Pular para o conteúdo principal

LÍDERES E LIDERADOS




Por Gilberto Veras (*)




Eu sou o caminho, a verdade e a vida,
ninguém vai ao Pai,
senão por mim (Jesus Cristo)”.

            Jesus Cristo, líder, modelo e guia da humanidade, Espírito Perfeito em moral e intelectualidade, plena harmonia com as leis divinas, conjunto natural (sentimentos, pensamentos e obras) em atividade integrada e excelente, movida pela luz do amor e da razão.  
            A função do líder humano deve se espelhar no exemplo cristão, tomando o excelso mestre como referencial, jamais com a pretensão ilusória de similaridade, pois a distância do grau de adiantamento Dele para o nosso chega à beira do infinito.
            Em proporções possíveis e compatibilizadas, o perfil do líder vitorioso neste mundo de nossa morada deve contar com:

  • sentimento – sensação emocional que o remete ao próximo por força moral lançada da alma pelas virtudes essenciais herdadas do Todo-Amoroso;

  • intelectualidade – instrução necessária ao exercício do oficio;

  • operacionalidade – ato de realizar projetos e produtos.

            O primeiro recurso (sentimento) legitima a função do líder. Ausente ele nesse dever comprometedor, presente estará a hipocrisia, em atuação desastrosa e nociva ao hipócrita. Os ensinos repassados pela intelectualidade, mesmo sendo verdadeiros, perde força de convencimento e a oportunidade de serem aproveitados fica prejudicada, junto com a edificação da obra (operacionalidade).
            O liderado no processo de aprendizado é aluno, busca melhoramento espiritual ou profissional, mas, nem por isso, está dispensado das fases sequenciadas do conjunto natural (sentir, pensar e crescer com a realização do trabalho digno), embora se apresente de forma diferenciada da mostrada pelo líder:

  • sentimento – percepção íntima das informações recebidas, valida os ensinamentos do líder;

  • intelectualidade – a visão cognitiva é ampliada;

  • operacionalidade – viabilização de projetos e obras alinhados com  a lei do progresso.

            Como estamos todos a caminho e o aprendizado ocorre no mundo das relações, exercemos sempre as funções de líder e de liderados, ora uma, ora outra, nesta e em outras encarnações, passadas ou vindouras, podemos mesmo exercer as duas funções ao mesmo tempo, depende, apenas, de circunstâncias eventuais nos grupos em que estamos inseridos.

Conclusões.

Confrades líderes
            Não descartem a fase do sentimento em suas funções, porque, perante Deus, a falsidade oriunda vai desmerecer seus discursos e o procurado avanço espiritual será prejudicado.
            Não se considerem os melhores, ouçam a voz do liderado e sejam receptivos (ela pode conter verdades que você desconhece), não faça juízo dos sentimentos do próximo (são eles privativos, acontecem em lugar íntimo, inacessível a julgadores). Não interfiram no livre-arbítrio de ninguém (é direito sagrado, porque concedido pelo Pai). Valorizem e motivem talentos em benefício do grupo. Apliquem princípios modernos de administração em favor do bom andamento dos serviços com a otimização do tempo e qualidade de trabalho agradável ao trabalhador de boa vontade. Em organizações maiores, descentralizem atividades sem prejuízo da postura humana e respeitosa, sejam líderes dos líderes, sob acompanhamento e controle gerais.
            A vaidade é veneno, afugenta a humildade, virtude preciosa na ascensão da alma.

Confrades liderados
            Desenvolvam a sensibilidade no exercício da moral cristã, essa providência lhes permite sintonia com leis superiores e os protege das investidas farsantes. Não coloquem o líder em pedestal elevado, tenham-no sempre como o irmão mais ou menos instruído, e bastante imperfeito, pois transita em mundo inferior onde a predominância é o mal, e é morada de todos nós. Não se afastem da realidade que assegura a identificação do grau de adiantamento do Espírito pelo equilíbrio de avanço nas estradas da moralidade e da intelectualidade. Instrução muito desenvolvida, por si só, não significa certeza de alma mais elevada do que aquela que, mesmo com menores valores, apresenta balanceamento de moral e intelecto.
            Convençam-se de que o maior impulsionador da alma é a humildade, porque significa curvar-se às solicitações das leis divinas que nos atraem para a Felicidade.
            Não endeusem seus líderes nem os afaguem com cortesias excessivas (bajulações), esse procedimento não é saudável e pode alimentar a vaidade, perigosa força impeditiva ao desempenho progressista das virtudes humanas.
       Movam-se sempre pelos méritos do bem para combaterem investidas maléficas, conservem a essência poderosa de criaturas divinas, não se despersonalizem diante do líder, que é perfectível como todos nós, porém sobrecarregado de imperfeições decorrentes de erros por ignorância natural de quem se encontra em colocação retardatária, lugar comum no mundo de provas e expiações em que estagiamos. 

Observação.  
 Experiência de vida, sentida e longa, fundamenta essas colocações aplicáveis a todas as áreas de ocupação social do homem. 

(*) Gilberto Veras é poeta, escritor, aposentado do Banco do Brasil e voluntário do Instituto de Cultura Espírita - ICE. Na foto com a sua esposa Sra. Geilza, também voluntária do ICE.

