Pular para o conteúdo principal

MOTIVAR É POSSÍVEL¹



Por Alkíndar de Oliveira (*)

                Qualquer Centro Espírita tem aquele grupo de pessoas “não insatisfeitas”, ou seja, não reclamam das atividades que realizam nem deixam de cumprir suas metas. Contudo, não estar insatisfeito, necessariamente, não significa estar satisfeito ou motivado. Frederick Herzberg (1923-2000), professor emérito da Universidade de Harvard, EUA, em um artigo que se tornou lendário nas páginas da revista Harvard Business Review Book, entrevistou 1.685 funcionários para chegar à seguinte conclusão: a ausência de insatisfação não significa necessariamente a presença da satisfação e da motivação.

            Mas como motivar uma pessoa?

            É preciso fazer que ela sinta prazer por aquilo que faz, sentindo-se realmente realizada.

            Portanto, essa é uma ferramenta motivacional importante no Centro Espírita. Está aí à razão de alguns Centros Espíritas destacarem-se em relação a outros, pois eles têm como meta fazer o trabalhador sentir prazer pelo que executa. Nenhuma pesquisa, nenhum estudo derrubou essa tese. Portanto, se na teoria motivacional “evitar a insatisfação” é o pilar de barro (apesar de necessário), a “busca do prazer” é o pilar de ferro.


            É importante evitar a insatisfação do trabalhador, contudo, isso não significa que teremos trabalhadores motivados. Mas, se adotarmos determinadas técnicas para não deixá-lo insatisfeito, teremos dado um grande e significativo passo. Para isso, são necessários os seguintes procedimentos:

           
a)         Fazer com que o trabalhador espírita tenha as informações necessárias para realizar seu trabalho;  
b)         Estabelecer canais de comunicação de fácil entendimento;            
c)         Procurar saber das necessidades pessoais do trabalhador;    
d)         Ter uma mudança de política administrativa, do Centro Espírita, que seja clara, abrangente e bem definida.

            Agindo assim, teremos trabalhadores satisfeitos e motivados?

            Não necessariamente. Mas, pelo menos, teremos pessoas não insatisfeitas.          

Mas como alcançar a motivação?

            É o que veremos a seguir.

Como o Centro Espírita deve proceder para que o trabalhador sinta prazer com o seu trabalho e, naturalmente, sinta-se motivado?

            Sabemos que todo trabalho voluntário é naturalmente motivador. Ajudar o próximo proporciona grande prazer interior, torna-nos mais pacientes e dá-nos um sentido à vida. Portanto, todo o Centro Espírita já tem essa enorme vantagem motivacional: levar o trabalhador a sentir prazer por estar executando um trabalho voluntário.            E é possível fazer com que a motivação do voluntário mantenha-se sempre presente, podendo até mesmo aumentar. Acompanhe cinco técnicas que vão estimular a motivação de seus trabalhadores:

Primeira técnica (fundamental):

            Implantar visão compartilhada

            O trabalhador deve ter plena consciência e concordância dos objetivos buscados pelo Centro Espírita. A “visão do Centro Espírita” não pode ser fruto apenas dos pensamentos, sonhos, análises e intuições dos integrantes da diretoria. O trabalhador, qualquer que seja seu cargo ou função, deve se sentir parte necessária e integrante do Centro. Por essa razão, os dirigentes do Centro devem solicitar ideias aos trabalhadores, envolvendo-os nas decisões a serem tomadas.

            Segunda técnica:

            O trabalhador deve ser visto como o personagem principal do seu trabalho

            Se o trabalhador sentir que simplesmente cumpre regras, que não tem possibilidade de mobilizar ou de sugerir mudanças, ele não sentirá prazer no que faz. O trabalhador deve sentir que tem poder e autonomia, mesmo que relativos, em relação à sua função.          

Terceira técnica:

            Propiciar condição para que o trabalhador execute tarefas com grau de dificuldade um pouco acima de suas atuais habilidades.

            É necessário delegar ao trabalhador determinada atividade que exigirá esforço e dedicação para ser realizada, permitindo que ele desenvolva habilidades que talvez nem imaginasse ter. Ao sentir que o dirigente do Centro, ou o responsável pelo Departamento, confia nele, passando-lhe um serviço que vai além do que ele sabe fazer, o trabalhador sente-se orgulhoso pela confiança depositada nele. Contudo, para evitar possíveis frustrações, deve-se tomar um cuidado no momento de delegar a tarefa: não pode haver uma diferença muito grande entre a habilidade do trabalhador e a dificuldade do serviço.

            Quarta técnica (muito especial):

            Estabelecer o bom humor no Centro Espírita

            Os líderes devem evitar a carranca, a cara fechada, e sorrir mais. Devem criar condições para que o bom humor faça parte da cultura do Centro Espírita. Uma grande vantagem adicional desta técnica é que a pessoa bem-humorada, além de motivar-se com maior facilidade, é mais criativa.

