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CRÔNICAS DO COTIDIANO: SIM, A RIQUEZA É "PECADO"!

 

Por Jorge Luiz

                O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Ocupa o oitavo lugar no ranking mundial e quarto na América Latina. Parcela de 1% da população do Brasil (equivalente a 2,1 milhões de pessoas), controla 49% das suas riquezas, equivalentes a 8,1 trilhões e 50% dos brasileiros não possuem nada, só dívidas. A taxação dos investimentos financeiros aplicados em offshore (1) pelo Estado poderá oferecer uma receita para a União de US$ 24 bilhões em 2023, suficiente para financiar um terço do programa Minha Casa Minha Vida. Apesar de esse público só representar 0,001% da população nacional, mexer nesse vespeiro não é fácil, principalmente quando se fala em tributação das suas riquezas. As reações contrárias acontecem em diversos setores da sociedade, uma delas é de um desses super-ricos que se saiu com uma pérola: ser rico não é pecado. Será essa afirmativa verdadeira?

            Abordar esse tema, mesmo entre os espíritas, não é tarefa fácil. Nasce-se e se cresce em um universo de subjetividades ideológicas que aprisionam e oprimem os indivíduos, e se considera o mundo ideal de se viver e conviver. Opõe-se a qualquer mudança desse statuos quo.

            O bilionário americano Warren Buffet, há pouco mais de uma década, ao defender a taxação dos ricos, afirmou à CNN, com experiência de causa, que: “Claro que há luta de classes, e é a minha classe, a dos ricos, que está lutando, e estamos vencendo. ”  

É natural e esperado que os ricos, detentores das riquezas do mundo, saiam vencedores, pois possuem a arma principal desse combate: o capital. As estratégias dos detentores das riquezas vêm através dos aparelhos ideológicos de Estado, como igrejas, escolas, universidades, judiciário, partidos políticos, que incutem a falácia da meritocracia alienando a todos a respeito da possibilidade de ser milionário. Infelizmente, isso fez com que os trabalhadores tenham esquecido da ditadura do proletariado, pregado por Karl Marx, fazendo-a fora de moda. O Estado, que deveria ser o campo neutro para a conciliação dessa batalha, é a principal arma dos detentores das riquezas quando as transformam em poder. As privatizações facultadas pelo Estado são as rapinagens resultantes do favorecimento dessa “luta”.

O professor, jurista e filósofo marxista do direito Alysson Mascaro, ao afirmar que o Estado não tem fins neutros, assim se expressa:

 

“O capital só existe com o direito e o Estado – sendo a legalidade a resultante da conformação dessas formas –, mas, ao mesmo tempo, toda ordem estatal e toda legalidade só existem em função do capital. ”

 

É importante frisar que o capitalismo não é um modelo de sociabilidade humana, muito pelo contrário, é um processo histórico, que com suas mutações da forma da mercadoria, demonstra que o Estado não está apto aos desejos de quem sonha com as lutas socialistas, serve apenas para alguns, na força material e institucional, com fins de acumulação             

O economista francês Thomas Piketty, que se tornou figura de destaque internacional com seu livro O Capital no século XXI, demonstra que, nos países desenvolvidos, a taxa de acumulação de renda é maior do que as taxas de crescimento econômico. Ele assinala:

 

“Quando a taxa de remuneração do capital ultrapassa a taxa da produção da renda, como ocorreu no século XIX e parece provável que volte a ocorrer no século XXI, o capitalismo produz automáticas desigualdades insustentáveis, arbitrárias, que ameaçam de maneira radical os valores de meritocracia sobre os quais se fundam nossas sociedades democráticas.”

        

            A meritocracia é um engodo. Não há riquezas possíveis de serem conquistadas através dela. Piketty inclui em seus estudos a tragédia balzaquiana Pai Goriot, publicada em 1835, período da Belle Époque, que retrata a impossibilidade de se alcançar, àquela época, a riqueza pelo trabalho e pelos estudos, e, tão somente, pela herança. Piketty considera que a situação irá se repetir no século XXI:

 

“É muito provável que a herança desempenhe no século XXI um papel significativo e comparável ao que ela teve no passado.”

 

            Esses fatores assinalam que a estrutura da desigualdade no século XXI será a mesma que existiu no século XIX, e é fácil de se perceber isso, até por força do viés financeiro do capital, antes, exclusivamente fundiário, eminentemente especulativo (improdutivo).

