Pular para o conteúdo principal

CRÔNICAS DO COTIDIANO: ATALHOS PARA O ABORTO






“Saiba qual é o país que está prestes a se tornar o primeiro a não ter caso de síndrome de Down.” Essa é a chamada de destaque do artigo em um site de notícias. (saiba mais)
Imagens da Internet
A chamada não deixa de ser intrigante para o leitor. Ao lê-lo, ele se depara com um comparativo do número de portadores da síndrome de Down no Brasil – cerca de 300 mil pessoas – com a Islândia, que zerou a taxa de nascimentos de crianças nessa condição. A prática para se chegar a esses números não tem nada de inédito: interrupção da gravidez para os casos que dão positivo para a síndrome de Down, ou seja, o aborto eugênico, tipo de aborto que se executa quando há suspeita que a criança nascerá com defeitos físicos, mentais ou anomalias, o que implica em uma técnica artificial de seleção do ser humano. É bom que se saiba que na Islândia o aborto é permitido por lei após 16 semanas de gravidez se o feto tiver alguma deformidade.

O aborto no Brasil é tipificado no Código Penal Brasileiro (CPB), artigos 124 a 128 como crime.
O Espiritismo é claro no que diz respeito ao aborto, nas questões de números 357 a 359, nas quais se considera crime todo ato que transgride a lei de Deus. Tanto a mãe como qualquer outra pessoa cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas cujo corpo devia ser o instrumento. Os Espíritos Reveladores são claros para a condição em que o aborto é permitido: somente nos casos em que a vida da mãe estaria em perigo pelo nascimento. Eles justificam: É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe – aborto terapêutico.
É bom que se saiba que o aborto nunca foi terapêutico, apesar da sua contemplação no CPB, criado há 77 anos. Mesmo àquela época, nunca se recorreu a essa prática, pois os seus riscos são mais nefastos do que o prosseguimento da gravidez. Nos dias atuais, com o avanço da ciência médica, não se justifica mais o seu assento no CPB. Já ocorreram iniciativas de médicos de várias especialidades junto ao Ministério da Justiça para a sua exclusão do dispositivo do CPB que considera essa exceção.
A eugenia praticada pela Islândia para os casos de Down não é diferente para os casos de hidrocefalia causada pelo vírus Rubivírus, que no século passado levou o Reino Unido a legalizar o aborto para as mulheres grávidas em que o bebê foi diagnosticado com rubéola congênita, o que pode levar a algumas malformações fetais. É importante notar que estudos apontam que somente 17% dos casos de mães grávidas infectadas pela rubéola apresentaram alguma malformação congênita – surdez, problemas cardíacos e somente 1,5% nasceu com retardamento mental.
O Zika vírus, por sugerir casos de microcefalia, tem sido a bandeira para aqueles que defendem a descriminalização do aborto, nos dias atuais.
Do primeiro Simposium Internacional Sobre Aborto, realizado nos EUA, saiu o seguinte comunicado: “As alterações que ocorrem entre a implantação, um embrião de seis semanas, um feto de seis meses, um bebê de uma semana, ou um adulto, são meros estados de desenvolvimento e maturação”. “A maioria do nosso grupo não conseguiu encontrar, entre a fecundação e o nascimento, um ponto no qual fosse possível dizer: aqui não está uma vida humana.”
Os Reveladores Celestes na questão nº 344 de O Livro dos Espíritos esclarecem que a união da alma ao corpo começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz: o grito que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus”.
O Espiritismo deixa claro, portanto, em que momento o ser espiritual se insere na estrutura celular, iniciando a vida biológica com todas as suas consequências, como no caso contemplado na Islândia. A questão nº 372 de O Livro dos Espíritos é por demais elucidativa a esse respeito. Allan Kardec assim indaga aos Espíritos Reveladores: Que objetivo visa a providência criando seres desgraçados, como os cretinos e idiotas? R- “Os que habitam corpos de idiotas são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados.”
O direito à vida é tutelado pela nossa Constituição, pelo direito civil, penal e em todas as declarações internacionais. Através desses e outros reconhecimentos nacionais e internacionais, nem o Estado nem pessoa alguma tem o direito de tirar a vida de um ser humano ou de decidir quem vai viver ou quem não vai viver.
A encarnação é imprescindível para a evolução do Espírito em qualquer matiz orgânico. É através do vínculo à matéria que o Espírito adquire as suas possibilidades evolutivas.
Não basta o direito à vida. É necessário assegurar o direito de viver. E isso a Providência Divina assegura através dos avanços das ciências possibilidades para que os Espíritos nessas condições assegurem uma jornada cada vez mais exitosa.

Referências:
KARDEC. Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: LAKE: 2000.
Autores Diversos. Saúde e Espiritismo. São Paulo: AME-Brasil, 2015.
Copilação Juvanir Borges. O que dizem os espíritos sobre o aborto. Brasília: FEB, 2001.

SITE
<http://www.providafamilia.org.br/doc.php-doc=doc31159.html>.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.