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O TRÍPLICE ASPECTO (*)




Por Roberto Caldas (**)


Não cause estranheza o fato de repetirmos muitas vezes que o Espiritismo não é uma religião, nem uma ciência, tampouco uma filosofia, como entendidas tais palavras dentro dos parâmetros que as conceitua tradicionalmente e até pode ser entendida assim se considerarmos os métodos que foram empregados para a confirmação dos fatos espíritas e as análises posteriores que serviram de avaliação das conseqüências advindas dos princípios hauridos dos fenômenos provados pela mediunidade. Allan Kardec no livro O Que é o Espiritismo diz que o “Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal”, o que significa dizer que o método empregado para o estudo em pauta lançou mão de métodos científicos relacionados com a pesquisa que comprovou a imortalidade da alma e as relações mútuas entre os ditos vivos e os mortos.


            O fato de a Doutrina Espírita ter trazido um tema inédito para ser avaliado pelas antigas instituições que representavam a ciência , a filosofia e a religião foi recebido por cada segmento com uma atitude indócil: trataram de desmentir, de forma aprioristica e apressada, sem  qualquer reflexão mais profunda os fatos concretos que lhes foram apresentados nos meados do século XIX. Os esforços independentes das academias científicas em quererem negar os ensinamentos dos Espíritos, aliás, foi o principal caminho para fabricar cientistas convertidos ao Espiritismo, o mesmo sucedendo entre os filósofos e os religiosos, logo pareceu mesmo danoso para tais instituições negarem simplesmente os fatos espíritas. Allan Kardec adverte que não basta simplesmente negar os fatos, mas para que seja legítima a oposição é fundamental que se debruce o adversário da idéia em uma longa pesquisa que refaça o caminho das pesquisas originais durante alguns anos e sabemos que quem assim se comportou acabou se rendendo às evidências. 

            A frase de provável autoria de Leon Denis “o Espiritismo não é a religião do futuro e sim o futuro das religiões” pode ser estendida para a filosofia e para a ciência, pois o ensinamento contido na Doutrina Espírita torna todos os conhecimentos humanos mais simples de serem compreendidos e a lógica da vida se mostra mais clara e cristalina diante da mensagem que nos apresenta.

            A expansão da inteligência humana e a penetração dessa mesma inteligência em temas, cada vez mais complexos que envolvem a natureza, a origem e a destinação da humanidade interessam ao Espiritismo. Os conceitos espíritas vão penetrar pouco a pouco na rotina dos pesquisadores de todas as lides e a cada dia se tornarão mais aceitos como realidades óbvias, transcendentes a quaisquer agremiações, realidades espirituais que sejam reconhecidas como pertencentes à humanidade, encarnada e desencarnada, sem que nenhuma ciência, filosofia ou religião possa se declarar proprietária exclusiva. 

            A mensagem espírita permeia a ciência, a filosofia e a religião, sem se restringir a nenhuma delas. Trata-se da Revelação Divina em benefício de toda a humanidade que habita a Terra.   


(*) editorial do programa Antena Espírita de 13.01.2013
(**) integrante da equipe do programa Antena Espírita

Comentários

  1. Na verdade o Espiristismo não é, na acepção tradicional, nem uma religião e nem uma ciência, mas uma nova concepção para a religiosidade e a cientificidade. Parabés pelo texto!

    Alex Saraiva
    Crateús/CE

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