Pular para o conteúdo principal

JEREMIAS E OS FALSOS PROFETAS

 


A vida daqueles homens ― pois embora houvesse mulheres, como a profetisa Ana, a vida dura do profeta requisitava a fibra masculina  ―... a vida deles era um ato que mistura destemor diante dos sofrimentos e perseguições, traições, prisões, renúncia a uma vida considerada “normal”, às vezes incompreensão e ingratidão daqueles para quem o profeta se dedicou e, em alguns casos, açoites e pena de morte.

Para citarmos apenas alguns:

José foi invejado e traído pelos próprios irmãos. Chegou ao Egito na condição de prisioneiro.  Assediado pela esposa do eunuco Potifar, por não aceitar as ofertas dela, foi por ela denunciado e, não fosse a mão protetora de Deus, teriam mandado matá-lo.

Moisés, apiedado de seu povo, enfrentou o êxodo para Canaã, sob a perseguição dos exércitos do Egito, que se puseram no seu encalço. Passou dias ásperos no deserto, onde se incluiu a precariedade e a fome. E presenciou a ingratidão de seu povo para com o Deus que ele tanto venerava, pois enquanto recebeu as mais expressivas manifestações mediúnicas no monte Tabor, Aarão, seu irmão, comandou a massa para adorar o bezerro de ouro, em franca idolatria.

Daniel, profeta judeu deportado para a Babilônia, portou-se de forma destemida; foi testado de mil maneiras pelo rei Dário; uma delas foi colocá-lo em uma cova cheia de leões, para ser devorado por eles, aos quais sobreviveu.

Batista, que renunciou a uma vida confortável para viver no deserto, privando-se de comidas saborosas e qualquer forma de álcool, recebeu a paga sendo preso por Herodes Ântipas, a quem denunciara; Herodes esse que lhe mandou decepar a cabeça.

O próprio Cristo, maior dos profetas. Injustiçado, incompreendido por seu povo e até por seus irmãos; caluniado, traído, perseguido, denunciado, preso, ridicularizado e morto.

Paulo de Tarso, inúmeras vezes preso, açoitado, apedrejado e finalmente tendo a cabeça decepada pelos soldados de Nero.

...E assim os apóstolos Pedro, Tiago, Filipe, Matias e vários outros, que experimentaram perseguições e martírio, por levarem, desassombradamente, a palavra renovadora do Evangelho de Jesus.

Os verdadeiros profetas, no entanto, mantiveram uma conduta limpa e que se opôs à corrupção; coragem inquebrantável e fé verdadeira no Pai Celestial.

Denunciaram o que precisavam denunciar, a bem da verdade, custasse o que custasse. E edificaram o povo com seus exemplos, procurando aproximar ou reaproximar de Deus as massas sofredoras, tirando-as da corrupção e da idolatria.

Jeremias foi desses profetas. Sua vida é também uma saga. Viveu a pouco mais de 600 anos antes de Cristo.

Quando o Rei Josias, com 8 anos, assumiu o poder entre os hebreus, Jeremias já era adulto e profetizava.

Os hebreus, também conhecidos como “povo de Israel”, em homenagem a seu patriarca Jacó, que assim se chamava; ou simplesmente povo de Judá, ou ainda judeus, quando se referiam aos palestinos;  aquele povo sempre esteve às voltas com a dominação de povos conquistadores.

Os hebreus praticamente não tiveram soldados, ou, quando tiveram, seus exércitos foram bastante fracos. Basta ver que se vangloriavam de ter Davi abatido a um inimigo filisteu com uma pedrada na testa; e de ter Sanção levado à morte seus inimigos com a força dos próprios braços.

Enquanto isso, os povos conquistadores, que viviam à sua volta, tinham exércitos, lutavam até a morte, de maneira que os hebreus foram muitas vezes derrotados e escravizados, ocasiões em que os conquistadores determinavam quais seriam seus reis e passavam a cobrar pesados e detestados impostos.

Em poucas ocasiões, como nos reinados de Davi e Salomão, os hebreus conseguiram passar com menos guerras e menos opressão por parte dos inimigos.

A força dos hebreus estava mesmo na aproximação com Deus, da qual foram os pioneiros e conservaram o exemplo de espiritualidade por muito tempo. Mantiveram a tocha da fé acesa, nos momentos mais difíceis.

No entanto, a massa mesma, muitas vezes tendia a voltar aos velhos costumes da idolatria, desejando, em repetidas ocasiões, adorar não ao Deus verdadeiro, mas aos deuses de pedra: Moloque, Baal, Baalzebu, Bezerro de Ouro.

A providência divina, no entanto, nunca deixou de mandar um homem ou uma mulher suficientemente inspirados para guiar aquela gente pelo caminho da fé no Altíssimo, caminho da reverência às leis espirituais que governam o universo, conhecidas por eles, até então, como os DEZ MANDAMENTOS.

