Pular para o conteúdo principal

AMOR-RAZÃO: INDICADOR EVOLUCIONAL



 Por Gilberto Veras (*)
  
Amor é sentimento poderoso, primordial, é força recebida do Criador, e move a vida por intermédio da criatura. A potencialidade desse sentimento básico é liberada pelo Espírito aos poucos, em função da capacitação adquirida em passos acertados na marcha evolutiva pela entidade que o detém, isto significa dizer, a pessoa ama com qualidade e extensão na medida do seu adiantamento espiritual. Não existe quem não ame, o amor poderá ser pouco desenvolvido, mas nunca ausente no coração das pessoas. Em consequência, também é verdade que o sentimento áureo não desaparece nos filhos de Deus com pouca educação ou de difícil relacionamento social, até mesmo o pária, o celerado, o de predominância malévola conta com o amor essencial, porquanto o Criador não privilegia nenhum dos seus filhos, dotou todos com latentes virtudes de avanço para serem acionadas no mundo das relações. Guardemos em nossas consciências: não há criatura humana que não possa amar, apenas o espaço de alcance do amor é diferente em cada qual, varia do ínfimo ao magno, em correspondência ao máximo de imperfeição até a depuração completa da alma. Então podemos dizer, amamos mais ou menos do que o outro.
A aproximação dos humanos acontece por afinidade, quando ocorrem similitudes em educação, compreensão, hábitos, costumes e preferências, sem que haja necessidade de todas essas condições serem comuns aos envolvidos, mas é vero dizer que quanto maior o número delas mais forte a atração.

Aproximadas, as pessoas se relacionam e se amam. Contudo é interessante entender bem a função do amor nos relacionamentos e aproximações humanas. A excelência dos sentimentos (o amor) atua como aglomerante divino, anexa, com propósitos superiores, os similares que, solidários, desenvolvem talentos outros, imprescindíveis ao crescimento espiritual. Se a alma é pequena, o amor é pequeno, contudo sua função impulsionante, naturalmente relativa, é mantida, e os indivíduos caminham estabilizados, em espaço compatível e a ritmo próprio.
À medida que o amor desenvolve seu potencial, maior o universo amado. O homem, no aspecto vibratório, está sempre posicionado em lugar intermediário, acima de almas que lhe são inferiores e abaixo de outras de nível mais elevado do que o seu. Vibrações amorosas não dependem do estado físico denso, ocorrem pelo pensamento em fluidos sutis e alcançam, a qualquer distância, o objeto amado (intensidade vibratória subida, espaço percorrido estendido).

Conclusão.
O relacionamento humano é saudável quando amparado e conduzido pelo amor, a alma avança e exercita virtudes do bem em trabalho que se realiza com aprovação divina, o caminho é a luz e a serenidade é tônica emocional.
Sentimento amoroso prescinde da aproximação física, e, quando posicionamentos evolucionais distanciam as pessoas, as que estão em vanguarda devem e podem amar as de retaguarda, de amor menos desenvolvido.
A validade do amor não está selada por abraços, beijos e carinhos (atitudes consequentes e por demais agradáveis), mas por vibração maior, imperante, incondicional, que transporta o amor a distâncias longínquas e propicia segurança física ao que ama quem não o ama (aquele que, de coração enfermado pelo ódio, com pouco espaço para o sentimento original, insiste em propósitos malévolos).  
Amor e razão são faculdades espirituais independentes, o individuo pouco amoroso pode estar dotado de larga razão, e aquele de racionalidade estreita pode ter o coração suprido por generosa intensidade de amor, a necessidade do descompasso é providência súpera, compulsória ou programada.  O amor não se opõe à razão, nem esta àquele, ambos operam a favor do progresso, com recursos afins, porém dilatados em caminhos peculiares e paralelos. Não é apenas pela energia disponível do amor nas pessoas amadas que seus estados de crescimento devem ser avaliados, como também não é valendo-se do grau de intelectualidade (produto da razão) constatado nelas que iremos encontrar seus justos valores, o juízo só será válido e correto pela combinação ponderada dos dois instrumentos fundamentais de aperfeiçoamento cujos acompanhamentos exatos são exclusividade do divino, estão fora de alçada das criaturas, mormente de nós outros, ainda em aprendizado incipiente nas estradas sinuosas e sombrias da vida. Essa compreensão inteligente evita endeusamentos descabidos (somos deuses sim, mas em possibilidades, jamais prontos e acabados).