Comentários

  1. O eastilo da liderança inspirada no Cristo é o líder servidor. Belo texto!

    ResponderExcluir
  2. Muito esclarecedoras suas colocações Sr. Gilberto. Devemos todos refletir!! E mais uma vez ter nosso Mestre Jesus como inspiração!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

O NATAL DE CADA UM

  Imagens da internet Sabemos todos que “natal” significa “nascimento”, o que nos proporciona ocasião para inúmeras reflexões... Usualmente, ao falarmos de natal, o primeiro pensamento que nos ocorre é o da festa natalina, a data de comemoração do nascimento de Jesus... Entretanto, tantas são as coisas que nos envolvem, decoração, luzes, presentes, ceia, almoço, roupa nova, aparatos, rituais, cerimônias etc., que a azáfama e o corre-corre dos últimos dias fazem-nos perder o sentido real dessa data, desse momento; fazem com a gente muitas vezes se perca até de nós mesmos, do essencial em nós... Se pararmos um pouquinho para pensar, refletir sobre o tema, talvez consigamos compreender um pouco melhor o significando do nascimento daquele Espírito de tão alto nível naquele momento conturbado aqui na Terra, numa família aparentemente comum, envergando a personalidade de Jesus, filho de Maria e José. Talvez consigamos perceber o elevado significado do sacrifício daqueles missionári...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

ASTRÔNOMO DIZ QUE JESUS PODE TER NASCIDO EM JUNHO (*)

  Por Jorge Hessen Astrônomo diz que Jesus pode ter nascido em junho Uma pesquisa realizada por um astrônomo australiano sugere que Jesus Cristo teria nascido no dia 17 de junho e não em 25 de dezembro. De acordo com Dave Reneke, a “estrela de Natal” que, segundo a Bíblia, teria guiado os Três Reis Magos até a Manjedoura, em Belém, não apenas teria aparecido no céu seis meses mais cedo, como também dois anos antes do que se pensava. Estudos anteriores já haviam levantado a hipótese de que o nascimento teria ocorrido entre os anos 3 a.C e 1 d.C. O astrônomo explica que a conclusão é fruto do mapeamento dos corpos celestes da época em que Jesus nasceu. O rastreamento foi possível a partir de um software que permite rever o posicionamento de estrelas e planetas há milhares de anos.

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

JESUS E A IDEOLOGIA SOCIOECONÔMICA DA PARTILHA

  Por Jorge Luiz               Subjetivação e Submissão: A Antítese Neoliberal e a Ideologia da Partilha             O sociólogo Karl Mannheim foi um dos primeiros a teorizar sobre a subjetividade como um fator determinante, e muitas vezes subestimado, na caracterização de uma geração, isso, separando a mera “posição geracional” (nascer na mesma época) da “unidade de geração” (a experiência formativa e a consciência compartilhada). “Unidade de geração” é o que interessa para a presente resenha, e é aqui que a subjetividade se torna determinante. A “unidade de geração” é formada por aqueles indivíduos dentro da mesma “conexão geracional” que processam ou reagem ao seu tempo histórico de uma forma homogênea e distintiva. Essa reação comum é que cria o “ethos” ou a subjetividade coletiva da geração, geração essa formada por sujeitos.

A ESTUPIDEZ DA INTELIGÊNCIA: COMO O CAPITALISMO E A IDIOSSUBJETIVAÇÃO SEQUESTRAM A ESSÊNCIA HUMANA

      Por Jorge Luiz                  A Criança e a Objetividade                Um vídeo que me chegou retrata o diálogo de um pai com uma criança de, acredito, no máximo 3 anos de idade. Ele lhe oferece um passeio em um carro moderno e em um modelo antigo, daqueles que marcaram época – tudo indica que é carro de colecionador. O pai, de maneira pedagógica, retrata-os simbolicamente como o amor (o antigo) e o luxo (o novo). A criança, sem titubear, escolhe o antigo – acredita-se que já é de uso da família – enquanto recusa entrar no veículo novo, o que lhe é atendido. Esse processo didático é rico em miríades que contemplam o processo de subjetivação dos sujeitos em uma sociedade marcada pela reprodução da forma da mercadoria.

A DOR DO FEMINICÍDIO NÃO COMOVE A TODOS. O QUE EXPLICA?

    Por Ana Cláudia Laurindo A vida das mulheres foi tratada como propriedade do homem desde os primevos tempos, formadores da base social patriarcal, sob o alvará das religiões e as justificativas de posses materiais em suas amarras reprodutivas. A negação dos direitos civis era apenas um dos aspectos da opressão que domesticava o feminino para servir ao homem e à família. A coroação da rainha do lar fez parte da encenação formal que aprisionou a mulher de “vergonha” no papel de matriz e destituiu a mulher de “uso” de qualquer condição de dignidade social, fazendo de ambos os papéis algo extremamente útil aos interesses machistas.

DIVERSIDADE SEXUAL E ESPIRITISMO - O QUE KARDEC TEM A VER COM ISSO?

            O meio espírita, por conta do viés religioso predominante, acaba encontrando certa dificuldade na abordagem do assunto sexo. Existem algumas publicações que tentam colocar o assunto em pauta; contudo, percebe-se que muitos autores tentam, ainda que indiretamente, associar a diversidade sexual à promiscuidade, numa tentativa de sacralizar a heterocisnormatividade e marginalizar outras manifestações da sexualidade; outros, quando abrem uma exceção, ressaltam os perigos da pornografia e da promiscuidade, como se fossem características exclusivas de indivíduos LGBTQI+.