Pular para o conteúdo principal

CRÔNICAS DO COTIDIANO: "O MAGISTRADO E O NAZARENO"




“Graças te dou a ti, Pai, Senhor do Céu e da
Terra, porque escondeste estas coisas aos
sábios e prudentes, e as revelaste
aos simples e pequeninos.”
(Jesus, Mt, 11:25)



            Por Jorge Luiz (*)



Personalidade representativa da República, afirmou recentemente nas redes sociais que “o juiz deve ter remuneração muito elevada para não ter preocupação de ordem material. É fator primordial de sua independência”. A afirmação tenta justificar o aumento dos magistrados do judiciário, que deverá beirar a casa dos seis dígitos, de onde é fácil se concluir, segundo o magistrado, que para ser honesto, basta ser rico. É de um simplismo sem retoques.
            Riqueza não é sinônimo de honradez, basta olhar as manchetes dos órgãos de imprensa nacionais e internacionais. O que dizer, então, da catadora de material reciclável que encontrou duzentos e cinquenta mil reais no lixo, que pertencia ao Hospital do Câncer de Barretos e que não teve nenhuma dúvida em devolvê-los, apesar do seu salário ainda está na casa dos três dígitos:
            Quando os valores da Humanidade forem regidos pelo clarão da Boa Nova, relações sociais se pautarão sob a máxima do Meigo Nazareno:

 “(...) Porque a todo aquele a quem muito foi dado muito será pedido, e ao que muito confiaram, mais contas lhe tomarão.” (Lc, XII:47-48).


É natural, portanto, que para os deslizes daqueles que detêm muitos conhecimentos, serão aplicadas penalidades maiores aos daqueles que poucos conhecimentos adquiriram na existência. Assim será o reino de amor, justiça e caridade.
            Jesus afirmou que “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.” (Mc 19:25). Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Esperitismo”, XVI:7, esclarece com muita propriedade que a riqueza não é obstáculo à plenificação espiritual, mas fica óbvio que não deixa de ser uma prova arriscada, mais perigosa que a miséria. Kardec segue os ensinamentos dos Benfeitores Celestes colocados na questão nº 814 de “O Livro dos Espíritos”, quando afirmam da miséria e riqueza, como provação:

“– Tanto uma como a outra. A miséria provoca a murmuração contra a Providência, a riqueza leva a todos os excessos.”

Nos comentários adicionais à questão citada, Allan Kardec torna a situação mais clara ao dizer:

“quanto mais o homem for rico e poderoso mais obrigações tem a cumprir, maiores são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo uso que faz de seus bens e do seu poder.”

            A riqueza apesar de excitar as paixões e muitos males como a corrupção que grassa o Brasil, não resulta da riqueza, mas da inferioridade moral característica dos Espíritos aqui reencarnados. Entretanto, cabe ao homem transformá-la em proveito da coletividade, espargindo o bem comum, muito embora seja atributo de progresso moral, é sem sombra de dúvida, um poderoso elemento do progresso intelectual, que logo alavancará o progresso moral, como exultam os Espíritos Reveladores na questão nº 780 “a”, de “O Livro dos Espíritos”:

“Dando a compreensão do bem e do mal, (o progresso intelectual) pois então o homem pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio segue-se o desenvolvimento da inteligência e aumenta a reponsabilidade do homem pelos seus atos.”
           
            A missão do homem inteligente na Terra, como a posição que ocupou o magistrado, é para que lhe oportunize condições de servir a coletividade, e não se servir dela. A inteligência é meritória para o Homem, assim como a enxada é para o trabalhador, desde que sirva aos desígnios do Senhor.
            O Espiritismo se tornará senso comum, condição irrevogável para nascer uma nova era da Humanidade, como explicam os Espíritos Superiores nas questões nºs. 798 a 802, do Livro III – Cap. VII, de “O Livro dos Espíritos.” pois destruirá o materialismo, grande fomentador do egoísmo e orgulho, duas chagas da sociedade, que emulam posições como a que tomou a Excelentíssima personalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo. São Paulo. EME. 1969;
_____________ “O Livro dos Espíritos”. São Paulo. LAKE. 2014.


(*) blogueiro e expositor espírita.

Comentários

  1. ......e não se servir dela. Essa é a diferença! Fugimos o tempo inteiro da nossa responsabilidade com a coletividade,arranjando desculpas ou culpando alguém. Então , não adianta apenas irmos as ruas para pedirmos paz ou qualquer outra coisa. Porque essa mudança para a coletividade ou ao próximo começa em mim para o outro. Assim teremos uma sociedade digna das coisas boas tão almejadas.

