Na história dos Espíritos encarnados e
desencarnados que compõem a Humanidade há uma característica comum: a presença
de Jesus. Ontem ou há milhares de anos, ouvimos falar do Mestre inesquecível e,
nos círculos de aprendizado situados no plano espiritual, fomos informados
sobre a sua condição de Ministro do Eterno junto às coletividades que evoluem
na Terra.
Sua figura augusta permanece indelevelmente
gravada em nosso íntimo e, ainda que não o reconheçamos conscientemente, Ele é
a grande inspiração de nossas vidas. Polo magnético de nossas almas, Jesus
representa a meta que devemos alcançar, atraindo-nos mansamente para Deus.
Por isso, embora desvirtuado pela
comercialização e pelo lamentável culto ao estômago, nas festanças ruidosas,
jamais o Natal perderá o seu significado transcendente, e apenas os que trazem
o coração endurecido pela rebeldia sistemática, comprometidos nos enganos do
mundo, não ouvem na acústica da alma o repicar festivo dos sinos de Belém, em
notas de elevada espiritualidade, inefável alegria e confortadora esperança.
Falam de uma mensagem divina, cantada com a
poesia do Sublime, a harmonia da Perfeição e o alcance da Verdade, mas,
sobretudo, com a atração irresistível do Exemplo!
Carta viva de Deus, Jesus transmitiu nas
ações de todos os momentos a Grande Mensagem, e em sua vida, mais que em seus
ensinamentos, ela está presente.
Estende as mãos a infelizes leprosos que lhe
imploram compaixão, restituindo-lhes a saúde...
Responde com palavras de compreensão à mulher
samaritana que, inspirada em rancores raciais, se admira da solicitação de água
que Ele lhe fizera, e a induz a pensar em Deus...
Recebe o centurião romano que lhe pede a cura
do servo enfermo e, alheio ao ódio separatista, atende à rogativa...
Socorre obsidiados violentos de quem o povo
tinha pavor, e afasta, com simples palavras, perseguidores invisíveis...
Convive sem constrangimento com pessoas de má
vida, considerando que os sãos não necessitam de médico, e, conquistando-lhes a
confiança, fortalece-lhes o caráter...
Atende a necessidades do corpo e do Espírito,
multiplica pães e bênçãos...
Ressuscita mortos e consola aflitos...
E quando os poderes infernais, mancomunados
com a ignorância humana, tentam envolvê-lo nas trevas, brilha ainda mais a sua
Luz, em clarão inextinguível que iluminaria todos os caminhos do porvir.
Reconhece um traidor no próprio círculo íntimo
de amizade e edificação, e não o repudia...
Prevê a deserção dos componentes do colégio
apostólico e, ainda assim, distribui-lhes pão e vinho, exortando-os ao Bem...
Observa, na angústia do Calvário, a
indiferença e a covardia daqueles a quem beneficiara, mas segue adiante, sem
críticas ou queixas...
Pregado na cruz infamante, em extrema
humilhação, contempla a multidão leviana e fria, e, sem cogitar de represálias
celestes, pede ao Pai perdão para todos...
Diante dos discípulos perplexos e envergonhados,
na Ressurreição gloriosa, ignora o passado, pensando no futuro, e, após
desejar-lhes Paz, convoca-os novamente ao serviço...
Músico divino, o meigo Rabi da Galileia
gravou na pauta da própria vida a Sinfonia do Amor, lei suprema de Deus!...
Porque somente o amor sabe tocar as chagas
alheias sem repugnância, limpando-as; coloca-se acima das ofensas, renovando o
ofensor; ignora o preconceito, aproximando-se dos que ele se- para; pode
sensibilizar obsessores e libertar obsidiados; recusa-se a repudiar o pecador
para eliminar o pecado, convertendo-o à virtude com os dotes da bondade e do
esclarecimento; possui entusiasmo e dedicação suficientes para obter recursos
que atendam à indigência material e espiritual; é suficientemente poderoso para
vencer a morte e suficientemente terno para acalmar a aflição; perdoa sem
condições, persevera sem dúvidas, luta sem cansaços, socorre sem exigência;
dignifica verdadeiramente a criatura humana, transformando a dor em renovação e
o sacrifício em glória...
Somente o amor, vivido em sua plenitude, pôde
fazer de Jesus, mais que simples taumaturgo, o Santo dos Santos; mais que
simples mestre, o Condutor de almas; mais que simples embaixador, o Filho de
Deus!
Foi
esse mesmo amor que envolveu a Manjedoura de magnetismo tão profundo e
contagiante que ela atravessou os séculos, tornando-se o símbolo da Redenção
Humana!
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