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UMA VISÃO ESPÍRITA SOBRE JESUS¹






Por Roberto Caldas (*)


Os espíritas são instados com frequência a responderem quanto as suas expectativas em torno da volta de Jesus à Terra e quanto ao papel que lhe atribuímos dentro da acepção cristã que nos caracteriza. É lógico que sabemos das previsões de outras denominações espiritualistas quanto ao aguardo de tão prestimoso retorno e quanto à concepção de salvador que lhe conferem. Naturalmente não cabem dúvidas que a ética espírita nos impõe o mais profundo respeito a qualquer crença que defira daquelas que alimentamos e a exposição dos nossos pontos de vista segue à risca essa necessidade de defesa da liberdade de pensar. 
            A relevância da missão de Jesus e a sua significação para os adeptos do Espiritismo ganha fôlego diante do questionamento contido no item 625 de O Livro dos Espíritos (Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?), cuja resposta não titubeia: “Jesus”. Na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ao justificar a visão a ser adotada pela Doutrina Espírita quanto ao papel de liderança que Jesus nos oferece, Allan Kardec divide em 05 partes o conteúdo dos escritos dos evangelistas e assegura que dentre elas a única que não deixa espaço para tergiversação é o Seu Ensino Moral. Logo Jesus é o ícone de perfeição que podemos dispor para espelhar as nossas atitudes que alimentem o ensejo de evolução e a cartilha de valores éticos de amor a Deus e ao próximo se constitui na grande mensagem que sintetizou a sua missão no planeta, como Ele mesmo assegurou (Mateus XXIV; 35): “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras nunca passarão”.  

            Relativo à ideia do seu retorno, com dia e hora para acontecer, afirmamos que a sua atividade espiritual na Terra jamais se fez esperar. Aquele que disse (João VIII; 58), “antes que Abraão existisse eu sou”, não esteve longe da humanidade em tempo algum. A Sua Presença entre nós é mesma anterior a sua passagem na qualidade de encarnado. Daí que nunca saiu não necessita voltar. Os adeptos contemporâneos é que vão encontrar formas e canais para torná-lo cada dia mais influente nos destinos da humanidade. Cabe aos novos divulgadores das suas idéias utilizarem, de forma objetiva, os meios universalizados que as tecnologias permitem para sensibilizarem o mundo ao seu legado de Paz.
            Aos espíritas, aos quais não cabem ilusões salvacionistas nem miragens paradisíacas, é urgente que busquem nos estudos doutrinários da Codificação Espírita, os elementos norteadores de uma constante requalificação da compreensão acerca de temas tão relevantes. A sociedade solicita novos rumos, perdida que se encontra nas esquinas do consumismo material enquanto grita por soluções espirituais que desconhecem. É fundamental saibamos disponibilizar a métrica de Allan Kardec no apoio à sede de conhecimento que as pessoas exibem a nossa volta, Estejamos cientes de que ao repetir Jesus, o Espiritismo nada de inovação propõe, senão uma interpretação contemporânea a uma verdade que jamais precisará ser modificada. Jesus sintetiza todo o conhecimento e toda moral que podemos aspirar. Refletir em torno d’Ele à luz do Espiritismo é roteiro que nos conduz ao encontro com Deus, destino inexorável de toda a humanidade.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 18.10.2015
(*) escritor, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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