sábado, 26 de agosto de 2017

A ARTE DE EDUCAR - (FINAL)



  


 SOBRE A EDUCAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, a educação é disciplinada pela Lei Federal nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 a qual, em seu artigo 1º, na versão mais atualizada, de março de 2015, assim define:
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

Vê-se aí que o termo educação tem um sentido bastante amplo, mas que, na sua essência, conforme definido na lei, se desenvolve em primeiro lugar no ambiente familiar e, a partir daí, nos vários campos da convivência humana, inclusive no ambiente escolar!

É de nosso entendimento, que essa é a bagaem que a criança já deve levar de casa para o ambiente social e escolar.

A definição acima deve ter passado por um acurado exame dos experts na área e não apenas daqueles que cuidam da técnica legislativa.


Esse artigo primeiro da Lei de Diretrizes e Bases da Educaçâo vem acompanhado de dois parágrafos, sendo que o primeiro deles esclarece que a Lei disciplina a “educação escolar que se desenvolve predominantemente por meio do ensino, em instituições próprias”; e o segundo esclarece que “o objetivo da educação deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”.

Pela redação desses dois parágrafos citados acima, vê-se que a tarefa da educação escolar é predominantemente a de instrumentalizar o indivíduo para a vida prática, ou seja, a de preparar o indivíduo para uma atividade profissional, em suma, para o trabalho, o que não se pode imaginar que seja pouco, principalmente nos dias de hoje.

Quando as famílias procuram colocar os filhos em boas escolas, estão cobertas de razão, porque é através da instrução que o indivíduo se prepara para a vida prática, e não se pode imaginar que os pais estejam cometendo algum tipo de erro em desejar que seus filhos frequentem boas escolas, porque é assim que eles se preparam para a vida profissional, e isso é uma tarefa das mais louváveis, portanto, é justo que as famílias pensem e ajam assim!

Mas, o que as crianças e jovens devem levar para a escola? Além do material escolar necessário? Será que não está faltando alguma coisa?
 
Lembremos o que foi citado acima, quando nos referimos ao Prof. Hippolyte Leon Denizard Rivail, ainda no éculo XIX! De que “A educação é a arte de formar os homens; isto é, a arte de fazer eclodir neles os germens da virtude e abafar os do vício; de desenvolver a inteligência e de lhes dar instrução própria às suas necessidades”.

Ora, instruir é a principal tarefa da escola conforme vimos acima e que está definido na lei, que é desenvolver a inteligência e dar instrução própria às necessidades da vida, mas a quem caberá a tarefa de fazer eclodir neles os germens da virtude e abafar os do vício?

Quer nos parecer que esse aparelhamento a criança já deve levar de casa, portanto, esse tipo de preparação é tarefa que cabe à família proporcionar.

UMA VISÃO DA CRIANÇA COMO SER ESPIRITUAL

Importante, desde logo, ressaltarmos que, embora essa tarefa seja facilitada pela idade, há sempre que se considerar que as crianças são espíritos, ou seja, “almas antigas”, como diz Tom Shroder em seu livro de mesmo título, que chegam para novas experiências no corpo físico, os quais trazem vícios que, às vezes, foram desenvolvidos em várias existências anteriores, e que, por isso mesmo, devem ser objeto da maior atenção dos seus pais.

Assim, importante que se deva considerar a vida no sentido contínuo, ora o ser espiritual encarnado, ligado a um corpo, ora livre do liame físico, ou seja, do corpo, quando se encontra no mundo espiritual aguardando a oportunidade para uma nova existência física.

No Capítulo III, da parte segunda de O Livro dos Espíritos, que trata sobre a infância, na questão 383, Allan Kardec pergunta de forma especifica aos Espíritos, o seguinte: Para o Espírito, qual a utilidade de passar pelo estado de infância? A resposta textual é: Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.”

Já ficou bastante claro acima, que a tarefa de educar, conforme aqui estamos tratando, não cabe à escola e sim aos pais, o que se pode reforçar  transcrevendo a resposta que os Espíritos deram a Allan Kardec na pergunta de nº 385 de O Livro dos Espíritos, que é bastante extensa, entretanto, nos dois últimos parágrafos, essa questão fica totalmente esclarecida, senão vejamos:

“(...) A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos e acessíveis aos conselhos da experiência, dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.”

“Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.”

O QUE A FAMÍLIA DEVE ENSINAR ÀS CRIANÇAS?

O Professor Rivail, já utilizando o pseudônimo de Allan Kardec, na Questão 685 de O Livro dos Espíritos, na qual ele, ao se referir à questão das crises na economia, com reflexo nas pessoas idosas que não podem mais se manter pelo trabalho, diz o seguinte: “(...) Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança, sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos à educação moral pelos livros e sim a que consiste na arte de forma os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos”.

Vamos nos deter na análise da parte final do parágrafo anterior, na qual Allan Kardec deixa claro que não se refere à educação moral pelos livros, porquanto a “educação é o conjunto de hábitos adquiridos”.

Voltemos ao exemplo dado por Comenius, citado acima, ao comparar o desenvolvimento da criança com os cuidados que se deve ter com uma árvore, sabe-se que o jardineiro, desde cedo, costuma ampará-la com uma pequena estaca para que possa crescer aprumada e reta, ou seja, “antes que a árvore cresça muito e se encha de galhos.”

