terça-feira, 14 de novembro de 2017

FORÇA ESTRANHA¹








A arte traz em sua essência um recado que pode ser quando bem codificada, uma seta que indica o caminho. Na canção Força Estranha, de autoria de Caetano Veloso, interpretada por tantos e lançada por Roberto Carlos no final da década de 70, o autor “fala por isso uma força me leva a cantar, por isso essa Força Estranha no ar”. E a pergunta que não quer calar surge: quem ainda não experimentou essa força que parece emergir no nada e nos faz resistir à onda que nos quer jogar lá adiante?

Essa força é invisível, às vezes suave e de outras tempestiva. Chega e toma espaço. Dá impressão de que surge de fora, do além, do aquém, sabe-se lá de onde. Afinal consegue nos alcançar na solidão do quarto ou na multidão do shopping. Funciona como se uma luz acendesse no ambiente escuro da alma, uma música tocasse no silêncio, um leve e agradável odor nos penetrasse os sentidos além das narinas.
Sua ação premia estudos cansativos em busca das respostas das ciências: “Eureca”, como diria Arquimedes ao perceber a primeira lei da hidrostática ao emergir o corpo numa banheira, depois de longas horas de estudos matemáticos que faz da indústria naval uma realidade. Sob o seu embalo Paulo de Tarso se transforma no maior divulgador da Boa Nova mudando de inopino a sua estrada quando passava a galope por aquela de Damasco. Tomado pela sua influência Sócrates, o maior de todos os filósofos gregos, abdicou da fuga do cárcere encarando a morte com digna clarividência. Bafejada pela sua inspiração a extraordinária IX Sinfonia de Beethoven vence a profunda surdez do autor encantando os nossos ouvidos.
O Maravilhoso Laboratório do Invisível opera vinculações que a nossa mente encarnada nos impede de visualizar. Quem dera pudéssemos perceber o emaranhado de energias que transitam num espaço que consideramos vazio e está plenificado de ondas que se entrechocam sem se tocar pela diversidade de suas naturezas. Há um desfile de luzes, sons e vibrações que ladeiam a nossa cegueira sensorial e que nos influencia inequivocamente ao primeiro movimento de sintonia, sem que sequer o percebamos.
Vivemos num mundo material? Qual nada! Podemos persistir com a mesma postura de afogar as nossas aspirações em torno de ganhos e vantagens passageiras, mas é impossível negar que o mundo da Forças Estranha passeia em torno dos nossos passos. Podemos sim torná-lo uma via de acesso possível. Podemos sim ligar o radar dessas energias para que nos sirvam de sinalizador para decisões de atitudes. Theilhard de Chardin nos provoca ao dizer que “não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.
Acenda a sua luz. O pensamento sadio, que gera a palavra sadia, que alimenta a atitude equilibrada é antena que conecta com a Força Estranha do equilíbrio. Tudo começa no pensamento. E o pensamento é onde exercitamos o que há de mais profundo na liberdade de ser (LE – q. 833). Pensemos o bem a fim de que essa seja a nossa atitude. Sem temores e confiante que a Força Estranha que emerge de Jesus é o nosso alicerce que permite transpor os perigos e instalar a luminosidade em cada um de nós.


¹ editorial do programa Antena Espírita de 29.10.2017



     

Um comentário:

  1. Francisco Castro de Sousa16 de novembro de 2017 às 12:07

    Com certeza Roberto foi uma força estranha que te inspirou a escrever esse editorial. Parabéns!

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