem do abrangente significado de política. A política partidária é considerada quando o indivíduo é filiado a alguma agremiação religiosa, ou a ela se vincula ideologicamente. Quanto ao ser apolítico, pensa-se ser aquele indiferente ou alheio à política, esquecendo-se de que a própria negação da política faz o indivíduo ser político.

NÃO SÃO IGUAIS

  Por Orson P. Carrara Esse é um detalhe imprescindível da Ciência Espírita. Como acentuou Kardec no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: “Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram”, sendo esse destacado no título um deles. Sim, porque esse detalhe influi diretamente na compreensão exata da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos. Aliás, vale dizer ainda que é no início do referido item que o Codificador também destaca: “(...) os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos (...)”.

A HISTÓRIA DA ÁRVORE GENEROSA

                                                    Para os que acham a árvore masoquista Ontem, em nossa oficina de educação para a vida e para a morte, com o tema A Criança diante da Morte, com Franklin Santana Santos e eu, no Espaço Pampédia, houve uma discussão fecunda sobre um livro famoso e belo: A Árvore Generosa, de Shel Silverstein (Editora Cosac Naify). Bons livros infantis são assim: têm múltiplos alcances, significados, atingem de 8 a 80 anos, porque falam de coisas essenciais e profundas. Houve intensa discordância quanto à mensagem dessa história, sobre a qual já queria escrever há muito. Para situar o leitor que não leu (mas recomendo ler), repasso aqui a sinopse do livro: “’...