quinta-feira, 15 de outubro de 2020

POLÍTICA E A INQUIETAÇÃO DOS ESPÍRITAS

 


Há pouco tempo pude ouvir pela internet – em uma live, ecos de vozes federativas que comentavam sobre os espíritas que militam social e politicamente no Brasil, como fossem estes uns tipos previsíveis de “açambarcadores” da doutrina com intuitos partidários e eleitoreiros.

Ares de ironia (civilizada e caridosa) rondavam as falas, pois tais seres por certo não teriam conseguido compreender Kardec, que segundo diziam, não era favorável a nenhuma abordagem política nos centros espíritas. Quem quisesse se eleger para cargos políticos deveria ir para bem longe do Espiritismo, asseveravam.

Falaram muito sobre a ideia mediana de vivência espírita e não conseguiram ir além. Fechando o debate com jargões e frases também previsíveis, como caridade sem envolvimento político e amor sem compromisso histórico e social.

Há menos tempo ainda pude encontrar um texto grande que circula nas redes sociais com abordagem endereçada aos políticos que estão buscando votos no meio espírita seja à direita ou à esquerda. Trabalhado em sobejo moralismo e investidura asséptica (como os irmãos gostam) poderia ser excelente informativo se por trás de cada palavra não existisse a intencionalidade de desqualificar a ação política diante da magnitude do Espiritismo.

Entre aqueles e estes, estou optando pelos que ousaram sair da linha traçada e jornadeiam entre os acertos e os erros para resgatarem a ponte que liga Sociedade e Espiritismo pelas vias da atuação histórica mais política e menos assistencial.

A maioria dos que conheço não estão candidatos a nenhum cargo político neste pleito, e os poucos que estão, muito nos alegram pela iniciativa, afinal, são excelentes cidadãos demonstrando que além das bagagens adquiridas no convívio com espíritos e espíritas, possuem ideais de comunidade e utopias transformadoras.

Política em si, não desvirtua o Espiritismo, mas ao contrário, pode dele receber acréscimos de valores que devem colaborar para o alcance de outros estados sociais, com a valorização da vida e do ser para além das barreiras de classe, raça, orientação sexual, crença religiosa e similares.

Está cada vez mais óbvio o desconhecimento da maioria dos instituídos sobre os espíritas progressistas e suas pautas à esquerda ou anarquistas; e pela forma arrogante como aqueles se portam, por certo ainda levarão muito tempo para que arrefeçam as defesas prévias e opinativas e consigam dialogar.

Confesso que ficaria muito satisfeita se pudesse nesta e em muitas eleições ter a oportunidade de encontrar e votar em candidatos que além de militantes sociais, progressistas e de esquerda, fossem irmãos espíritas.

 

 

 

Um comentário:

  1. Argumento muito sensato. Ana Cláudia Laurindo é uma irmã em Jesus que me dá ânimo para seguir em frente nesse "mar" de espíritas magnânimos, só que não. Certa vez em uma aula do curso de Pedagogia Espírita, um professor disse: "Precisamos salvar o Espiritismo dos espíritas."
    Paz a todos! Gratidão pela oportunidade! Abraços

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