Pular para o conteúdo principal

SER LIVRE É INERÊNCIA¹







Ser livre é a qualidade mais essencial do Espírito. O destino, na qualidade de conspiração e fatos obrigatórios, não existe. Há apenas uma destinação final, que é a perfeição de espírito, a qual todos haveremos de atingir um dia. As formas de alcançar tal perfeição são tão diversas quanto à infinidade de seres que povoam o Universo. As múltiplas passagens pela existência corporal vão servir de tapete que indicam as estradas a serem caminhadas nessa escalada individual de aquisições.

            Vivemos transacionando em corpos diferentes, indiferentes ao gênero, sem importar se a vestimenta é feminina ou masculina. Convivemos com culturas e idiomas que não passam de simples condicionantes dos hábitos regionalizados de cada país. Desenvolvemos qualidades intelectivas obrigatórias ao desenvolvimento dos germens do conhecimento. Submetemo-nos aos inúmeros convívios familiares na confecção dos tecidos afetivos da alma. Privamos dos privilégios da escassez e da abundância como degraus para a construção da essência dos valores morais. Vivemos histórias de amor e sexualidade que treinam as nossas capacidades de dividir sem nos perdermos de nós mesmos.
            A regra dos erros e acertos nessa jornada do Espírito desde a maior simplicidade à conquista da angelitude provavelmente não tem precedentes de exceção. Provavelmente é possível dizer que erramos e acertamos, uns mais outros menos em cada modalidade de situação, porém tombos e recomeços fazem parte. A aquisição paulatina evolucional do livre arbítrio nos desloca do egocentrismo ao egoísmo dialético, o qual nos alça ao egoísmo altruísta, característica daqueles que acertam muito mais, à medida que evoluem.
            Cabe repetir que o Espírito é livre e não há destino. Há uma destinação, que é determinada pelo vetor da conquista da perfeição de espírito. Significa que se aquilo que está sendo vivenciado não está nas expectativas do ser espiritual, ele deve se tornar investido da condição de mudar os ambientes, as significações e as disposições de vida em que se encontra. O conformismo é uma das mais restritivas opções que alguém pode escolher para conduzir a própria existência.
            Descortinar novas possibilidades para a atual existência é uma obrigação para quem, de fato, se veja na contingência de paralisia evolutiva. As mudanças precisam ser autopromovidas em qualquer instância da vida humana sob o risco de se viver em sessões enfadonhas de lamentação e tristeza, desânimo e adiamentos.
            A trajetória do Espírito em sua viagem do “átomo ao arcanjo” (LE – 540) requer sensatez, audácia, reflexão, inteligência e voluntariedade. A evolução apesar de fatal não tem tempo para se efetivar. Depende de cada ser espiritual decidir o quanto deseja aproveitar ou desperdiçar as oportunidades de reconfigurar-se a cada episódio/dia. A evolução não se dá por decurso de prazo ou compulsórias, bravatas ou bênçãos, absolvições ou sacramentos. O Espírito, dotado da liberdade de escolha, resolve o quão mais rápido vai chegar à destinação evolutiva e com isso destrói o conceito de destino fazendo do seu dia de hoje a sua estação de trabalho e crescimento espirituais. Aprender e evoluir está em nossas mãos.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 29.01.2017.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.