            Nesse emaranhado de contradições, a meritocracia só aguça o ódio de classes, que descamba ao ódio à democracia, ao socialismo e ao comunismo, mesmo para os que os ignoram em suas estruturas ideológicas e cristãs. Fica patente que as sociedades ditas democráticas modernas são rigorosas no aspecto meritocrático, quanto aos perdedores, pois consideram suas dominações econômico-sociais na justiça, na virtude e no mérito, e, portanto, na insuficiência de sua produtividade. Piketty, ouvindo as elites estudadas, afirma: “(...) as “elites educadas” insistem antes de tudo em seu mérito e em suas qualidades morais pessoais, que elas formulam especialmente ao utilizarem os termos rigor, paciência, trabalho, esforço e assim por diante (mas também tolerância, gentileza, etc.). ” Poços de virtudes, afinal, aos domingos estão cantando louvores ao Senhor em seus templos, enquanto milhares de irmãos padecem de fome, frio, sede. Outros milhares, inclusive crianças, dormem ao relento. Os resultados da meritocracia são esses, patenteados pelo Estado com a criação do Contrato de Trabalho. A elite brasileira legalizou a escravidão.

            Os Espíritos Reveladores, respondendo sobre a riqueza associada às más paixões, sugerem essa reflexão (questão nº 808-a de O Livro dos Espíritos):

 

“(...) Remonta à origem e verás se é sempre pura. Sabes se no princípio não foi fruto de uma espoliação ou de uma injustiça? Mas sem falar em origem, que pode ser má, crês que a cobiça de bens mesmo, os melhores adquiridos, e os desejos secretos que se concebem de possuir o mais cedo possível, sejam sentimentos louváveis? Isso é o que Deus julga, e te asseguro que o seu julgamento é mais severo que dos homens.”

           

            Vê-se, pois, que a compreensão de “pecado” oferecida pelos Luminares é tudo aquilo que viola as Leis Naturas, insculpidas na Consciência, como está posto na questão nº 621, de O Livro dos Espíritos.

            Jesus não poderia deixar de ser assertivo nessa questão, quando conviveu com o ódio de classe que ainda paira sobre a Humanidade. Lembre-se que o caráter proletário dos chamados “nazarenos” é fundamental para que, remontando ao passado, chegue-se cada um às suas conclusões para se entender o caráter das primeiras comunidades cristãs. O ódio de classes não deixará de existir, enquanto perdurar a divisão da sociedade entre classes.

Ouça-se Jesus, no diálogo com o jovem rico:

 

“Vende o que tens, dá aos pobres e terás tesouros no céu; então vem e segue-me.(...)Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Deveras, é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.”

 

O revisionismo ao longo da história fez essa passagem do Evangelho de Mateus ficar mais suave e fez esse Evangelho ser o preferido da Igreja: “Se queres ser perfeito, anda, vende o que tens e dá aos pobres. ”

 

            Karl Johann Kautsky (1854-1938) foi um filósofo tcheco-austríaco, jornalista e teórico marxista e um dos fundadores da ideologia social-democrata. Ao estudar as origens do cristianismo, atesta:

“O leitor observará que ser rico e gozar da riqueza é considerado um crime, merecedor do castigo mais cruel.” (...) Poucas são as ocasiões em que o ódio de classe do moderno proletariado assumiu formas tão fanáticas como as do proletariado cristão. Nos curtos momentos em que, até agora, o proletariado de nossa época atingiu o poder, nunca se preocupou em vingar-se do rico.”

 

            Continua Kautsky:

 

“Todas as vezes que os combatentes da liberdade e da igualdade alcançaram a vitória, transformaram-na sempre em nova base para a opressão e a desigualdade. Todo o curso da história se apresenta como um ciclo que sempre volta ao seu começo, eterna repetição do mesmo drama, sem um avanço real para a humanidade.”  

 

            Insere-se nesse contexto a expansão da Teologia da prosperidade, originada no século XIX, introduzida no Brasil na década de 1970, através da Igreja Universal do Reino de Deus, cujo aporte doutrinário por meio do qual se exalta as benesses da riqueza e do dinheiro. Nesse sentido, a Teologia da Prosperidade caracteriza-se pelas novas redefinições que conferiu ao neopentecoslatismo. Vê-se, pois, que surge com o propósito único de fazer frente à Teologia da Libertação, que surge na década de 1960, considerada como um movimento supradenominacional, suprapartidário e inclusivista de teologia política, que engloba várias correntes de pensamento que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais.  Ela foi descrita pelos seus proponentes como uma reinterpretação analítica e antropológica da fé cristã, em vista dos problemas sociais, mas seus oponentes a descrevem como um marxismo, relativismo e materialismo cristianizado.

            O cristianismo de hoje é um simulacro da mensagem do Nazareno a respeito do reino dos Céus.

