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BENÇÃOS E MALDIÇÕES



 
O ato de abençoar implica em desejar o bem de alguém.
Assim como a oração, o alcance da bênção depende de nosso envolvimento com ela, dos sentimentos que mobilizamos.
O pai que, displicentemente, abençoa o filho que vai dormir, sem desviar a atenção do programa de televisão, não vai além das palavras.
Já a mãe diligente, que leva a criança ao leito, conversa com ela, conta-lhe uma história e a beija carinhosamente, põe a própria alma ao abençoá-la, envolvendo-a em poderosas vibrações de amor, com salutar repercussão em seu sono.
Ao contrário da bênção, amaldiçoar é desejar o mal de alguém.
Que vajas bien, que te pise el tren.
O fato de desejarmos que uma pessoa seja atropelada por um trem, como sugere este chistoso ditado espanhol, não implicará, evidentemente, nesse funesto acontecimento. Não possuímos poderes para tanto, nem Deus o permitiria. Mas podemos perturbar nosso desafeto.
A maldição é um pensamento contundente, revestido de carga magnética deletéria, passível de provocar reações adversas no destinatário – nervosismo, tensão, irritabilidade, mal-estar…
Se, porém, o amaldiçoado é uma pessoa bem ajustada, moral ilibada, ideias positivas, sentimentos nobres, nada lhe acontecerá. Simplesmente não haverá receptividade para nossa vibração maldosa.
O mesmo ocorre em relação ao ato de abençoar. Os pais desejam muitas bênçãos para seus filhos. Que sigam caminhos retos; que sejam aprendizes aplicados; que se realizem profissionalmente; que cultivem moral elevado; que sejam felizes...
Ainda que se situem por poderosos estímulos, suas bênçãos pouco representarão se os filhos preferirem caminhos diferentes.
Nem por isso devem deixar de abençoá-los. Suas bênçãos inibirão os impulsos mais desajustados dos filhos, trabalharão suas consciências adormecidas e acabarão por despertar neles impulsos de renovação, quando a vida lhes impuser suas amargas lições.
Bênçãos e maldições são como bumerangues, aqueles brinquedos australianos, em forma de arco, que retornam às nossas mãos quando os atiramos.
Se amaldiçoarmos alguém, odientos, o mal que lhe desejamos voltará, invariavelmente, para nós, precipitando-nos em perturbações e desequilíbrios. Somos vitimados por nosso próprio veneno.
Em contrapartida, aquele que abençoa alimenta-se de bênçãos, neutralizando até mesmo vibrações negativas de eventuais desafetos da Terra ou do além.
Jesus conhecia como ninguém esse princípio. Por isso, antecipando que os discípulos enfrentariam muitas hostilidades na difusão do Evangelho, recomendava-lhes:
“Quando entrardes numa casa, dizei:
A paz esteja neste lar.
Se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz."
Temos aqui preciosa orientação. Observando-a, ainda que, onde formos, as pessoas estejam pouco dispostas a entronizar a paz, ela não se ausentará de nosso coração.
Nem sempre os beneficiários de nossas iniciativas, quando cultuamos a vocação de servir, mostram-se reconhecidos.
Que isso jamais nos iniba. O ato de servir tem suas próprias compensações. Exercitando-o, a distribuir bênçãos de auxílio, habilitamo-nos às bênçãos de Deus.

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