Dizíamos que Jeremias foi um desses; e que ele viveu pouco mais de 600 anos antes de Cristo; que já era adulto quando o Rei Josias subiu ao poder.

Após Josias, os hebreus caíram nas mãos dominadoras do Faraó Neco, que determinou fosse Jeoaquim o rei local.

Jeoaquim, e mais tarde seu filho Joaquim, eram detestados pelo povo, por que injustos, verdadeiros déspotas. A eles se juntava a classe de poderosos, incluindo sacerdotes e profetas que profetizavam a mentira, em benefício pessoal. Se Josias combateu a adoração aos falsos deuses, ela retorna com força com Jeoaquim e com os governos seguintes.

Jeremias então passou a pregar na praça pública, chamando seus pares à obediência ao Pai Celestial. Sincero, chorou por Jerusalém, como mais tarde choraria Jesus, anunciando a destruição da “cidade santa”, que se consumou sob o imperador romano Tito, por volta do ano 70 da era cristã. Jesus afirmou que de Jerusalém não restaria pedra sobre pedra. E 600 anos antes, Jeremias havia profetizado o mesmo.

Incompreendido pelos próprios parentes e por seu povo, a quem se dedicou e amou, foi preso mais de uma vez, uma delas pelo rei Jeoaquim, que mandou amarrá-lo a um tronco e açoitá-lo.

Por ordem de Zedequias, 20º rei de Judá, Jeremias também foi preso.

O maior motivo da insatisfação, por parte dos poderosos, foi o fato de Jeremias foi o fato de Jeremias censurá-los, inclusive os falsos profetas, e ter profetizado a derrocada do reinado de Israel, à época, o que viria a se confirmar anos mais tarde, quando os hebreus caíram nas mãos dominadoras de Nabucodonosor, da Babilônia, em 598 a.C, que invadiu Jerusalém e levou os judeus, inclusive Jeremias, para o cativeiro babilônico.

Os dominadores deram a oportunidade a Jeremias de ficar em Jerusalém, mas ele vacilou, desejoso se sofrer com seu povo e para ele prestar os relevantes serviços espirituais.

Jeremias via no sofrimento de seu povo a oportunidade de arrependimento e emenda, diante das Leis do Eterno. Mas novamente os poderosos se recusaram a emendarem-se. E mais uma vez o anúncio profético de Jeremias veio a confirmar, pois com uma tentativa de se rebelarem contra os babilônios, Nabucodonosor invadiu Jerusalém novamente e, desta vez, incendiou o Templo de Salomão, derrubou as muralhas e as casas, deportando mais uma leva de escravos para a Babilônia.

Amoroso para com seu povo, Jeremias foi um solitário, amparado por poucos, como seu amigo Baruc. Algumas vezes, quase chegou ao desalento, mas reergueu-se na fé e prosseguiu.

Há dúvidas se o livro Lamentações de Jeremias é de autoria do profeta, inteira ou parcialmente. Mas o Evangelista Mateus, no Capítulo 2, versículo 17, cita-o, referindo à dor de Raquel “pela perda de seus filhos” (1) comparando este fato com a perseguição do Rei Herodes, o Grande, que resultou na matança das criancinhas.

Também há dúvidas sobre a morte de Jeremias. Ela é citada em um livro escrito por um judeu da Palestina, no Século I d.C. Livro considerado apócrifo, intitulado VIDA DOS PROFETAS. Segundo ele, Jeremias foi apedrejado pelos próprios conterrâneos, até a morte.

Interessante notar que Jeremias é uma personalidade humana, de carne e osso, mas dedicada à mediunidade com todas as forças de seu ser e com toda a verdade.

Humilde e verdadeiro, não se considerava justo.

Jeremias viria a influenciar dois grandes profetas que o seguiram: Daniel, valorosa alma, pura e verdadeira; e Isaías, que profetizou a vinda de Jesus como aquele que levaria consigo nossas dores sobre os ombros; e como um cordeiro, levado ao matadouro, sem resistência e sem um único gemido.

Pensando no Jeremias do passado, lembramos dos apóstolos espíritas de nossos dias: Allan Kardec, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo e Francisco Cândido Xavier.

Pensamos, em contrapartida, naqueles que hoje se utilizam dos títulos de “profeta”, “missionário” e “apóstolo”, completamente distanciados das exemplificações dos genuínos profetas hebreus.

Pensamos nos médiuns que se dizem “sob a influência” de elevados espíritos, para trazerem mensagens sem luz e sem valor, que nada condizem com a superioridade dos pretensos comunicantes; mensagens eivadas, isto sim, de erros e mentiras, certamente ditadas por “falsos profetas do espaço”.

Refletimos, finalmente, sobre quanto nós, profetas pequeninos dos dias atuais... quanto nós estamos distantes do desassombro, da resiliência, da fidelidade e do amor de Jeremias, um verdadeiro profeta!

