Pular para o conteúdo principal

A GRANDE ALAVANCA DE TRANSFORMAÇÃO DA HUMANIDADE







Há uma questão sobre a qual, em nossas reflexões, temos nos detido com bastante frequência, e que gostaríamos de compartilhar com os nossos leitores, trata-se da destinação do Espiritismo.

Identificamos algumas expressões de O Livro dos Espíritos, ora usada por Allan Kardec, ora pelos próprios espíritos superiores, que tratam do assunto e as reproduziremos da forma como as encontramos na obra basilar da Doutrina Espírita:



Quando as crenças espíritas se houverem vulgarizado, quando estiverem aceitas pelas massas humanas” (Kardec - L.E. – introdução, item VII);

“Nele pusemos as bases de um novo edifício que se eleva e que um dia há de reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade (L.E. – Prolegômenos);

“Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade (L.E. – Q 798);
Por meio do Espiritismo, a humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso moral que lhe é consequência inevitável” (Kardec - L.E. – Conclusão, item V).


Como se pode ver pelos trechos que grifamos, tanto os espíritos como Allan kardec sinalizavam, primeiro, para a universalização da Doutrina, e, segundo, que dessa universalização adviria uma nova fase para a humanidade.
Alguma coisa fazia crer que isso de fato aconteceria, até de forma bastante rápida, haja vista que o livro dos espíritos rapidamente atingiu várias edições, cerca de 16 (dezesseis) edições até o desencarne de Kardec.
O número de espíritas crescia rapidamente, Camille Flamarion em seu famoso discurso por ocasião do sepultamento de Kardec fala de “milhões de criaturas que na Europa e no Novo Mundo têm se ocupado com o problema ainda misterioso dos fenômenos chamados espíritas”.
Leon Denis em seu livro “Depois da Morte”, capítulo XIX, dá conta de 11 milhões de adeptos só nos Estados Unidos, representados por uma imprensa numerosa (22 jornais e revistas).
Não temos registros da população espírita brasileira no final do século XIX, mas a julgar pelos centros por onde o Espiritismo aportou no Brasil, Bahia e Rio de Janeiro, e pela repercussão das ideias espíritas nesses meios, tudo levaria a imaginar um rápido crescimento.
Sem dúvida a população espírita brasileira cresceu, segundo o IBGE hoje somos algo em torno de 3 milhões de espíritas; como também é fora de dúvida que a população espírita mundial involuiu.
Só por curiosidade, se fizermos uma projeção da população espírita dos Estados Unidos, conforme citado por Leon Denis, considerando-se, apenas, um crescimento igual ao da população mundial, que cresceu 405% no mesmo período, teríamos hoje uma população de espíritas americanos em torno de 47 milhões.
Decorridos quase 160 anos do advento do Espiritismo, observa-se que o processo de difusão da Doutrina Espírita sofreu algum tipo de retardamento.
Quanto à universalização da Doutrina Espírita, não é difícil se chegar à conclusão de que ainda teremos que esperar muitos séculos.
Quanto aos seus efeitos na melhoria da humanidade? Será que já se pode notar alguma diferença? Mesmo no Brasil onde se concentra a maior população espírita do planeta, será que já se pode observar alguma melhora? Penso que não.
A grande questão que colocamos é a seguinte: Não seria uma tarefa dessa população espírita atual, se tornar o braço dessa “grande alavanca da transformação da humanidade”, da qual nos fala Allan Kardec em Obras Póstumas, no capítulo “Projeto 1868?” Somos de opinião que sim e até nos aventuramos a dar algumas sugestões:

(1) Tornar os espíritas, verdadeiramente espíritas, através do estudo sério da Doutrina Espírita, especialmente da Codificação;
(2) Ensinar a Doutrina aos filhos dos espíritas, crianças e jovens, através da Evangelização Espírita;
(3) simplesmente colocar o Espiritismo ao alcance das pessoas.

