domingo, 3 de março de 2013

MUDE O MUNDO...TRANSFORMANDO-SE (*)




Por Roberto Caldas (*)







"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." A frase em epígrafe é da lavra de um dos maiores brasileiros de todos os tempos (Ruy Barbosa – 05/11/1849 a 01/03/1923). Dita em outra época, diante de um sistema sócio-político diferente e de personalidades que já não fazem parte da atual realidade brasileira, parece que a sentença foi retirada dos jornais do dia de hoje.
            Estamos na atualidade diante de situações aflitivas que permeiam a rotina dos nossos dias, fruto das imperfeições humanas que retratam o conjunto da população do planeta, traduzidas pelas desigualdades sociais, falta de liberdade, administração fraudulenta, violência escancarada, assassinato da ética. Ao mesmo tempo acompanhamos a explosão de civilidade expressa pela conquista das refinadas tecnologias que transformam o mundo em uma sala e consegue salvar vidas em procedimentos jamais pensados na década passada. O pasmo desse contraste nos leva a pensar que a humanidade, enquanto progride tecnologicamente, degrada e regride do ponto de vista moral.

            Sucede que todos esses paradoxos estiveram presentes, sem exceção de período, na história da civilização humana, guardadas a relatividade da quantidade de indivíduos, divulgação dos problemas e tecnologia disponível. Sempre houveram os ambiciosos e suas vítimas, os déspotas e os servis, assim como os enganadores, os falaciosos, os hipócritas. E certamente esses tais estavam muito mais protegidos pela falta de divulgação dos seus atos, do que se encontram aqueles que vestem a carapuça dos dias atuais.
            O tema tem tamanha importância social que Allan Kardec dirigiu a questão 784, de O Livro dos Espíritos em sua direção: “A perversidade do homem é muito grande. Não parece recuar em vez de avançar, pelo menos do ponto de vista moral?”. A resposta dos Espíritos não se fez esperar: “Engano vosso. Observai bem o conjunto e vereis que o homem avança, uma vez que compreende melhor o que é o mal e a cada dia corrige abusos. É preciso o mal chegar a extremos para fazer compreender a necessidade do bem e das reformas”.
            A evolução dos hábitos e costumes de um grupo depende da decisão do conjunto das pessoas que formam uma sociedade. Os grandes delitos morais que vemos acontecer na macro realidade são aqueles que se repetem em escala menor dentro de nossas casas, nos comportamentos que escolhemos todos os dias. Se quisermos uma sociedade que corresponda aos anseios de igualdade, liberdade e respeito mútuo precisamos com urgência avaliar a contribuição moral, comportamental, familiar, profissional que cada um de nós apresenta ao mundo diante das situações que a rotina da existência nos traz à análise. O mal que desfila no mundo externo não passa dos maus hábitos que desenvolvemos no decorrer dos milênios. Estamos outra vez, diante da própria consciência, comprometidos com a necessidade de correção das doenças da alma e assim será tantas vezes quantas ainda precisemos. A mudança da realidade desse mundo também depende de nós. Façamos a nossa parte.

(*) editorial do programa Antena Espírita de 03.03.2013.
(**) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

2 comentários:

  1. Caro Roberto,
    Belíssima e oportuna reflexão. A frase de Rui Barbosa ecoa em todos os cantos do nosso solo brasileiro. Precisamos combater os maus costumes intimamente, e isso se refletirá no meio.
    Parabéns!

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