Pular para o conteúdo principal

COVID-19: A PRECE COMO CARIDADE


 
“Caridade! palavra sublime que resume todas as virtudes, tu deves conduzir os povos à felicidade; em te praticando, eles criaram para si alegrias infinitas para o futuro, e, durante seu exílio na Terra, tu lhes serás a consolação, o antegozo das alegrias que gozarão mais tarde, quando se abraçarão todos juntos no seio do Deus de amor.” São palavras do Evangelho Segundo o Espiritismo e nesta hora me permito banhar nas energias que elas nos trazem, recordando que mesmo onde tudo parece morte há vida.


A humanidade de quem escreve estas linhas tênues, frágeis nesta hora de espanto, é a primeira estampa de tudo o que expressamos. É a força e a fraqueza juntas, alternando faces, conjugando a esperança de evoluir mesmo quando tudo assemelha incertezas, porque é neste exato instante que entra a fé, e as vozes dos espíritos nos fazem recordar que a vida nunca cessa.

Esta vida corporal que tanto nos ilude em arrogâncias põe em evidência a força e a resistência do que pertence ao espírito e nos consola com a visão da eternidade.

Ontem eu despenquei pelos desfiladeiros do apego às formas, dos medos e das revoltas que perpassam a mente e ganham larguezas nas águas turvas dos pensamentos sobre impotência diante da dor. Mas a imersão fez o senso liberto e o emergir arregimentou consolo na caridade de quem ainda faz sentidas preces.

Oremos pelo mundo meus irmãos, sem medo do julgamento letrado, tantas vezes opresso por um status de esfriamento que não nos serve.

A caridade da prece diante da dor é profunda, silenciosa e potente. Oremos pelos nossos, que não compreendem o rigor desta prova e blasfemam afetando o senso de seguridade dos nossos ninhos.

O esforço de cuidar dos que nos são caros ao coração também é prova de beleza balsamizando os ares.

Se a pestilência das ações humanas nos exige tão alto preço ao menos tentemos converter a experiência dolorosa em fortalecimento íntimo, na confiança dos filhos pequenos aos braços dos pais. E a face materna de Deus nos traz serenidade desconhecida pelo comércio do mundo, e apazigua desesperos.

Sejamos caridosos para com os que insistem nos erros conhecidos, sem por isso silenciar os questionamentos nas horas oportunas. Contudo, nesta exata hora, lembremos de orar pelos que sofrem mais, e rogar o consolo às mães e pais, filhos e filhas, exemplos de nossa família maior reunida na prova suprema de agora.

Não nos envergonhemos de sentir, de sofrer e de amar os que sofrem mais. Não precisamos ser santos enquanto já nos basta sermos espíritos na saga da evolução.

Em respeito a tudo que já assimilamos até este pouso turbulento, oremos por nós mesmos, rogando a força de poder levantar sempre que o peso das circunstâncias nos levar ao solo.

Caridade para conosco, também tem validade quando a turbulência não cessa ao amanhecer e anuncia longas noites de tragédia. Cuidemos de nossas almas combalidas pela sensibilidade. E uns pelos outros, nos ocupemos de orar!

Vai passar, mas até que passe, oremos!

Comentários

  1. Vai passar. Tudo passa. Gosto sempre de brincar quando digo. Tudo passa. Até uva passa. Mas brincadeiras a parte que essa atual turbulência seja de muito aprendizado. Se realmente for para mudar a ordem dos fatores, penso que ainda está longe seu fim. Os objetivos ainda estão longe de serem alcançados. Que Deus nos dê graça e sabedoria para continuar. Oremos por todos, por tudo. Há de passar!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.