sábado, 16 de fevereiro de 2019

RELAÇÕES EM FAMÍLIA


         

                    A família, como é conceituada na atualidade, é uma concepção relativamente recente, diferente do que muitos pensam se tratar de um grupo natural na evolução civilizatória da humanidade. Sua origem era constituída pelo senhor e seus servidores/escravos apenas, sem cônjuges ou filhos. Posteriormente por questões que atinavam para uma destinação dos bens hereditários (terras, ouro e outros valores) é que os grupos descendentes passam a compor o ideário de família gerando com isso a aceitação de uma ascendência, o que deu origem à árvore genealógica e com isso a constituição da família nos moldes tradicionais. 

          A visão em retrovisor mostra que a evolução social da humanidade, da barbárie aos nossos tempos, persegue uma forma apropriada de estabelecer padrões de relacionamentos que façam frente aos progressos de cada período da evolução. Por muitos anos a família ocupou um espaço que parecia inatingível de mudanças, mas a década de 1960 viria trazer uma série de entendimentos que, viajando por gerações que lhe sucederam, abriu conjecturas e controvérsias capazes de fazer repensar a visão de família estabelecida pela referência de unidade sócio-econômica e gerada pela força da consanguinidade.
          Apesar do conceito tradicional (pai, mãe e filhos) ainda ter hegemonia em nossa época, a compreensão do que significa uma família carece de revisões frequentes, mercê das mudanças de hábito, novas políticas de gênero e evolução sociológica obrigatória desses tempos e da escalada de evolução da sociedade ainda por chegar.
          Allan Kardec lançou questões aos Espíritos que foram respondidas com a sentença, “palavras e conceitos compete a vocês definirem (não necessariamente com essas expressões)”, o que talvez coubesse se questionada a definição de família. Entretanto, em O Livro dos Espíritos (q. 775) mostra exatamente a importância do papel da família na capitalização do progresso que a civilização aspira: “qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços de família? – uma recrudescência do egoísmo”. A virtude da compreensão dessas sentenças pode estar na nossa capacidade de perceber que os movimentos conceituais de cada tempo podem perfeitamente estar afinados com a importância capital da família na vida do indivíduo, independente do conceito que se lhe dê.
          A aspiração maior da humanidade é se tornar uma Família Universal, uma fundação que absolutamente nada tem a ver com consanguinidade ou herança financeira, condições apenas materiais e excludentes. Simplesmente a família, além de sua estrutura e formação deveria ser espaço de acolhimento, educação, exercício de convivência e tolerância, funcionando como laboratório para a iluminação do mundo. Sem importar se tradicional ou moderna, que a família ensine o respeito ao próximo mais próximo para fazer pontes em direção ao sujeito que passa na rua e faz parte de outra família, mas pode ser considerado irmão e assim igualmente acolhido. Usar a família para incrementar o egoísmo é exatamente andar em direção contrária a que ela propõe.
          Jesus unificou a família ao chamar Deus de Pai. Estar abertos ao movimento que gera novos grupos familiares é abrir os braços para a fraternidade universal, irmãos que somos

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