terça-feira, 2 de junho de 2015

EVOCAR ESPÍRITOS?¹



           


Por Roberto Caldas (*)



            Curiosidade, mistério e diversão são alguns dos combustíveis da mente humana, para o bem e para o mal. Foi dessa forma que a sociedade européia, fascinada pela ação das mesas girantes, viu eclodir na metade do sec. XIX a maior de todas as revelações de espiritualidade de todos os tempos que foi o advento da Doutrina Espírita. Ciência que desvelou a nossa estreita associação com aqueles que deixaram a vida corporal e prosseguem vivos na pátria espiritual, o Espiritismo foi móvel, em seus primórdios, de experiências bizarras e brincadeiras.

            Ao largo do tempo, geração após geração, desde os tempos bíblicos quando receberam uma advertência proibitiva de Moisés (Deuteronômio XVIII: 10 a 14), aqui e ali aparecem formas e maneiras de tentar-se contato com o mundo dos mortos, geralmente sob o patrocínio da ignorância e da displicência ideológica. Certamente trate-se de um senso inato de busca da vida depois da vida.
            Tais práticas, da forma como se apresentam, movimentam o imaginário e fazem crescer entre as pessoas a discussão em torno da presença dos Espíritos na rotina dos encarnados, o que produz uma nova onda de importantes inquietações elevando as estatísticas daqueles que passam a adotar uma nova crença a respeito do tema. A consulta aos oráculos, mesas girantes, as cestas escreventes, a brincadeira do copo e por último o desafio ao espírito Charlie Charlie, que invadem os canais da internet, são formas alternativas de buscar-se intimidade com o invisível. Se as pessoas tivessem consciência do universo espírita, nada disso mais seria necessário nos tempos atuais. A questão 459 de O Livro dos Espíritos projeta inequívoca luminosidade sobre as interveniências entre o mundo visível e invisível: “Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações? A esse respeito, sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas vezes são eles que vos dirigem”.
            Bastaria conhecer a Doutrina Espírita e todas as celeumas que grassam em torno do papel da espiritualidade em nossas vidas se tornaria uma tranquila constatação e completamente destituída de assombros. Enquanto esse conhecimento não se torna tão difundido, o quanto ainda haverá de ser, é importante que se alerte o candidato às brincadeiras que descortinam o mundo espiritual quanto a alguns riscos que tais proposituras representam. Importante que se evite evocações de qualquer natureza, quando as mesmas não tenham finalidade séria e objetivos profundos, pois tal nos expõe a determinados grupos de desencarnados que, afinados com a irresponsabilidade dos que os chamam, aproveitam para fazer a festa e produzir problemas de variada complexidade.
            O Espiritismo adverte nas suas entrelinhas que o acesso ao mundo espiritual é completamente aberto ao habitante do mundo dos encarnados, sem restrições de quaisquer espécies, seja pelas faculdades de natureza intelectivas ou aquelas de efeitos físicos, aliás, pode-se afirmar que estamos em contínuo contato e isso não se pode evitar. A escolha que se encontra em nossas mãos é com quem nos vinculamos, fator que depende completamente dos motivos interiores que adotamos e das práticas que vivenciamos. O mundo espiritual não tem portas nem trancas, qualquer pessoa pode acessá-lo livremente, mas fazê-lo sem responsabilidade pode gerar dores. Jesus nos deu uma senha para o contato com essa realidade ao se declarar o Caminho, a Verdade e a Vida. Ele deve se constituir em nossa grande evocação sempre.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 31.05.2015. O programa Antena Espírita vai ao ar, todos os domingos, na Rádio Cidade AM 860, das 21:00h as 22:00h. Sintonize também pela internet:  http://www.cidadeam860.com/.

(*) escritor, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

2 comentários:

  1. Caro Roberto Caldas,
    Brilhantes esclarecimentos. Tenho tomado alguns comentários afirmando-se que é simples brincadeira, que os lápis se movimentam pelo sopro dos presentes. Não desconsidero essa possibilidade, em alguns casos, mas as consequências advindas com as práticas não se situam nessa possibilidade. Assim também ocorreu com as mesas girantes. Basta ler o cap. IV de "O Livro dos Médiuns", que o leitor verás as diversas abordagens de Kardec, refutando os sistemas que foram apresentados, para justificar tais fenômenos.
    Parabéns!

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  2. Poucos são os que buscam as intrusões de Jesus. Que o tem como modelo. Então todo o resto vai virando moda. Mas para tudo têm um grau de responsabilidade.
    Eu sendo espírita , fui pega de surpresa, meu filho participando da brincadeira! Me serviu de tamanho aprendizado para me atentar referente a base da doutrina que está nele.

    Bom conteúdo!

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