segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O TEMPO E NÓS¹




Por Roberto Caldas (*)



                A consciência não se prende ao tempo, pois o tempo não lhe serve de prisão e sim de esteira. Ela é a municiadora de todos os nossos passos e a gestora de todas as nossas lembranças. O inconsciente foram os nossos conceitos passageiros quem o criou, ele de fato não existe. Se estivermos de olhos abertos ou não, pouco importa, estamos vivendo a consciência ampla, na exata esquina que a eternidade permite existir.
            São eles, a Consciência (Espírito) e o Tempo (Deus) as duas grandezas que inferem todos os fenômenos possíveis a deflagrarem Universo afora. Na primeira, a presença de todos os conhecimentos e práticas que traduzem a sabedoria de toda a criação. No segundo, a fenda da eternidade que permite o caminho da simplicidade à angelitude.

            Assim ladeados em harmonia, a consciência e o tempo desafiam todas as lacunas que as passagens pelos períodos curtos e longos lhes permitem na jornada. Juntos atravessam as mais tresloucadas odisseias, muitas das quais tombaram no esquecimento, passados tantos séculos na história de nossas várias existências.
            Importante, então que aprendamos a refletir nos diminutos portais que nos fazem concentrar na associação consciência/tempo. Afinal estamos no final de uma etapa, compreendida pelos 365 dias do giro da Terra em torno do Sol, para que se inicie uma nova viagem de trajetória em espiral semelhante. Na linguagem popular, estamos deixando para trás o ano de 2014 para mergulharmos na dimensão de 2015. E isso não deixa de ser uma das passagens que precisamos perceber se quisermos acrescentar ao tempo de hoje a consciência que aspiramos alimentar.
            Estar atentos ao presente é a maior das tarefas que a consciência e o tempo nos solicitam. Não há lapsos. É o segundo, o minuto, o dia, o mês, o ano, o século... Fatalmente tudo se produz em nossas existências pelo segundo que se multiplica. Fecundar a vida da boa intenção em relação ao outro é o único tijolo que a vida nos põe à mão. A felicidade dos bons Espíritos, segundo a resposta à questão 967 de O Livro dos Espíritos “consiste em conhecer todas as coisas; não ter ódio, ciúme, inveja, ambição e nenhuma das paixões que fazem a infelicidade dos homens...”
Não há exigências externas, senão aproveitarmos o tempo de agora para consultar a própria consciência. Sabermos se estamos dispostos a fazer a diferença é a nossa grande necessidade. Há muitas pessoas que apenas se esmeram em fazer igual ao que já fizeram outras vezes, posto ser essa a forma que decidiram para manter a própria consciência ocupada no tempo em que se permitem. E nós outros? Ao que estamos dispostos nesses pequenos chamados de consciência que o tempo nos proporciona? Estamos convictos de que conseguiremos nos tornar o melhor de si mesmo que pudermos ser nesse momento?
Aproveitemos todos os portais, por menores que sejam eles, para aspirarmos à liberdade de ver-nos como a consciência-tempo que busca a felicidade a cada momento. Feliz 2014.    

(Nota: Reprodução do editorial de dezembro de 2012, com modificações).


(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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