Pular para o conteúdo principal

O DESPERTAR DA HUMANIDADE

 


 Por Doris Gandres

Uso do livre-arbítrio em uma nova rota de felicidade.

A humanidade vem construindo seu caminho no decorrer das eras mediante dificuldades vencidas "a duras penas" (como se diz); e chegou a um ponto na escala evolutiva em que, como bem frisou Kardec em O Livro dos Médiuns, já não se satisfaz com "engananças da meninice".

Convivemos hoje ainda com criaturas cuja ambição e egoísmo se sobrepõem à razão e ao bom-senso e que, em vista disso, audaciosos e intrigantes que são (OLE q.932), conseguem destacar-se no meio em que estão inseridos.  Estes, muitas vezes detentores de poder público, fazem promessas de realizações e mais realizações a bem da coletividade que jamais se realizam; muitos de nós conhecemos a famosa assertiva: "vamos fazer o bolo crescer para depois dividir" - só que não disseram entre quem e a partilha foi e continua sendo feita entre muito poucos...

A moderna tecnologia permite-nos conhecer quase que imediatamente todos os fatos ocorridos através o mundo; os pronunciamentos e decisões de chefes de estado e outros responsáveis por nossas condições de vida sócio-econômico-cultural, particularmente os de grandes potências sobretudo bélicas, chegam-nos praticamente no mesmo instante - há alguns anos tivemos até mesmo a oportunidade de assistir a uma guerra pela televisão...

Sabemos contudo que, na verdade, em grande parte, só tomamos conhecimento do que interessa a essas tais potências; sabemos que aqui em nosso país poucas famílias detêm os meios de difusão em grande escala, os quais trabalham, de um modo geral, sempre em conformidade com os interesses das oligarquias e das minorias dominantes.

No entanto, há uma grande massa de indivíduos que já despertaram para a necessidade de mudanças drásticas de conceitos e procedimentos, caso queiram se situar na vida e no mundo de forma mais digna e tranquila.

De uma forma ou de outra, vem-se buscando o entendimento do homem como um ser mais completo e mais rico intimamente, e não apenas simplesmente como uma máquina orgânica dotada de maior ou menor inteligência, preparada unicamente para auferir lucro e prazer a qualquer custo.

Os direitos humanos são hoje mais amplamente conhecidos, assim como melhor entendidos, ou seja, já percebemos mais ou menos claramente que direito adquirido é resultante do dever cumprido...  Compreendemos atualmente de forma um pouco mais profunda a necessidade da implantação da justiça para todos, justiça essa calcada no amoroso conselho do grande homem e mestre Jesus de Nazaré: "fazer aos outros o que desejo que os outros me façam".

O homem já ergueu bonitas bandeiras, firmou belos propósitos, assinou bons contratos: a bandeira da liberdade, igualdade, fraternidade destacou-se no mundo e tremula até hoje em nossos corações; os propósitos da não proliferação de armas químicas e nucleares soam diariamente em nossos ouvidos; os contratos de preservação da natureza e do meio ambiente abrangem um número cada vez maior de nações...

São inúmeras as leis e estatutos que nos últimos anos vêm beneficiando a humanidade, particularmente no Brasil, onde a injustiça social imperou durante séculos e a desigualdade das condições de vida envergonhava todo cidadão com um mínimo de senso ético-fraterno; exemplos: o estatuto do idoso, do menor, de proteção à mulher, contra discriminação de todo tipo - criaturas essas geralmente abandonadas à própria sorte ou às benesses de uns poucos apiedados de sua situação...

Conta-se ainda com as regulamentações que auxiliam e protegem o pequeno agricultor, a pequena e micro empresa, as instituições beneficentes que atuam sem fins lucrativos...

Mas, o que se destaca particularmente é o despertar da grande maioria das criaturas, da humanidade em geral, para o potencial espiritualista e humanista existente em cada um, a crescente necessidade do desenvolvimento desse potencial, a conscientização de que só mediante esse desenvolvimento construiremos a paz e a harmonia entre os homens.  Em O Livro dos Espíritos (812ª), os amigos espirituais mais esclarecidos nos asseguram que "os homens se entenderão quando praticarem a lei de justiça".

Tudo isso e muito mais (como diz a canção) ainda tem que ser, em muitos casos, efetivamente implantado e também, em muitos casos, melhorado; outros meios e métodos para a melhoria das condições de vida terrena têm ainda que ser criados.