    ResponderExcluir
  2. A DOUTRINA ESPIRITA VEIO PRA ESCLARECER E MOSTRAR O QUE A IGREJA MANTINHA MANTIDO COMO SEGREDO NOS SEUS PURÕES, GRAÇAS A DOUTRINA DO ESPIRITISMO DE ALAN KARDEC, O MUNDO FICOU TENDO A CHANCE DE CONHECER O ESPIRITISMO.
    QUANTO AO LIVRE ARBITRIO, SEGUNDO O LIVRO DOS ESPIRITOS, ESCRITO POR ALAN KARDEC, DEIIXA A NÓS ESPIRITOS ENCARNADOS NA TERRA, LIVRES PARA AGIR TANTO PRA O BEM OU PARA O MAL, PRA DIANTE DAS PROVAS QUE TEMOS QUE PASSAR.


    BRUNO FILHO
    MEMBRO DA SOCIEDADE ESPIRITA DOUTOR ANTONIO JUSTA - FORT- CE-BRASIL.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

PUREZA ENGESSADA

  Por Marcelo Teixeira Era o ano de 2010, a Cia. de teatro da qual Luís Estêvão faz parte iria apresentar, na capital de seu Estado, uma peça teatral que estava sendo muito elogiada. Várias cidades de dois Estados já haviam assistido e aplaudido a comovente história de perdão e redenção à luz dos ensinamentos espíritas. A peça estreara dez anos antes. Desde então, teatros lotados. Gente espírita e não espírita aplaudindo e se emocionando. E com a aprovação de gente conhecida no movimento espírita! Pessoas com anos de estrada que, inclusive, deram depoimento elogiando o trabalho da Cia. teatral.

SOBRE A INSISTÊNCIA EM QUERER CONTROLAR AS MULHERES

  Gravura da série O Conto da Aia, disponível na Netflix Por Maurício Zanolini Mulheres precisam se casar com homens intelectualmente e financeiramente superiores a elas ou o casamento não vai durar. Para o homem, a esposa substitui a mãe nos cuidados que ele precisa receber (e isso inclui cozinhar, lavar, passar e limpar a casa). Ao homem, cabe o papel de prover para que nada falte no lar. O marido é portanto a cabeça do casal, enquanto a mulher é o corpo. Como corpo, a mulher deve ser virtuosa e doce, bela e recatada, sem nunca ansiar por independência. E para que o lar tenha uma atmosfera agradável, é importante que a mulher sempre cuide de sua aparência e sorria.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

09.10 - O AUTO-DE-FÉ E A REENCARNAÇÃO DO BISPO DE BARCELONA¹ (REPOSTAGEM)

            Por Jorge Luiz     “Espíritas de todos os países! Não esqueçais esta data: 9 de outubro de 1861; será marcada nos fastos do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa, e não de luto, porque é a garantia de vosso próximo triunfo!”  (Allan Kardec)                    Cento e sessenta e quatro anos passados do Auto-de-Fé de Barcelona, um dos últimos atos do Santo Ofício, na Espanha.             O episódio culminou com a apreensão e queima de 300 volumes e brochuras sobre o Espiritismo - enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurice Lachâtre - por ordem do bispo de Barcelona, D. Antonio Parlau y Termens, que assim sentenciou: “A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir que eles vão perverter a moral e a religião de outr...

O MOVIMENTO ESPÍRITA MUNDIAL É HOJE MAIS AMPLO E COMPLEXO, MAS NÃO É UM MUNDO CAÓTICO DE UMA DOUTRINA DESPEDAÇADA*

    Por Wilson Garcia Vivemos, sem dúvida, a fase do aperfeiçoamento do Espiritismo. Após sua aurora no século XIX e do esforço de sistematização realizado por Allan Kardec, coube às gerações seguintes não apenas preservar a herança recebida, mas também ampliá-la, revendo equívocos e incorporando novos horizontes de reflexão. Nosso tempo é marcado pela aceleração do conhecimento humano e pela expansão dos meios de comunicação. Nesse cenário, o Espiritismo encontra uma dupla tarefa: de um lado, retornar às fontes genuínas do pensamento kardequiano, revendo interpretações imprecisas e sedimentações religiosas que se afastaram de seu caráter filosófico-científico; de outro, abrir-se à interlocução com as descobertas contemporâneas da ciência e com os debates atuais da filosofia e da espiritualidade, como o fez com as fontes que geraram as obras clássicas do espiritismo, no pós-Kardec.

ALLAN KARDEC E A DOUTRINA ESPÍRITA

  Por Doris Gandres Deolindo Amorim, ilustre espírita, profundo estudioso e divulgador da Codificação Espírita, fundador do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, em dado momento, em seu livro Allan Kardec (1), pergunta qual o objetivo do estudo de uma biografia do codificador, ao que responde: “Naturalmente um objetivo didático: tirar a lição de que necessitamos aprender com ele, através de sua vida e de sua obra, aplicando essa lição às diversas circunstâncias da vida”.

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.

A CULPA É DA JUVENTUDE?

    Por Ana Cláudia Laurindo Para os jovens deste tempo as expectativas de sucesso individual são consideradas remotas, mas não são para todos os jovens. A camada privilegiada segue assessorada por benefícios familiares, de nome, de casta, de herança política mantenedora de antigos ricos e geradora de novos ricos, no Brasil.