terça-feira, 27 de agosto de 2019

A TERRA É A NOSSA CASA







Ao assistir um programa sobre civilizações antigas em algum canal de tv a cabo, o apresentador destacava que ao se estudar as referências históricas disponíveis sobre elas, podia-se dizer que muito de seus ritos os ligavam a lugares fora da Terra, como se sentissem saudades desse lugar e dos moradores de lá, como se fossem deuses. Na mitologia espírita há crenças de migrações de Espíritos vindos para cá, coincidentemente na mesma época ou um pouco antes dessas civilizações antigas que datam de entre 6 mil  a 10 A.C.


No Livro dos Espíritos, Kardec se ateve a perguntar quando surgiu a vida na Terra, e consequentemente a vida espiritual. A resposta foi simples e direta, os gérmens da criação da vida estavam inertes no planeta desde sua formação, isso algo em torno de 4,5 bilhões de anos, segundo a ciência atual.

Mas, sob o olhar espírita,  pensando nessa saudade/nostalgia de um lugar lá fora que nos pertence, e onde nos sentiríamos melhor do que aqui, ao se ler o Livro dos Espíritos e lermos a escala dos mundos é possível que queiramos estar em algum lugar além da Terra, seja qual for nossa origem e condição espiritual, afinal aqui é um mundo de provas e expiações, onde o mal ainda supera o bem! Qualquer terráqueo desejaria viver num lugar melhor posicionado.

Contudo, se somos originários da Terra ou se acabamos aqui por meio de uma imigração planetária pouco deveria importar, afinal se 8 mil anos, no caso da mitologia das grandes migrações, ou se 4,5 bilhões de anos, no caso de seres originais da Terra, não foram suficientes para que nos sentíssemos em casa, há algum problema conosco.

Então, atrevo-me a dizer que há algo de errado conosco, pois uns esperam o paraíso, outros por mundo superiores e assim vamos dando pouco valor para nosso planeta e de que devemos dar conta de nossos problemas para com o próximo, seja na esfera individual, seja na esfera coletiva.

Entretanto, o próprio Livro dos Espíritos nos fornece a lógica da evolução, indicando que o espírito evolui individualmente e coletivamente, agindo sobre a matéria em um processo de aprendizagem que permite que cada um possa colaborar com Deus em sua criação e aos poucos ir avançando em sua formação e depuração em inteligência e bondade.

Dessa forma, por que pensar que alguém que está lutando para progredir ao morrer irá reencarnar em outro planeta como forma de recompensa, se há na Terra tanto a fazer e a “ajudar” Deus? Na lógica apresentada por Kardec, a Terra está sob nossa responsabilidade, onde reencarnamos e devemos evoluir dentro da ética de Jesus em relacionamento com os outros e manter esse planeta de forma a abrigar uma sociedade mais avançada. Prever fenômenos terríveis da natureza, pestes ou a colisão com algum corpo celeste para uma peneirada nos espíritos bons e maus para que depois se salve a Terra é tão romântico quanto olhar para o céu e imaginar que se está aqui por algum engano.

Quando a sonda Voyager passava por Saturno para seguir para fora do Sistema Solar em 1990, foi tirada uma foto de lá em direção à Terra. A intenção desse registro fotográfico, segundo o astrofísico Carl Sagan, que participava da missão analisando os dados recebidos, era dar aos humanos a perspectiva do que era a Terra a partir de uma visão cósmica: para nós tudo, para o universo apenas “um pálido ponto azul” perdido na vastidão do espaço. Suas conclusões a partir dessa imagem acabaram em um livro de 1994, de onde foi tirado um texto que viralizou na internet e foi editado para o relançamento da série Cosmos em 2014, programa original de Carl Sagan do início da década de 1980: Pálido Ponto Azul (1996 – versão em português):

Se temos problemas pessoais quando pensamos que a grama do vizinho é mais verde que a grama de nosso jardim, pense o tipo de problema ao transpormos isso para a esfera de comunidade, país ou planeta: caos! Não por acaso estamos destruindo nosso meio ambiente e vivendo em clima bélico em diversos níveis na sociedade.

O Livro dos Espíritos não direciona qualquer um a pensar em um juízo final, pelo contrário, trabalho e educação constante e nada mais; além de deixar claro que a cada qual segundo suas obras, não há privilegiados perante Deus. Carl Sagan, a partir de sua visão de mundo, nos coloca na Terra e vivendo para a Terra, clamando por nossa humanidade e irmandade, indo contra qualquer orgulho ou fome de poder, afinal, tudo que se possa conquistar nesse planeta é ridículo perante o universo e não vale a pena tanto esforço para se subjugar o próximo sob qualquer pretexto e forma.

Espíritos que circundam a Terra: aqui é nossa casa! Nosso dever é trabalharmos para salvá-la e acabar com toda a forma de abuso que não se alinhe com a ética de Jesus. Mudanças de casa, provavelmente, somente quando as coisas estiverem melhores nesse pequeno planeta perdido, quando então, é possível, que não queiramos mais mudar daqui!

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