sábado, 2 de abril de 2022

HAVERIA ESPAÇO PARA A POESIA NO MUNDO?

 


    A vida no planeta enfrenta múltiplos riscos. A maioria deles por incúria humana. Por exceção, outros que podem ser entendidos como o amadurecimento do orbe adolescente que ainda precisa passar por inúmeros freios de arrumação no trânsito de sua viagem sideral.

            A Natureza enfrenta perigo, porque a exploração de minérios gera a sanha de ambiciosos que não conseguem compreender que há limites para a destruição que se dispõe a gerar para saciar a ganância descabida.

            A população humana é agredida pela saga psicótica dos poderios econômicos que insistem em comandar os rumos da economia mundial a despeito de milhões de pessoas que se avolumam abaixo da linha da pobreza e nem sequer reúnem as condições para fazer uma única refeição ao dia.

            Bombardeios brutais explodem cidades e populações com uma frequência não alardeada pelos meios de comunicação, cujos acordos de paz não passam de disposições hipócritas, desde que são tais signatários que comercializam as armas de destruição que fazem as guerras.

            É lógico que faz sentido o clamor daqueles que repetem que, num contexto de mundo como esse, seja possível poetizar, poetar, versejar. É exatamente essa atitude que a vertente bélica e beligerante intenta gerar nas mentes humanas. O drama da vida diária é veneno que impede os voos do pensamento acima do conflito que dilacera tantas vidas.

Contemplar a beleza que se esconde sob os escombros de tantas aflições, não exatamente nos sofrimentos explícitos, mas na arte da vida que move cada pessoa humana, passa longe de ser tarefa fácil. Importa considerar que a falta da cultura da imortalidade é que move tanto a loucura destruidora e concentradora de riquezas quanto a dor dilacerante que alcança a tribo de aflitos que desfila mundo afora.

Houvesse certeza da imortalidade; convicção dos ciclos de existências; clareza das responsabilidades individuais e coletivas; visão futura das obrigações resultantes das decisões atuais. Então, haveria a possibilidade de intervalos poéticos numa realidade de agruras.

Significa que educar o mundo para a compreensão dos aspectos espirituais que envolvem a triste paisagem das sociedades humanas, em todas as suas versões temporais, pode ser a ferramenta de mudança que o mundo carece. Além de compreender e acolher a amargura de tantos que transitam ao desalento, nada mais recomendável àquele que percebe a mecânica da lei de causa e efeito, quanto a continuar repetindo a importância da ampliação dos valores espirituais na superação dos males que ainda castigam a população do planeta.

A poesia que cada um carrega dentro de si é tesouro que exige garimpagem constante. Despertar para a realidade espiritual enquanto encarnados é movimento na direção da sanidade mental diante de uma realidade que materializa e coisifica as pessoas. Espiritualizados podemos mais. Combater o mal sim. Jamais perder a poesia do amanhã.               

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