Qual a métrica imposta a fim de que algum fato
ou ocorrência possa ser considerado tardio? Certamente a frustração de metas
que estabeleçam um tempo para a concretização do planejamento. Não significa
que o atingimento depois do programado seja de todo desastroso, mas é muito
comum o transtorno da decepção sempre que o calendário não consegue seguir
exatamente os planos que são pensados para ele. Antes Tarde do que Nunca revela
uma espécie de sabedoria que impõe uma reflexão transformadora.
Vão
acontecer imprevistos em qualquer caminhada, diversos criados pela própria
consciência que segue o caminho, exatamente pelas controvérsias que estão
acopladas às vacilações que fazem parte da nossa lista de equipamentos
emocionais. Todo planejamento posto em execução é uma estrada desconhecida, da
qual temos apenas o mapa, mas é o território que estabelece a verdadeira
velocidade da empreitada. Não é raro que no meio da expedição seja posto um
veneno letal às expectativas de vitória, a pressa. E ainda pior, quem traz essa
variável na qualidade de reforço não tem a mínima percepção de sua toxicidade
para qualquer projeto em execução.
Funcionando
como uma busca ansiosa de resultados, a pressa perverte a lógica do traçado,
cria desvios e apenas simula avanços. Jamais, sob qualquer de suas
possibilidades, é capaz de produzir nenhum fruto completamente saudável, pois
cuida de retirá-lo do talo antes que consiga amadurecer o suficiente. Escutá-la
é lançar na lixeira boas idéias que necessitavam de suficiente tempo de
fermentação para alcançar maturidade.
Por outro lado, vêem-se
verdadeiros concertos de harmonia que, de forma inesperada, deixam de manter
viabilidade por fatores que diretamente independem dos seus pares. Hora de
refletir. Quando o curso de um caminho sofre modificações que extrapolam a
capacidade de evitar, tais cataclismos, mortes ou doenças graves, necessário
que se admita imediato a vulnerabilidade corporal e também se estabeleça uma
plataforma de compreensão quanto ao que deixamos programado antes de
reencarnar.
Haverá
quem traga na alma desejos e vocações que nem sempre serão respondidos a contento,
apesar dos esforços contínuos estarem dirigidos para tais direções. O
aprendizado nem sempre acontece quando se chega à plataforma pretendida, sim
durante a caminhada. Aprender a caminhada é forte indício de alcançar o
objetivo, mas o laboratório está em testar a capacidade de paciência para
atingi-lo. Experiências malfadadas do passado exigem mais trabalho de campo e
algumas desilusões para se concretizarem. Vale mais lapidar a alma na fornalha
da dificuldade com a finalidade de conquistas definitivas, as quais trataremos
de aproveitar sem desperdícios, pelo alto custo de trabalho e tempo empregados.
Temos
pretensões de aquisições que variam em dias, meses, anos, séculos. A
pontualidade, segundo as nossas exigências, nem sempre será a regra. Façamos o
melhor que pudermos certos de que toda gestação por mais que demore, um dia
acaba, e nunca desistir da luta, pois sempre poderemos ir atrás dos sinais que
a vida oferece. Sempre na certeza de que “antes tarde do que nunca”, demore
quanto for.
editorial do programa Antena Espírita de 08.04.2018
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