Assim, para se formar o caráter de alguém se tem que começar desde cedo, nos primeiros anos de vida do indivíduo, portanto, logo na primeira infância, como tarefa da família.

Partindo-se dessa premissa, os pais devem cuidar da educação moral de seus filhos, desde as primeiras idades, para que desenvolvam hábitos saudáveis que se refletirão no futuro quando se tornarem adultos.

QUAIS OS HÁBITOS QUE SE DEVE APRENDER NA INFÂNCIA?

Durante os primeiros anos de vida a criança, espírito encarnado, passa a maior parte do tempo no seio da família, muito próxima dos pais, principalmente da mãe, a qual lhe supre as necessidades de alimentação, segurança, higiene e conforto.

Como ainda não desenvolveu a fala, caso esteja se sentindo desconfortável por alguma razão, a forma de atrair a atenção materna é através do choro, ocasião mais que oportuna para que, gradualmente lhe sejam incutidos hábitos que, no futuro, revelarão que recebeu uma boa educação.

As mães, de maneira geral, desenvolvem uma psicologia própria da maternidade quando identificam, através do choro da criança, quais os tipos de necessidades que precisam atender, sabem, por exemplo, quando a criança está molhada ou quando é devido a outro tipo de necessidade fisiológica, quando o choro é de sono, ou quando a criança quer companhia, alguém por perto, ou até se o que ela quer é um colo.

Esse relacionamento é fundamental para as duas, para a mãe e para a criança, porque aí é que se forma um laço de confiança entre elas, o que, no futuro, propiciará oportunidades para o desenvolvimento de hábitos importantes para o desenvolvimento sadio da criança.

À satisfação das necessidades básicas vão dando lugar ao desenvolvimento de outros hábitos, por exemplo, de cuidar da sua própria higiene e de buscar a sua própria alimentação, ao dizer de forma específica que está com fome ou que já está satisfeita.

Desde cedo, a criança deve desenvolver também sua ligação com Deus, através da oração, antes e/ou após as refeições, antes de dormir e ao acordar, dependendo do costume da família. Assim, a criança vai, gradualmente, reconhecendo que é através da oração que a criatura entra em contato com o criador, seja para pedir e muito mais para agradecer, de acordo com a orientação religiosa da família.

Segundo Aristóteles, Séc. IV a.C, “a virtude moral ou ética é produto do hábito,” para Tomás de Aquino, “a formação de hábitos é essencial para a educação do ser humano”. Assim, a criança, desde cedo, deve aprender a reconhecer a autoridade dos pais, a desenvolver por eles o respeito, a obedecer-lhes as orientações e a seguir-lhes os conselhos inspirados na prudência e experiência de vida que só os anos conferem, caso não reconheçam a autoridade dos pais, dificilmente aceitarão seguir outras normas de conduta impostas pelos costumes, tradições e pela vida em sociedade.

Desde cedo a criança deve também aprender a respeitar a vida em todas as suas manifestações, seja a vida humana, animal, vegetal e o meio ambiente, pois todos são criações divinas e fatores importantes de equilíbrio da sociedade e da vida no planeta, o que evitará, no futuro, o cometimento de atitudes contrárias à preservação da vida como um todo.

Mas o respeito à vida também deve se iniciar por ele próprio, desenvolvendo hábitos de alimentação saudável e evitando desenvolver vícios predatórios tais como o uso de drogas, fumo, álcool, sexo desregrado dentre outros.

Uma sociedade equilibrada necessita de indivíduos capazes de respeitar as normas estabelecidas para a convivência geral, ou seja, as leis do país, sem o que a lei do mais forte ou do mais ousado é que será imposta, situação que gera o desequilíbrio social e o cometimento de abusos, especialmente dos mais fracos pelos mais fortes.

Dentre os hábitos que a criança deve aprender na infância, os mais importantes são os de Boas Maneiras, da Verdade e Honestidade, da Cooperação nas tarefas domésticas, de Cidadania, de Respeito às Leis, e à Vida em todas as suas manifestações, vegetal, animal, humana e do planeta.

Mas... Não se deve esquecer: O melhor programa de educação moral é aquele formado pelos bons exemplos dados pelos pais aos seus filhos enquanto com eles convivem: De respeito a tudo que é respeitável e de amor a Deus e ao próximo!

Como todo rio começa em um pequeno fio d’água de uma fonte, pode-se imaginar que a transformação da humanidade deva começar no lar de cada um de nós, em qualquer cidade, especialmente do nosso País.

2 comentários:

  1. Caro amigo Castro, esse tema é uns dos mais que me empolgam na Doutrina Espírita, afinal, Kardec era um educador por excelência espiritual. Ao analisarmos as suas encarnações todas elas tinham caráter de educador e não de sacerdote, que validaria o viés religioso do Espiritismo brasileiro. Parabéns pela sua abordagem, o que faz desse espaço doutrinariamente espírita. Isso nos fortalece na divulgação espírita. Vamos que vamos!

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  2. Francisco Castro de Sousa27 de agosto de 2017 às 10:55

    Bondade sua Jorge Luiz! Aguardemos a opinião dos leitores! Obrigado por sua leitura e interpretação!

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