Será que vale poetar
A morte de um inocente?
Será a poesia um alívio
À revolta que se sente?
Quantos milhares de versos
Há que se tecer no mundo
Para explodir em poesia
Um grito de horror profundo?
Numa Síria em convulsão
São crianças massacradas,
E nas escolas da América
São crianças fuziladas.
São mulheres violentadas,
São negros que morrem mais,
Em toda parte a injustiça
Despedaça a nossa paz!
É Marielle que morre!
Nove tiros sem piedade!
Extinta uma voz de luta
Pela paz, pela igualdade!
Apesar de meus irmãos,
Os homens que querem paz,
De Jesus, Francisco, Gandhi
Mostrarem como se faz,
Preciso dizer que a guerra,
A violência e a injustiça
São obras do homem macho
Que o sangue no mundo atiça.
Os exércitos que matam?
A polícia que tortura?
Os governos em confronto?
Corrupção, ditadura?
Tudo ou quase tudo é obra
Da virilidade bruta,
Que quer trucidar veados,
E trata a mulher por puta.
O mundo ainda se move
Por estruturas brutais!
Foi a história que se fez
Em milênios patriarcais.
Eduquemos pois meninas
Delicadas e guerreiras,
Maternas e lutadoras,
Filósofas e parteiras!
Mas eduquemos meninos
Convictos na compaixão,
Sem vergonha de pensar
Também com o coração!
Meninos que se recusem
A fabricar armamentos,
A lucrar com a desgraça
E a reprimir sentimentos.
Homens que jamais aceitem
Bombardear um país,
Atirar numa criança,
Fazendo o mundo infeliz!
Homens que saibam enfim
Que tem em si luz divina!
E que em seu ser imortal,
Há uma parte feminina!
Saibam todos que Deus pai
É também Deusa materna,
E devemos caminhar
Para uma irmandade eterna!
Homens, mulheres do mundo!
Sejamos todos mais ternos,
Abrindo a trilha ao futuro
Com humanos mais fraternos!
Não deixemos que essas mortes
Tenham todas sido em vão!
Semeemos nesse mundo
Um pouco de coração!
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