            Nesse contexto, pensar a tragédia da sociedade brasileira é fundamento pedagógico para a compreensão do que se propõe essa resenha.

            Contudo, vamos a São João Crisóstomo (347-407), que foi arcebispo de Constantinopla e um dos mais importantes patronos do cristianismo primitivo, conhecido como “Boca de Ouro”, devido aos sermões combatentes que proferia, cujo pensamento dialoga com os Espíritos Superiores:

 

“(...) não vamos acreditar que aqueles eternamente devorados por uma cobiça insaciável, que sentem eterna sede pelos bens dos outros, possam dispor de uma perfeita saúde da alma nem de uma abundância real. Não pensemos que desfrutam de alguma abundância. Pois poderia ser considerado afluente aquele que não consegue controlar a própria cobiça, mesmo depois de ter se apropriado de todos os bens dos outros? ”

 

Por seu turno, São João da Cruz (1542-1591), místico, sacerdote e frade carmelita espanhol venerado como santo pelos católicos, foi um dos mais importantes expoentes da contrarreforma. Não se detém nas repercussões no além, conforme fala a dogmática católica entre céu e inferno, mas aqui, onde as consequências criminosas da acumulação se materializam e têm que ser consideradas:

 

“mais aprecia o demônio a privação de um só quilate daquela riqueza do que a queda de muitas outras almas em numerosos e gravíssimos pecados.”

           

            Jesus não era um teórico ou mesmo utópico. Percebendo que o mundo oficial não serviria para seu reino, como ainda hoje, ele tomou partido disso com uma habilidade extrema. Não havia como unificar toda a sociedade em seus ensinos. Deixa de lado todo o mundo de coração frio e estreitos preconceitos, volta-se para os simples, esses sim, já haviam iniciado a convivência real, e orienta aos seus Apóstolos:

           

“O reino dos céus está próximo. (...) Não leveis ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos. Nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão; pois digno é o trabalhador do seu alimento. (...). Se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela cidade, sacudi o pó de vossos pés. (...).”

           

            Nem todos pobres! Nem todos ricos, como temem ou desejam alguns, mas sim; igualdade e liberdade. O reino dos céus é um processo gradativo que se construirá em etapas que demandarão às sociedades, em uma longa jornada - fases interligadas – democracia, socialismo e comunismo

            É preciso entender, porquanto, que o apego à propriedade, representado pela avareza, foi e é o cerne da moral cristã.

            O Espírito Cheverus, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, orienta:

 

“Mas qual é, então, o melhor emprego da fortuna: Procurai nestas palavras: ‘Amai-vos uns aos outros’, a solução desse problema, pois nelas está o segredo da boa aplicação das riquezas.”

 

            A minha compreensão acerca da afirmativa do Espírito Cheverus, se consolida na aplicação das riquezas produzidas, coletivamente.

            A corrupção e a injustiça são a gênese da ideologia do capital. Afirma Mascaro:

 

“Não há limites éticos, morais, culturais ou sociais ao moto contínuo da determinação econômica capitalista – a acumulação não reconhece fronteiras.”

 

Referências:

CRISÓSTOMO, São João. A riqueza e a pobreza. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.

CRUZ, São João da. Cânticos espirituais. Fortaleza: SHALON, 2008.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: LAKE, 2004.

_____________. O evangelho segundo o espiritismo. São Paulo: LAKE, 2004.

KAUTSKY, Karl. A origem do cristianismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

MASCARO, Alysson. Crise e golpe. São Paulo: Boitempo, 2010.

PIKETTY, Thomas. O capital. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022.

RENAN, Ernest. Vida de Jesus. São Paulo: Martin Claret, 2020.

VINÍCIUS. Nas pegadas do mestre. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

 

        

 

 

(1) O termo offshore – que significa algo como “fora da costa” – refere-se a uma forma de investir no exterior, seja por meio de uma conta bancária ou de uma empresa constituída em outro país. Em outras palavras, uma offshore existe quando o proprietário da conta ou empresa mora em um país e realiza negócios em outros.

Comentários

  1. Texto ótimo. Importante nesse momento que podemos enfim taxar as grandes riquezas

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  2. Leonardo Ferreira Pinto28 de setembro de 2023 às 18:42

    Esse debate é fundamental. Esse texto muito contribui.

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  3. Excelentes reflexões Jorge Luiz, trazendo referências idôneas e firmadas em fatos reais sociais de desigualdades inaceitáveis. Capitalismo é o monstro genocida econômico, cultuado não só pelos poderosos mas até pelos menos favorecidos ao aumentarem o valor de seus serviços e produtos p.ex. durante escassez devido a catástrofes as mais diversas. Gratidão. Doris Gandres.

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