O Dia da Esposa do Pastor tem como data própria o primeiro domingo de março. No contexto global se justifica como resultado do que chamam Igreja Perseguida, uma alusão aos missionários evangélicos que encontram resistência em países que já possuem suas tradições de fé, mas em nome da expansão evangélico/cristã estas igrejas insistem em se firmar.
No Brasil, a situação é bem distinta. Por aqui, o que fazia parte de uma narrativa e ação das próprias igrejas vai ocupando lugares em casas legislativas e ganhando sanções dentro do poder executivo, como o que aconteceu recentemente no estado do Pará. Um deputado do partido Republicanos e representante da bancada evangélica (algo que jamais deveria ser nominado com naturalidade, sendo o Brasil um país laico (ainda) propôs um projeto de lei que foi aprovado na Assembleia Legislativa e quando sancionado pelo governador Helder Barbalho, no início deste mês, se tornou a lei nº 11.069/2025, oficializando a comemoração no calendário anual do estado.
O deputado justificou seu ato político como reconhecimento do papel de assessoramento espiritual das esposas aos maridos, que em tese, trabalham para Deus. Se como ponto de vista tal compreensão merece respeito, quando é transferida para os espaços de interesses públicos comuns, se torna pauta parasita, sugando a seiva do que não lhe diz respeito, em espaços que deveriam se voltar para as causas sociais, culturais, econômicas e políticas sem motivação religiosa.
Aos poucos, os políticos ligados ao conservadorismo cristão estão colonizando os espaços laicos com suas narrativas e retirando deles as pautas básicas, pontuais, concretas, para colocar no lugar suas opiniões como elementos basilares. Para isso recebem dinheiro público e manipulam ideologias livremente, mesmo ferindo o princípio da laicidade.
Quando as casas legislativas e o poder executivo trabalham para o fortalecimento de grupos distintos, ferem todos os princípios constitucionais e revelam que o projeto de país cristão que está avançando no Brasil não é piada, mas uma ação coordenada, séria e preocupante para o futuro da diversidade religiosa e outras expressões de livre pensamento espiritual.
Causas sociais e ambientais são deixadas de lado para o destaque personalista/comportamental de grupos religiosistas, como sinal eloquente do perigo que cerceia o âmago da democracia institucional, neste momento político delicado, quando o desejo de golpes e implantações de ditaduras viceja dentro e fora do país, tendo a nação como alvo.
COMENTÁRIO ELABORADO PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - IA
ResponderExcluirComentário sobre a Oficialização do Dia da Esposa do Pastor no Pará
O artigo aborda de forma crítica a recente aprovação da Lei nº 11.069/2025 no Pará, que oficializa o Dia da Esposa do Pastor no calendário estadual. O autor contrasta a justificativa global para a celebração (apoio a missionários em "igrejas perseguidas") com a realidade brasileira, onde a pauta religiosa tem migrado para o âmbito legislativo e executivo.
O ponto central da crítica reside na violação do princípio da laicidade do Estado. O texto argumenta que, embora o reconhecimento do papel das esposas de pastores possa ser válido sob uma perspectiva religiosa, sua oficialização por meio de uma lei estadual transforma uma questão de fé em uma pauta de interesse público, desviando recursos e atenção que deveriam ser direcionados a causas sociais, culturais, econômicas e políticas de interesse comum.
O autor expressa preocupação com a crescente "colonização" de espaços laicos por narrativas do conservadorismo cristão, que, segundo ele, substituem as pautas básicas e concretas por opiniões religiosas. Essa ação, que envolve o uso de dinheiro público e a manipulação de ideologias, é vista como um ataque aos princípios constitucionais e um avanço preocupante para o projeto de um "país cristão", ameaçando a diversidade religiosa e a livre expressão espiritual.
Em suma, o artigo alerta para o perigo que essa instrumentalização da fé na política representa para a democracia institucional, especialmente em um contexto político já delicado, onde pautas sociais e ambientais são negligenciadas em favor de interesses de grupos religiosos.