Pular para o conteúdo principal

IMPARCIALIDADE DA CRIAÇÃO




Por Gilberto Veras (*)




A criação divina é dinâmica e contínua, com diretriz única, inalterável, não faz distinção de princípios, firma-se na benevolência do amor, energia absoluta que se propaga conjugada com Inteligência Suprema, devemos entendê-la como a semente que se desenvolve em incontáveis passos e se transforma em várias formas, de diferentes aspectos, sem, contudo, perder a essência de que foi originada, presente em todos os momentos de sua existência útil, solidária e transferível. Observada quando no estágio humano, a obra divina não é alterada no seu princípio de dinamismo e continuidade, todos os homens estão a caminho, uns à frente, outros atrás, e todos contemplados pelo Amor do Criador com o propósito de se amarem uns aos outros aplicando as virtudes de que foram dotados (ferramentas de execução dos atos amorosos), cada uma com finalidades próprias, todas movidas pelo sentimento áureo, e convergem abraçadas, solidárias pela fraternidade, em auxílio mútuo na marcha próspera em direção ao aperfeiçoamento feliz. A nenhum irmão em Deus deve-se negar relacionamento virtuoso, no qual é necessidade básica a compreensão, a tolerância e o perdão, comportamentos que não devem restringir-se à simples afirmação das palavras, pois o endosso do alto repousa invariavelmente na vivência legítima do sentimento superior (amor) que se revela impregnado na intimidade da alma digna, a manifestação oral pode até ser dispensada (em casos especiais, quando a sensatez sugerir) porém jamais o Justo aceitará ausência do sentimento sincero que deve pulsar emotivo no coração sensibilizado. 

A cadeia de virtudes está disponibilizada a toda criatura no patamar da conscientização, independente de condições sociais, religiosas, intelectuais, sexuais ou de cor, nenhum relacionamento humano prospera de outra forma, isso porque fundamentalmente, na visão amorosa, bondosa e justa do Criador, privilégios não foram, não são e jamais serão considerados, e não podemos entender de modo diferente sem arranhar a ideia de Inteligência Inatingível  atribuída ao pai do Universo, somos criaturas aperfeiçoáveis em processo de aprendizado para servir a nós mesmos e aos outros para que a vida, no tudo e em todos, seja completamente depurada com o desaparecimento definitivo do mal, e possa se apresentar conforme Vontade Suprema, sem erros nem defeitos em qualquer elemento no âmbito global.
O supervisor do nosso planeta e de todos nós que nele habitamos, Jesus, o Mestre Galileu, digno missionário divino, alma vitoriosa, detentora de luz intensa e esclarecedora, socorreu nosso orbe, há dois milênios com propósito de implantar diretrizes corretivas para sanear sombras do mal e implantar visão nova no trato do homem com a vida, sua mensagem e seu exemplo convergiam para a necessidade do relacionamento pessoal apoiar-se na igualdade respeitável e na fraternidade solidária, combateu o privilégio, a exploração do trabalho desumano, destrato com pobres e miseráveis, condenação por moralidade hipócrita, concentração de poder e conhecimento com a negação de oportunidades à massa humana para premiar poucos em grupos dominantes, morreu crucificado em madeiro infame para ressurgir esplendoroso a olhos escolhidos, de prosélitos merecedores. Comprovou aos seus irmãos menores a força do amor, poderosa e movedora da potencialidade humana, capaz de superar montanhas de impasses, provas e expiações. No seu mandato transcendente, sem qualquer seleção, compreendeu e acolheu o irmão assistido, pois sabia que cada pessoa, na estrada da vida, ocupa lugar próprio em função do grau evolutivo, mas todos, independente de posicionamento social, moral ou intelectual em que se encontram, devem amor fraterno ao semelhante.  É lamentável, mas ainda encontramos em pleno século 21, irmãos primitivos, disfarçados de civilizados, a pregar, em alto e bom som, o combate do mal com o mal, não os consideremos perdidos ou castigados a desprezos vaidosos, também estes são filhos de Deus, credores da generosidade do Pai, por nosso intermédio solidário e humilde.

Espelhando-nos no Mestre dos mestres poderemos sim realizar obras reencarnatórias triunfantes e avançar na marcha espiritual do aperfeiçoamento.

(*) poeta  escritor espírita.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.