Amando sempre, com perseverança e sinceridade, e racionalizando fatos com igual pertinácia, seguramente haveremos de adentrar no reino de Deus, onde inexistem sombras e a luz é plena.   
 (*) Gilberto Veras é poeta, escritor, aposentado do Banco do Brasil e voluntário do Instituto de Cultura Espírita - ICE. Na foto com a sua esposa Sra. Geilza, também voluntária do ICE.

Comentários

  1. Parabéns! Um texto com a aplicação de muito amor! Muito Obrigado!!!

    ResponderExcluir
  2. Tento me espelhar nos seus exemplos e nos seu ensinamentos,obrigado por tudo só tenho o que agradecer.

    ResponderExcluir
  3. O amor para transformar multidões de pecados!Resgatar vidas!!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

EU POSSO SER MANIPULADO. E VOCÊ, TAMBÉM PODE?

  Por Maurício Zanolini A jornalista investigativa Carole Cadwalladr voltou à sua cidade natal depois do referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia (Brexit). Ela queria entender o que havia levado a maior parte da população da pequena cidade de Ebbw Vale a optar pela saída do bloco econômico. Afinal muito do desenvolvimento urbanístico e cultural da cidade era resultado de ações da União Europeia. A resposta estava no Facebook e no pânico causado pela publicidade (postagens pagas) que apareciam quando as pessoas rolavam suas telas – memes, anúncios da campanha pró-Brexit e notícias falsas com bordões simplistas, xenofobia e discurso de ódio.

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

A DOR DO FEMINICÍDIO NÃO COMOVE A TODOS. O QUE EXPLICA?

    Por Ana Cláudia Laurindo A vida das mulheres foi tratada como propriedade do homem desde os primevos tempos, formadores da base social patriarcal, sob o alvará das religiões e as justificativas de posses materiais em suas amarras reprodutivas. A negação dos direitos civis era apenas um dos aspectos da opressão que domesticava o feminino para servir ao homem e à família. A coroação da rainha do lar fez parte da encenação formal que aprisionou a mulher de “vergonha” no papel de matriz e destituiu a mulher de “uso” de qualquer condição de dignidade social, fazendo de ambos os papéis algo extremamente útil aos interesses machistas.

JESUS E A IDEOLOGIA SOCIOECONÔMICA DA PARTILHA

  Por Jorge Luiz               Subjetivação e Submissão: A Antítese Neoliberal e a Ideologia da Partilha             O sociólogo Karl Mannheim foi um dos primeiros a teorizar sobre a subjetividade como um fator determinante, e muitas vezes subestimado, na caracterização de uma geração (1) , isso, separando a mera “posição geracional” (nascer na mesma época) da “unidade de geração” (a experiência formativa e a consciência compartilhada). “Unidade de geração” é o que interessa para a presente resenha, e é aqui que a subjetividade se torna determinante. A “unidade de geração” é formada por aqueles indivíduos dentro da mesma “conexão geracional” que processam ou reagem ao seu tempo histórico de uma forma homogênea e distintiva. Essa reação comum é que cria o “ethos” ou a subjetividade coletiva da geração, geração essa formada por sujeitos.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

RECORDAR PARA ESQUECER

    Por Marcelo Teixeira Esquecimento, portanto, como muitos pensam, não é apagamento. É resolver as pendências pretéritas para seguirmos em paz, sem o peso do remorso ou o vazio da lacuna não preenchida pela falta de conteúdo histórico do lugar em que reencarnamos reiteradas vezes.   *** Em janeiro de 2023, Sandra Senna, amiga de movimento espírita, lançou, em badalada livraria de Petrópolis (RJ), o primeiro livro; um romance não espírita. Foi um evento bem concorrido, com vários amigos querendo saudar a entrada de Sandra no universo da literatura. Depois, que peguei meu exemplar autografado, fui bater um papo com alguns amigos espíritas presentes. Numa mesa próxima, havia vários exemplares do primeiro volume de “Escravidão”, magistral e premiada obra na qual o jornalista Laurentino Gomes esmiúça, com riqueza de detalhes, o que foram quase 400 anos de utilização de mão de obra escrava em terras brasileiras.

O GRANDE PASSO

                    Os grandes princípios morais têm características de universalidade e eternidade, isto é, servem para todos os quadrantes do Universo, em todos os tempos.          O exercício do Bem como caminho para a felicidade é um exemplo marcante, sempre evocado em todas as culturas e religiões:          Budismo: O caminho do meio entre os conflitos e a dor está no exercício correto da compreensão, do pensamento, da palavra, da ação, da vida, do trabalho, da atenção e da meditação.          Confucionismo: Não se importe com o fato de o povo não conhecê-lo, porém esforce-se de modo que possa ser digno de ser conhecido.          Judaísmo: Não faça ao próximo o que não deseja para si.     ...

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...