 

(1)          Raquel teria morrido antes de seus filhos. Esta citação seria uma metáfora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

“BANDIDO MORTO” É CRIME A MAIS

  Imagens da internet    Por Jorge Luiz   A sombra que há em mim          O Espírito Joanna de Ângelis, estudando o Espírito encarnado à luz da psicologia junguiana, considera que a sociedade moderna atinge sua culminância na desídia do homem consigo mesmo, que se enfraquece tanto pelos excessos quanto pelos desejos absurdos. Ao se curvar à sombra da insensatez, o indivíduo negligencia a ética, que é o alicerce da paz. O resultado é a anarquia destrutiva, uma tirania do desconcerto que visa apagar as memórias morais do passado. Os líderes desse movimento são vultos imaturos e alucinados, movidos por oportunismo e avidez.

ESPÍRITISMO E CRISTIANISMO (*)

    Por Américo Nunes Domingos Filho De vez em quando, surgem algumas publicações sem entendimento com a codificação espírita, clamando que a Doutrina Espírita nada tem a ver com o Cristianismo. Quando esse pensamento emerge de grupos religiosos dogmáticos e intolerantes, até entendemos; contudo, chama mais a atenção quando a fonte original se intitula espiritista. Interessante afirmar, principalmente, para os versados nos textos de “O Novo Testamento” que o Cristo não faz acepção de pessoas, não lhe importando o movimento religioso que o segue, mas, sim, o fato de que onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome ele estará no meio deles (Mateus XVIII:20). Portanto, o que caracteriza ser cristão é o lance de alguém estar junto de outrem, todos sintonizados com Jesus e, principalmente, praticando seus ensinamentos. A caridade legítima foi exemplificada pelo Cristo, fazendo do amor ao semelhante um impositivo maior para que a centelha divina em nós, o chamado “Reino de...

"FOGO FÁTUO" E "DUPLO ETÉRICO" - O QUE É ISSO?

  Um amigo indagou-me o que era “fogo fátuo” e “duplo etérico”. Respondi-lhe que uma das opiniões que se defende sobre o “fogo fátuo”, acena para a emanação “ectoplásmica” de um cadáver que, à noite ou no escuro, é visível, pela luminosidade provocada com a queima do fósforo “ectoplásmico” em presença do oxigênio atmosférico. Essa tese tenta demonstrar que um “cadáver” de um animal pode liberar “ectoplasma”. Outra explicação encontramos no dicionarista laico, definindo o “fogo fátuo” como uma fosforescência produzida por emanações de gases dos cadáveres em putrefação[1], ou uma labareda tênue e fugidia produzida pela combustão espontânea do metano e de outros gases inflamáveis que se evola dos pântanos e dos lugares onde se encontram matérias animais em decomposição. Ou, ainda, a inflamação espontânea do gás dos pântanos (fosfina), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente.

O CORDEIRO SILENCIADO: AS TEOLOGIAS QUE ABENÇOARAM O MASSACRE DO ALEMÃO.

  Imagem capa da obra Fe e Fuzíl de Bruno Manso   Por Jorge Luiz O Choque da Contradição As comunidades do Complexo do Alemão e Penha, no Estado do Rio de Janeiro, presenciaram uma megaoperação, como define o Governador Cláudio Castro, iniciada na madrugada de 28/10, contra o Comando Vermelho. A ação, que contou com 2.500 homens da polícia militar e civil, culminou com 117 mortos, considerados suspeitos, e 4 policiais. Na manhã seguinte, 29/10, os moradores adentraram a zona de mata e começaram a recolher os corpos abandonados pelas polícias, reunindo-os na Praça São Lucas, na Penha, no centro da comunidade. Cenas dantescas se seguiram, com relatos de corpos sem cabeça e desfigurados.

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...

O DISFARCE NO SAGRADO: QUANDO A PRUDÊNCIA VIRA CONTRADIÇÃO ESPIRITUAL

    Por Wilson Garcia O ser humano passa boa parte da vida ocultando partes de si, retraindo suas crenças, controlando gestos e palavras para garantir certa harmonia nos ambientes em que transita. É um disfarce silencioso, muitas vezes inconsciente, movido pela necessidade de aceitação e pertencimento. Desde cedo, aprende-se que mostrar o que se pensa pode gerar conflito, e que a conveniência protege. Assim, as convicções se tornam subterrâneas — não desaparecem, mas se acomodam em zonas de sombra.   A psicologia existencial reconhece nesse movimento um traço universal da condição humana. Jean-Paul Sartre chamou de má-fé essa tentativa de viver sem confrontar a própria verdade, de representar papéis sociais para evitar o desconforto da liberdade (SARTRE, 2007). O indivíduo sabe que mente para si mesmo, mas finge não saber; e, nessa duplicidade, constrói uma persona funcional, embora distante da autenticidade. Carl Gustav Jung, por outro lado, observou que essa “másc...