sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

PRA NÃO DIZER QUE FALEI DA DORES


              
              

               O que são as dores? Conceitualmente são um conjunto de sensações físicas, emocionais ou psicológicas que produz incômodo e sofrimento. Podem ter o caráter agudo, daí passageiro, ou crônico se permanecem por muito tempo e classificadas em contínuas, cujo nome já define ou intermitentes quando tem períodos de analgesia.
            O poder que exercem na rotina do mundo é incalculável, tanto quanto a compreensão de sua intensidade em quaisquer circunstâncias que se apresentem. Impossível delimitar quem é mais ou menos sensível aos seus chamados, pois há uma série de fatores que implicam nessa sensibilidade. Não dá para dizer que esse ou aquele é mais “duro” ou “mole” para a dor, pois essa medida é completamente inabordável pelas condições neurofisiológicas, emocionais e espirituais envolvidas em seu processo e desencadeamento. 

            Chamadas de provação, expiação, resgate, castigo, oportunidade. Alcançam desde os mais complexos psiquismos, representados pelos seres humanos, estão presentes entre os animais e a Botânica já esclarece quanto sua presença no mundo vegetal. Alteradas pelo livre arbítrio independem dele para existir, pois é muito provável que animais e plantas não detenham liberdade de escolha e ainda assim sentem dores. Essa concepção remete para o papel de instrumento essencial de evolução em todos os Reinos da Natureza que desempenha. 
            As dores são um dos maiores desafios para a Ciência Biológica e Psicológica e também dominam a cena quando tratamos de questões de natureza espiritual. O drama das dores físicas, apesar de muitas vezes implacáveis, não sobrepujam à importância daquelas que alcançam o silêncio da alma, as quais são menos compreendidas por faltarem elementos físicos que as justifique incluídas aquelas que envolvem os vícios, as emoções e os medos. 
            Filosoficamente pode ser vista como embrião do processo de iluminação que alcança os Espíritos que alcançaram graus especiais do controle das próprias expectativas e que alçaram à humanidade a generosidade dos seus propósitos elevados. A espiral evolutiva da dor aponta para um sentimento de empatia, que torna possível querer ver pelos olhos daquele que se encontra ao lado e sofre as fragilidades que é possível vermos presente em nosso psiquismo, num esforço de compreender-lhes as dificuldades. É o sentimento de empatia que empurra a nossa necessidade de dor para o patamar de precisarmos caminhar para o Amor, exatamente o eco evolutivo da dor, seu correspondente de luz e transcendência.
            A dor não cessa como se caísse no nada, ela simplesmente metamorfoseia em Amor, é a sua semente, cuja árvore robusta que produz consegue albergar todas as consciências do Cosmo sob a proteção acolhedora da conspiração universal, a síntese da lógica divina. Paridos pela dor atingimos pela excelência do amor a estrada que encaminha, “do átomo ao arcanjo”, todos os seres à sintonia que nos tornará, paulatina e demoradamente, detentores da harmonia conquistada pelas eternidades relativas dos espaços infinitos.   
            Essa é uma homenagem a todos os homens e mulheres que suavizam a vida de seus semelhantes doando de si para que a dor do outro se torne suportável e superável, tantas vezes relativizando as próprias dores.

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