Pular para o conteúdo principal

DIA DO EVANGELHO DE JESUS¹




Durante muitos anos e seguindo um ritual de tradição nascida entre os Celtas, povo que viveu na antiga Inglaterra e França entre 600 a 100 anos a.C, o dia 31/10 se destinava, também no Brasil, à comemoração do dia das bruxas ou Halloween.  Festejada em alguns países europeus e especialmente nos EUA e Canadá (países colonizados por aqueles). Apesar da migração da ideia, pouco se sabe das razões que nos levaram a copiar essa tradição. Na verdade ela é surgida a partir do final da colheita daquele povo antigo e o início o inverno naquele hemisfério, o que em nada se assemelha em nossas terras, mas também antecipava o dia de festejo dos mortos, data referenciada em 02/11 em nosso calendário.

A notícia que envolve esse longo enunciado é que desde o dia 12 DE JANEIRO DE 2016, por lei publicada no Diário Oficial da União através da lei Nº 13.246 assinado pela então Presidente da República Sra. Dilma Roussef, o dia 31 de Outubro foi alçado ao Dia Nacional do Evangelho de JESUS.
Importa ressaltar alguns pontos relacionados à nova efeméride. Sendo novata quase nenhuma mudança haverá de provocar diante da massificada prática das “gostosuras ou travessuras” e das festas de fantasia. Por algum tempo certamente não passará de uma pálida investida tupiniquim se antepondo a uma tradição adquirida pela nossa disposição de colonizados. Desconhecida pela maioria das pessoas, por escassa divulgação, pouca repercussão haverá de encontrar após os primeiros anos de sua promulgação.
Avaliada, no entanto a possibilidade de uma divulgação consistente e estaremos diante da criação de um dia de forte vibração positiva na conquista de dias melhores para os habitantes do planeta. A obra que respalda a criação dessa data comemorativa é o maior tratado de amor e paz que o mundo conhece - simplesmente o Evangelho de Jesus, sem qualquer referência sectária ou exclusivismo religioso. Aquele Evangelho que descreve a moral do Cristo e que está acima de partidarismo, sobre o qual Allan Kardec diz existir uma compreensão unânime quando se considera o seu aspecto moral (O Evangelho Segundo o Espiritismo – item 1  Objetivo dessa obra).
Matéria da maior autoridade e relevância para os espíritas, o Evangelho de Jesus encerra os ensinamentos, parábolas e predições daquele que segundo os Espíritos da Codificação é o “tipo mais perfeito que Deus nos deu para servir de modelo e guia na Terra” (LE q. 625). Lógico que a sua alçada a uma data que a referenda em âmbito nacional deve refletir de maneira auspiciosa entre todos aqueles que desejam ver a implantação do reino de Deus entre os homens. Ao dia das bruxas, o dia de Jesus, nada mais especial aos cristãos brasileiros.

Resta-nos o auguro de que os conteúdos morais que exalam daquela produção que relata a peregrinação de Jesus sobre a Terra há mais de 2000 anos auxilie na confecção de uma sociedade mais justa, conforme o convite que Ele nos faz através das narrativas daqueles que seguiam os seus passos. Quiçá as casas legislativas que tornaram possível a lei que definiu a outorga desse dia aprendam a dignidade dos enunciados ali contidos e estanquem a cruel sangria que impõem ao povo brasileiro. Torçamos para que o Evangelho de Jesus, doravante celebrado no dia 31/10 seja o começo de uma nova mentalidade para todos nós.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 31.10.2016    

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

O CERNE DA QUESTÃO DOS SOFRIMENTOS FUTUROS

      Por Wilson Garcia Com o advento da concepção da autonomia moral e livre-arbítrio dos indivíduos, a questão das dores e provas futuras encontra uma nova noção, de acordo com o que se convencionou chamar justiça divina. ***   Inicialmente. O pior das discussões sobre os fundamentos do Espiritismo se dá quando nos afastamos do ponto central ou, tão prejudicial quanto, sequer alcançamos esse ponto, ou seja, permanecemos na periferia dos fatos, casos e acontecimentos justificadores. As discussões costumam, normalmente e para mal dos pecados, se desviarem do foco e alcançar um estágio tal de distanciamento que fica impossível um retorno. Em grande parte das vezes, o acirramento dos ânimos se faz inevitável.

"ANDA COM FÉ EU VOU..."

  “Andá com fé eu vou. Que a fé não costuma faiá” , diz o refrão da música do cantor Gilberto Gil. Narra a carta aos Hebreus que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Cremos que fé é a certeza da aquisição daquilo que se tem como finalidade.

“TUDO O QUE ACONTECER À TERRA, ACONTECERÁ AOS FILHOS DA TERRA.”

    Por Doris Gandres Esta afirmação faz parte da carta que o chefe índio Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854! Se não soubéssemos de quem e de quando é essa declaração poder-se-ia dizer que foi escrita hoje, por alguém com bastante lucidez para perceber a interdependência entre tudo e todos. O modo como vimos agindo na nossa relação com a Natureza em geral há muitos séculos, não apenas usando seus recursos, mas abusando, depredando, destruindo mananciais diversos, tem gerado consequências danosas e desastrosas cada vez mais evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que 10 milhões de toneladas de plásticos diversos são jogadas nos oceanos todo ano! E isso sem considerar todas as outras tantas coisas, como redes de pescadores, latas, sapatos etc. e até móveis! Contudo, parece que uma boa parte de nós, sobretudo aqueles que priorizam seus interesses pessoais, não está se dando conta da gravidade do que está acontecendo...

NÃO SÃO IGUAIS

  Por Orson P. Carrara Esse é um detalhe imprescindível da Ciência Espírita. Como acentuou Kardec no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: “Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram”, sendo esse destacado no título um deles. Sim, porque esse detalhe influi diretamente na compreensão exata da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos. Aliás, vale dizer ainda que é no início do referido item que o Codificador também destaca: “(...) os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos (...)”.

FUNDAMENTALISMO AFETA FESTAS JUNINAS

  Por Ana Cláudia Laurindo   O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando, por isso precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando sobre as novas gerações.

TEMOS FORÇA POLÍTICA ENQUANTO MULHERES ESPÍRITAS?

  Anália Franco - 1853-1919 Por Ana Cláudia Laurindo Quando Beauvoir lançou a célebre frase sobre não nascer mulher, mas tornar-se mulher, obviamente não se referia ao fato biológico, pois o nascimento corpóreo da mulher é na verdade, o primeiro passo para a modelagem comportamental que a sociedade machista/patriarcal elaborou. Deste modo, o sentido de se tornar mulher não é uma negação biológica, mas uma reafirmação do poder social que se constituiu dominante sobre este corpo, arrastando a uma determinação representativa dos vários papéis atribuídos ao gênero, de acordo com as convenções patriarcais, que sempre lucraram sobre este domínio.

JESUS TEM LADO... ONDE ESTOU?

   Por Jorge Luiz  A Ilusão do Apolitismo e a Inerência da Política Há certo pedantismo de indivíduos que se autodenominam apolíticos como se isso fosse possível. Melhor autoafirmarem-se apartidários, considerando a impossibilidade de se ser apolítico. A questão que leva a esse mal entendido é que parte das pessoas discordam da forma de se fazer política, principalmente pelo fato instrumentalizado da corrupção, que nada tem do abrangente significado de política. A política partidária é considerada quando o indivíduo é filiado a alguma agremiação religiosa, ou a ela se vincula ideologicamente. Quanto ao ser apolítico, pensa-se ser aquele indiferente ou alheio à política, esquecendo-se de que a própria negação da política faz o indivíduo ser político.