sexta-feira, 15 de março de 2013

EM BOA HORA





 Por Gilberto Veras (*)




Não precisamos de tanta perspicácia para verificar que a humanidade em nosso planeta, de azul tão lindo quando observado de fora, no espaço sideral, está sombreada de comportamentos não condizentes com a moral cristã. A ciência, a tecnologia e a intelectualidade navegam de vento em popa, e a moralidade com a lentidão dos remos movidos por braços evangelizados que, mesmo saudáveis e empenhados, são relativamente inexpressivos em resultados desejados, não conseguem acompanhar a velocidade alucinante da outra asa do progresso, desenvolvida sem critério, impulsionada pela ambição incontrolada da vaidade e egoísmo humanos. O evangelho de Jesus tem imensa dificuldade de ressonância, em dias hodiernos. O deslumbramento do ego ao ser admirado, indicado como referência e exemplo de inteligência cerebral, arrasta multidões, e o trabalhado implantado pelo Mestre Galileu com força da inteligência emocional, que move sentimentos virtuosos, poderosas ferramentas do crescimento espiritual, é relegado a segundo plano, em escolha infeliz e perigosa. A situação é preocupante, vai de encontro às leis divinas de equilíbrio e de fraternidade, semeia a discórdia, confronta a paz, inibe o congraçamento, aplaude a arrogância e atenta contra a igualdade de origem e destinação da criatura humana, não respeita a lei divinamente amorosa de aperfeiçoamento do ser imperfeito e que é perfectível, desvirtua o conceito de religião para entendê-lo como seitas que se arvoram no direito de exclusividade ao reino de Deus, em contradita aos ensinos cristãos que permitem defini-lo como a religação da criatura com o Criador através do aperfeiçoamento, estabelecido em definitivo por ações caridosas, no relacionamento com o próximo e com o Inventor da Vida, independentes de preceitos ou normas.   
Considero a eleição, em conclave, do Papa Jesuíta, Jorge Mario Bergoglio, Cardeal argentino, um acontecimento providencial, ocorreu em boa hora, não tenho dúvida. Culto, intelectualizado em proporção ideal à evangelização vivenciada, é de se esperar do seu papado frutos qualificados em que prevalecerão simplicidade, humildade e fraternidade, virtudes que solicitam à convivência espelhada no respeito religioso, na irmanação, na igualdade de direitos e deveres espirituais, enfim na disseminação da Verdade de Jesus, caminho imprescindível à prosperidade de nossas almas pequenas que a intelectualidade obsessiva, cega à moralidade, em nada, as fizeram crescer. 
(*) poeta e escritor espírita.

2 comentários:

  1. Muito Obrigado pelo texto, Gilberto Veras.
    Parabéns!

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  2. Caro Gilberto,
    As expectativas para com o papado de Francisco I são muito animadoras. Acredito que haverá espaço para um diálogo interreligioso.Em sendo da América Latina isso é fator mais animador, pois foge do ranço religioso europeu. Parabéns!

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