A Doutrina Espírita é pura e incorruptível,
porém, o movimento espírita é suscetível dos mesmos graves prejuízos que
dificultaram a ação do cristianismo tradicional, hoje bastante fracionado. Como
não se pode imaginar o espírita com duas condutas divergentes, a conduta do
homem e a conduta do espírita, também não se pode imaginar o movimento
espírita, ora acontecendo segundo os preceitos espíritas, ora segundo outros
preceitos duvidosos, aceitos equivocadamente no seu contexto em nome da
tolerância piegas.
Allan Kardec é único. Espiritismo também, por
conseguinte. O mestre lionês sempre preconizou a unidade doutrinária. Não há o
menor espaço para compor com outras ideias que não sejam, ou convergentes e em
uníssono com as suas, ou reflexos resplandecentes destas. Unidade doutrinária
foi a única e derradeira divisa de Allan Kardec, por ser a fortaleza
inexpugnável do Espiritismo. Por isso, necessita ser o nosso lema, o nosso
norte, a nossa bandeira. Como conseguir? O amor é a resposta.
Não há o amor quando se impõe teorias e
práticas exóticas, ou não afinadas com a simplicidade e pureza dos trabalhos
espíritas, comprometendo o projeto doutrinário. Quem compreende essa situação
deve trabalhar para modificá-la. A via mais segura, para isso, é o amor
incondicional, o esclarecimento, o estudo, o convencimento pela razão e pela
tolerância, jamais pelos melindres tacanhos.
Os espíritas não são proibidos de coisa alguma,
mas sabendo que devem arcar com a responsabilidade de todos os atos,
conscientes do desequilíbrio que possam praticar. Não podemos fingir que tudo
está em ordem e harmônico às mil maravilhas ou que somos sublimes
cristãos. O Espiritismo não aceita
“donos da verdade”, até porque a espiritualidade e Kardec ensinam que a Revelação
Espírita é progressiva, não estando completa em parte alguma e nem precisamos
fazer um esforço descomunal para nos cientificarmos de que são raros os centros
espíritas que podem se dar ao luxo de praticar a mediunidade na sua mais pura
acepção.
Em nome de um “Espiritismo plural”,
consternamo-nos diante de alguns centros espíritas que propõem aplicações de
luzes coloridas (cromoterapias) para higienizar auras humanas e curar
(pasmem!): azia, cálculo renal, coceiras, dores de dente, gripes, soluços em
crianças, verminose, frieiras. Se não bastasse, recomenda-se até carvãoterapia
(?!) para neutralizar “maus-olhados”. Nesse sentido, segundo creem, é só
colocar um pedaço de tora de carvão debaixo da cama e estaremos imunes do
grande flagelo da humanidade – o “olho comprido”. Não satisfeitos, ainda têm
aqueles que “engarrafam” literalmente os obsessores. Há as inusitadas
piramideterapias, gatoterapia (?) sobre isso, conheço alguém que possui cinco
gatos em casa para “atrair” as energias negativas, cristalterapias e mais uma
infinidade de terapias bizarras, aplicam-se, até, passes magnéticos nas paredes
dos centros para “descontaminá-las”.
Por falta de unidade doutrinária (repetimos) há
dirigentes promovendo casamentos, crismas, batizados, além das sempre “justificadas”
rifas e tômbolas nos centros, tribuna para a propaganda político-partidária,
preces cantadas. Isso, para não aprofundar nos inoportunos trabalhos de passes
com bocejos, toques, ofegações, choques anímicos (?), estalação dos dedos,
palmas, diagnósticos com uso de “vidência”: sobre doenças e obsessões, etc.
Desconfiemos de movimentos que não cultivam a
simplicidade e priorizam fenômenos mediúnicos, mandamentos, hierarquias.
Ajudemos a proscrever os Movimentos centrados na autoridade, na opressão, na
exclusão, na submissão, na discriminação, na desqualificação de quem não abraça
o mesmo preceito.
O Cristo não tinha religião. Nós é que, ao
institucionalizar diferentes experiências espirituais, criamos as religiões. Já
que criamos o movimento religioso avaliemos se a nossa doutrina é amorosa ou
excludente, semeadoras de bênçãos ou ainda se ajoelha diante do poder do
dinheiro.
Espírita-cristão deve ser o nome do nosso nome,
ainda mesmo que respiremos em aflitivos combates íntimos. Espírita-cristão deve
ser o claro objetivo de nossa instituição, ainda mesmo que, por isso, nos
faltem as passageiras subvenções e honrarias terrestres.
(1) O
modelo e guia de toda a humanidade é o Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo.
fonte: http://aluznamente.com.br/estranhos-movimentos-espiritas/
Nenhum comentário:
Postar um comentário