Quinta técnica (muito estimulante):

            Propiciar condições para que o trabalhador seja elogiado pelas suas realizações

            O líder deve demonstrar alegria ao perceber que o trabalhador cumpriu muito bem seu projeto ou tarefa, elogiando seus esforços em cada etapa.

            Algumas das formas de elogiar o trabalhador:

            – Cumprimentar pessoalmente o trabalhador por um trabalho bem-feito;
            – Escrever uma mensagem ao trabalhador, elogiando seu desempenho;
            – Reconhecer publicamente um trabalho bem-feito;
            – Promover reuniões destinadas a comemorar o sucesso do grupo.



            A partir da execução desses cinco procedimentos, iremos descobrir que: MOTIVAR É POSSÍVEL.

¹[O texto abaixo faz parte do livro “Desenvolvimento Espírita”, Editora Truffa]

(* palestrante, escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

DEMOCRACIA SEM ORIENTAÇÃO CRISTÃ?

  Por Orson P. Carrara Afirma o nobre Emmanuel em seu livro Sentinelas da luz (psicografia de Chico Xavier e edição conjunta CEU/ FEB), no capítulo 8 – Nas convulsões do século XX, que democracia sem orientação cristã não pode conduzir-nos à concórdia desejada. Grifos são meus, face à atualidade da afirmação. Há que se ressaltar que o livro tem Prefácio de 1990, poucas décadas após a Segunda Guerra e, como pode identificar o leitor, refere-se ao século passado, mas a atualidade do texto impressiona, face a uma realidade que se repete. O livro reúne uma seleção de mensagens, a maioria de Emmanuel.

JESUS E A QUESTÃO SOCIAL

              Por Jorge Luiz                       A Pobreza como Questão Social Para Hanna Arendt, filósofa alemã, uma das mais influentes do século XXI, aquilo que se convencionou chamar no século XVII de questão social, é um eufemismo para aquilo que seria mais fácil e compreensível se denominar de pobreza. A pobreza, para ela, é mais do que privação, é um estado de carência constante e miséria aguda cuja ignomínia consiste em sua força desumanizadora; a pobreza é sórdida porque coloca os homens sob o ditame absoluto de seus corpos, isto é, sob o ditame absoluto da necessidade que todos os homens conhecem pela mais íntima experiência e fora de qualquer especulação (Arendt, 1963).              A pobreza é uma das principais contradições do capitalismo e tem a sua origem na exploração do trabalho e na acumulação do capital.

A FÉ NÃO EXCLUI A DÚVIDA

  Por Jerri Almeida A fé não exclui a dúvida! No espiritismo, a dúvida dialoga filosoficamente com a fé. O argumento da “verdade absoluta”, em qualquer área do conhecimento, é um “erro absoluto”. No exercício intelectual, na busca do conhecimento e da construção da fé, não se deve desconsiderar os limites naturais de cada um, e a possibilidade de autoengano. Certezas e dúvidas fazem parte desse percurso!

ESPIRITISMO NÃO É UM ATO DE FÉ

  Por Ana Cláudia Laurindo Amar o Espiritismo é desafiador como qualquer outro tipo de relação amorosa estabelecida sobre a gama de objetividades e subjetividades que nos mantém coesos e razoáveis, em uma manifestação corpórea que não traduz apenas matéria. Laica estou agora, em primeira pessoa afirmando viver a melhor hora dessa história contemporânea nos meandros do livre pensamento, sem mendigar qualquer validação, por não necessitar de fato dela.

O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

“Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)             Por Jorge Luiz                  Cento e sessenta e três anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outros países.” ...

TRAPALHADAS "ESPÍRITAS" - ROLAM AS PEDRAS

  Por Marcelo Teixeira Pensei muito antes de escrever as linhas a seguir. Fiquei com receio de ser levado à conta de um arrogante fazendo troça da fé alheia. Minha intenção não é essa. Muito do que vou narrar neste e nos próximos episódios talvez soe engraçado. Meu objetivo, no entanto, é chamar atenção para a necessidade de estudarmos Kardec. Alguns locais e situações que citarei não se dizem espíritas, mas espiritualistas ou ecléticos. Por isso, é importante que eu diga que também não estou dizendo que eles estão errados e que o movimento espírita, do qual faço parte, é que está certo. Seria muita presunção de minha parte. Mesmo porque, pelo que me foi passado, todos primam pela boa intenção. E isso é o que vale.

ÉTICA E PODER

     Por Doris Gandres Do ponto de vista filosófico, ética e moral são conceitos diferentes, embora, preferivelmente, devessem caminhar juntos. A ética busca fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver de acordo com o pensamento e o interesse humanos. Enquanto que a moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos – e mais, se fundamenta em princípios de respeito a valores superiores de justiça, fraternidade e solidariedade, ou seja, nas próprias leis naturais, as leis divinas.

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...