terça-feira, 14 de janeiro de 2014

AUTOCONHECIMENTO E OBJETIVOS¹

              


Por Roberto Caldas (*)



   Quais mesmos são os objetivos que intentamos quando nos voltamos a qualquer das práticas que desenvolvemos no mundo? Ocupamos a maior parte de nossas vidas adultas em atividades que consomem os dias e nos remetem a certos resultados que não necessariamente correspondem aos nossos desejos. Será alcançar o nível cultural mais alto, a aquisição da moradia pretendida, uma soma bancária tranquilizadora, a educação dos filhos, uma velhice tranquila, provarmos que podemos a alguém que não nos dá crédito, o almejo da salvação depois da morte?
            Qualquer que seja o motivo que nos move, e cada pessoa possui as suas próprias razões, é fundamental que se saiba qual. Estar atento ao objetivo nos mínimos passos é que nos deixa atento aos degraus que nos levam ao alcance da meta estabelecida. Do contrário, facilmente seremos tomados pelos percalços e dificuldades que se apresentam no cotidiano de nossas buscas. Então deixamos de manter a atenção naquilo que objetivamos e passamos a dar atenção aos desvios que começam a ensejar caminhos facilitadores e logo esquecemos a razão principal do que estamos realmente precisando alcançar.
            É comum que encontremos pessoas que se queixam da dureza da vida e da escassez de bons resultados. Essas pessoas estão focalizadas na dor do caminho transformando-a em sofrimento, condição que machuca sem trazer as alegrias da experiência que faz crescer. Outras pessoas julgam que Deus, Jesus ou algum protetor haverá de interceder para que as suas vidas se tornem mais fáceis de ser administradas, algumas vezes se tornam descrentes porque não logram êxito por esse caminho.
            A questão 919 de O Livro dos Espíritos (Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir aos arrastamentos do mal?) respondida por aquele que desempenhara na Terra com a identidade de Agostinho de Hipona, nos indica o caminho: “Um sábio da Antiguidade vos disse: “Conhece-te a ti mesmo”. Sugere ainda, questionado quanto aos meios de conseguir-se tal objetivo de se conhecer, que a reflexão antes de conciliar o sono para descobrir os acertos e falhas daquele dia que se encerra possa vir a ser uma das maiores alavancas de permanecer de olhos voltados para o que pretendemos alcançar nessa existência.
            Ao contrário do que muitos pregam, que deveremos esperar em Deus, a atitude de quem almeja precisa ser de confiança em Deus sim, sem jamais deixar de lembrar que o Apóstolo Paulo nos advertiu que “a cada um segundo as suas obras” (2ª epístola aos Romanos, versículo 6), daí não podemos esperar que Deus faça a parte que nos compete na consecução de nossas opções de aprendizado e aquisição de experiências. O conhecimento de si mesmo é grande chave para a prática do amor a Deus e ao próximo, mandamento único sintetizado por Jesus para quem desejasse viver em abundância.
            Descobrir com que objetivo despertamos todas as manhãs, mercê da compreensão que a Doutrina Espírita nos oferece a respeito da eternidade, imortais que somos, é a chave para tornarmos exitosa a nossa existência no mundo dos encarnados. Transformar as dificuldades em experiência, não em sofrimento, é a maior prova de autoconhecimento e fé no futuro.

           


¹ editorial do programa Antena Espírita de 12.01.2014.

(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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