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"O LIVRO DOS ESPÍRITOS" - CONSOANTE, CONSONANTE, CONCORDE¹



Aproveitando o momento da comemoração dos 159 anos de lançamento de O Livro dos Espíritos e, senso essa a data mais importantes entre todas as outras nos anais do Espiritismo, é possível brincar com um jogo de palavras que parecem conferir a mesma acepção, mas possuem particularidades de compreensão que podem nos servir para entendermos a exata grandiosidade dessa obra. Lembremos que Allan Kardec utiliza técnica parecida quando na introdução nos chama a atenção para os termos ESPIRITUAL, ESPIRITUALISMO E ESPIRITUALISTA, antes de cravar os neologismos Espiritismo e Espírita, assim como traduz em três conceitos o que significaria para a nova doutrina a concepção de ALMA, termo consagrado desde a antiguidade.

        As palavras propostas para servirem de reflexão nessa ocasião são três: CONSOANTE (adequado), CONSONANTE (harmônico) e CONCORDE (unânime). As acepções que encontramos no dicionário cabem de forma magistral quando aplicadas ao O Livro dos Espíritos, conforme se infere em seguida.

          CONSOANTE – Lançado numa época em que o planeta pulsava alta vibração no campo do pensamento dominado pelo Positivismo, sendo Allan Kardec um estudioso desse sistema filosófico, traz uma quebra extraordinária à crença materialista em linguagem que podia ser entendida pelos estudiosos da época que, naturalmente discordantes, podiam ver na obra algo mais que simples fanatismo. Dessa forma podiam discordar do mérito, mas não do método, reconhecido e respeitado pelo respaldo da época.

           CONSONANTE – A obra não se propôs a introduzir grandezas desconhecidas da humanidade, apenas repisando em idéias reconhecidamente presentes no inconsciente da coletividade, cogitações discutidas pela Filosofia e até estudadas pela Ciência sem que tivessem encontrado a forma possível de conectá-las com a realidade até aquela ocasião. O estranhamento não se deu pelos princípios enunciados, todos unânimes na história dos povos.

        CONCORDE – Nesse ponto a grande diferença. Longe de ser OPINATIVA, a obra era consensual. Avaliado por Allan Kardec que os seres incorpóreos não possuíam todo o conhecimento e toda moral para referendarem a nova doutrina, eis que busca fundá-la na Autoridade da Universalidade dos Ensinos dos Espíritos, através de dezenas de médiuns residentes em cidades diferentes. Do contrário seria apenas um frágil tratado opinativo sem a segurança que se impõe a tantos anos respondendo a todas as refutações que lhe são impostas.

            As revelações contidas em O livro dos Espíritos alcançaram o século XXI com a força de uma mensagem que traz aos habitantes da Terra o conforto da vida espiritual ao mesmo tempo em que lhes oferece primorosa interpretação da importância da encarnação na destinação e evolução individual. Consoante, Consonante, Concorde – O Livro dos Espíritos é, depois de 159 anos, a MAIOR novidade na atualidade para quem pretenda iniciar estudos na compreensão das leis universais, aquelas que estudam o mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo.
               

(¹) editorial do programa Antena Espírita de 24.04.2016.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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