Porém nós, humanidade, já descobrimos a rota - falta-nos apenas acertar o rumo e singrar sem medo, sabedores dos perigos que nos espreitam, principalmente aqueles que ainda residem em nosso íntimo mas que podemos vencer com a força da nossa vontade e o exercício consciente do nosso livre-arbítrio.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

A CIÊNCIA DESCREVE O “COMO”; O ESPÍRITO RESPONDE AO “QUEM”

    Por Wilson Garcia       A ciência avança em sua busca por decifrar o cérebro — suas reações químicas, seus impulsos elétricos, seus labirintos de prazer e dor. Mas, quanto mais detalha o mecanismo da vida, mais se aproxima do mistério que não cabe nos instrumentos de medição: a consciência que sente, pensa e ama. Entre sinapses e neurotransmissores, o amor é descrito como fenômeno neurológico. Mas quem ama? Quem sofre, espera e sonha? Há uma presença silenciosa por trás da matéria — o Espírito — que observa e participa do próprio enigma que a ciência tenta traduzir. Assim, enquanto a ciência explica o como da vida, cabe ao Espírito responder o quem — esse sujeito invisível que transforma a química em emoção e o impulso biológico em gesto de eternidade.

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

RECORDAR PARA ESQUECER

    Por Marcelo Teixeira Esquecimento, portanto, como muitos pensam, não é apagamento. É resolver as pendências pretéritas para seguirmos em paz, sem o peso do remorso ou o vazio da lacuna não preenchida pela falta de conteúdo histórico do lugar em que reencarnamos reiteradas vezes.   *** Em janeiro de 2023, Sandra Senna, amiga de movimento espírita, lançou, em badalada livraria de Petrópolis (RJ), o primeiro livro; um romance não espírita. Foi um evento bem concorrido, com vários amigos querendo saudar a entrada de Sandra no universo da literatura. Depois, que peguei meu exemplar autografado, fui bater um papo com alguns amigos espíritas presentes. Numa mesa próxima, havia vários exemplares do primeiro volume de “Escravidão”, magistral e premiada obra na qual o jornalista Laurentino Gomes esmiúça, com riqueza de detalhes, o que foram quase 400 anos de utilização de mão de obra escrava em terras brasileiras.

A ESTUPIDEZ DA INTELIGÊNCIA: COMO O CAPITALISMO E A IDIOSSUBJETIVAÇÃO SEQUESTRAM A ESSÊNCIA HUMANA

      Por Jorge Luiz                  A Criança e a Objetividade                Um vídeo que me chegou retrata o diálogo de um pai com uma criança de, acredito, no máximo 3 anos de idade. Ele lhe oferece um passeio em um carro moderno e em um modelo antigo, daqueles que marcaram época – tudo indica que é carro de colecionador. O pai, de maneira pedagógica, retrata-os simbolicamente como o amor (o antigo) e o luxo (o novo). A criança, sem titubear, escolhe o antigo – acredita-se que já é de uso da família – enquanto recusa entrar no veículo novo, o que lhe é atendido. Esse processo didático é rico em miríades que contemplam o processo de subjetivação dos sujeitos em uma sociedade marcada pela reprodução da forma da mercadoria.

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.

"FOGO FÁTUO" E "DUPLO ETÉRICO" - O QUE É ISSO?

  Um amigo indagou-me o que era “fogo fátuo” e “duplo etérico”. Respondi-lhe que uma das opiniões que se defende sobre o “fogo fátuo”, acena para a emanação “ectoplásmica” de um cadáver que, à noite ou no escuro, é visível, pela luminosidade provocada com a queima do fósforo “ectoplásmico” em presença do oxigênio atmosférico. Essa tese tenta demonstrar que um “cadáver” de um animal pode liberar “ectoplasma”. Outra explicação encontramos no dicionarista laico, definindo o “fogo fátuo” como uma fosforescência produzida por emanações de gases dos cadáveres em putrefação[1], ou uma labareda tênue e fugidia produzida pela combustão espontânea do metano e de outros gases inflamáveis que se evola dos pântanos e dos lugares onde se encontram matérias animais em decomposição. Ou, ainda, a inflamação espontânea do gás dos pântanos (fosfina), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente.

A VIDA EM OUTROS MUNDOS COMO PRINCÍPIO ESPÍRITA

Por Sérgio Aleixo (*) Ressaltam a seu favor, os que reclamam atualizações doutrinárias, a dita de Kardec que afirma que, se uma verdade nova se revela, o espiritismo a aceita; todavia, omitem a condição estabelecida pelo mestre para que tal ocorra. De ordem física ou metafísica, novos informes que venham a integrar-lhe o cômputo de ensinos, necessariamente, já se devem encontrar no “estado de verdades práticas e saídas do domínio da utopia, sem o que o espiritismo se suicidaria”.[1] E essa praticidade consiste em quê? Análises rigorosamente filosóficas respaldadas, quanto possível, em pesquisas demonstradamente científicas. Tal é o espírito da doutrina. Leia-se mais atentamente a nota ao n. 188 de O Livro dos Espíritos: “De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, segundo os espíritos, a Terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente; Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter, muito superior, em todos os sentidos”.