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SILÊNCIO ENSURDECEDOR






Por Jorge Luiz (*)

“Quando cessamos de aprovar, não censuramos;
guardamos silêncio, a menos que o interesse da
causa nos force a rompê-lo” (Allan Kardec)


            A Humanidade chegou a uma encruzilhada em sua trajetória evolutiva. Desorientada, ante a escassez de recursos naturais, poluição, crescimento demográfico, anarquia social, fanatismo religioso e a corrupção que alcança todas as Instituições. Em outra direção, padece de respostas às perguntas básicas como: quem somos nós? Que fazemos aqui? Para onde estamos indo? Essas respostas são fundamentais para o amadurecimento de uma civilização planetária.

            Para construirmos uma Sociedade sustentável temos que ir mais além do que somente existir, o que fizemos até agora. Para irmos além de existir, temos que considerar valores fundamentais para nortear os quesitos físicos, sociais e espirituais do homem como ator civilizatório.
            A trajetória evolutiva do homem exige novo paradigma que possibilite a convergências dos pensares científicos, espirituais e filosóficos e que promova a transição para novos tempos.
            A Humanidade vive anseio de transcendência fácil de perceber pelo denso material literato em autoajuda, a multiface do cenário religioso, o desenvolvimento de uma consciência elevada, o deslocamento do foco da religião para a experiência religiosa, a disposição dos fortes em amparar os frágeis.
            Enquanto isso, o movimento espírita vive um misticismo primitivo, próximo às práticas do pensamento mágico. As casas espíritas tornaram-se oráculos para solução dos problemas comezinhos do dia a dia. A negligência imperdoável no estudo das obras básicas pelos espíritas não possibilita ao Espiritismo assumir o seu principal papel como obra de educação para o homem novo.

            A compressão desses aspectos passa ao largo diante de muitas consciências espíritas. A rotina dos procedimentos acessórios terapêuticos hoje obscurece à criticidade genuína da Doutrina Espírita perante aos processos do homem contemporâneo.
            A autonomia administrativa do centro espírita, pouco compreendida, causou “midríase” no livre-arbítrio e promoveu a cegueira responsiva-doutrinária.
            É necessário fazer o Espiritismo conhecido, mais do que nunca, em nossas próprias fileiras. É impossível divulgar algo que não se conhece. Em nossos dias, introduzir alguém no estudo do Espiritismo é propiciar um processo já definido, e não apenas numa ordem de ideias. O centro espírita deverá servir de espelho côncavo em interface dialética com o contexto em que se insere.
            Vivemos momento que condiz com a situação evidenciada pelo Espírito Deolindo Amorim, pela pena psicográfica de Élzio F. de Souza, quando afirmou que nos encontramos na fase mais difícil da marcha do progresso do Espiritismo. Vivenciamos o momento parecido com aquela em que a oposição se torna governo. Ou seja, combatíamos os sistemas de crenças dominantes e agora sequer conseguimos por em ordem nossas ideias. Prevalece a desunião e a incapacidade de direção.
            “Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes”, afirmou Abrahan Lincoln (1809-1865), 16º presidente do EUA.          
            Lamentos como os nossos são pontuais.
            Há a necessidade das lideranças no Ceará de estabelecer agenda ativa que estimule a aproximação institucional e a união entre nós espíritas, rompendo com o silêncio ensurdecedor que atravanca os mais nobres anseios do Espírito da Verdade e de Allan Kardec.

            Pensemos nisso!

(*) Professional & Personal Coach, livre pensador, voluntário do Instituto de Cultura Espírita.

Comentários

  1. Aprovadíssimo... Parabéns pela matéria Jorge.
    Saúde e paz!!!!

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  2. Mas a idéia de muitos deve ter um movimento nessa direção que esclarece .Não basta apenas pensar,é o muito que fazemos.O HOMEM AINDA CALA DIANTE DA VERDADE.É preciso sim que tenhamos mais atitudes e assim façamos valer a pena o que de graça nos foi dado.Parabéns!

    Vanessa

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