Para que essas sugestões possam ser operacionalizadas é preciso se colocar em prática os seguintes cursos de ação:
Sobre o item (1) investir na valorização da população espírita feminina devido ao seu grande efeito multiplicador, a mulher educa os filhos, aconselha os parentes e ainda pode redirecionar o marido. A porta de entrada das instituições espíritas deve ser o estudo da Doutrina, não se pode conceber Centro Espírita sem o estudo sistemático da Doutrina.
Quanto ao item (2) é muito comum encontrarmos as salas de estudos da Doutrina lotadas, e as da Evangelização Infantil vazias, porque os espíritas não estão persuadidos de oferecerem o estudo da Doutrina Espírita para seus filhos.
Finalmente, em relação ao item (3) em primeiro lugar é essencial acabar com o preconceito de que os espíritas não devem fazer proselitismo.
Kardec pensava de forma diferente, veja-se o que ele mesmo afirma em O Livro dos Médiuns, 1ª parte, capítulo III, nº 18:

Muito natural e louvável é, em todos os adeptos, o desejo, que nunca é demais animar, de fazer prosélitos”

Posteriormente em Obras Póstumas quando diz no Projeto 1868:


“Uma publicidade em larga escala, feita nos jornais de maior circulação, levaria ao mundo inteiro, até às localidades mais distantes, o conhecimento das idéias espíritas, despertaria o desejo de aprofundá-las e, multiplicando-lhes os adeptos, imporia silêncio aos detratores que logo teriam de ceder, diante do ascendente da opinião geral”.



Dentre outras ações ainda podemos citar as seguintes:



(a) As obras espíritas serem publicadas em edições populares para venda em bancas de revistas, lanchonetes e pontos de ônibus;

(b) Os eventos espíritas serem massivamente divulgados para o grande público;

(c) As obras básicas serem colocadas nas bibliotecas das Escolas e Universidades públicas e particulares de todo o país; (d) Os espíritas se mobilizarem para aquisição de uma rede de rádio e TV, de alcance nacional, para divulgação da Doutrina Espírita.



Em resumo, vejamos o que disse Leon Denis, palavras perfeitamente aplicáveis aos dias de hoje:



“A hora presente é de crise e de renovação. O mundo está em fermentação, a corrupção se acresce, a noite estende-se, o perigo é grande, mas, por detrás da sombra vemos a luz, por detrás do perigo a salvação. Uma sociedade não pode perecer. Se traz em si elementos de decomposição, também possui germes de transformação e de ressurgimento. A decomposição anuncia a morte, mas também precede o renascimento. Pode ser o prelúdio duma nova vida”.



E finalizaremos com as alentadoras palavras de Allan Kardec:



“Somente o Espiritismo, bem entendido e bem compreendido, pode remediar esse estado de coisas e tornar-se, conforme disseram os Espíritos, a grande alavanca da transformação da humanidade”.


Comentários

  1. Caro amigo,
    Entendo a sua inquietação pois é minha também.Na condição de movimento, estamos distantes de realizarmos uma proposta robusta de divulgação do Espiritismo. Não se concebe que na realização de um evento espírita em Fortaleza, seja de que molde se realize,não estejam representadas todas as casas aqui localizadas. Ouvimos as mais díspares justificativas: hoje temos mediúnica; temos evangelização; temos a distribuição de sopa. Enfim, nós como movimento, somos uma lástima.

    ResponderExcluir
  2. Quando as partes não sabem ou não reconhecem o seu papel fica muito difícil a caravana andar. Não há ação coordenada, não há plano de ação, não existe meta de longo prazo.Nenhuma reação ocorre sem um catalisador que facilite os processos e interações. Liderança é confundida com mando e ordenação, serve para status, mas não passa disso. Uma pena que as expectativas de futuro tenham uma "barriga imensa" para as empurrar. Roberto Caldas

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

“TUDO O QUE ACONTECER À TERRA, ACONTECERÁ AOS FILHOS DA TERRA.”

    Por Doris Gandres Esta afirmação faz parte da carta que o chefe índio Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854! Se não soubéssemos de quem e de quando é essa declaração poder-se-ia dizer que foi escrita hoje, por alguém com bastante lucidez para perceber a interdependência entre tudo e todos. O modo como vimos agindo na nossa relação com a Natureza em geral há muitos séculos, não apenas usando seus recursos, mas abusando, depredando, destruindo mananciais diversos, tem gerado consequências danosas e desastrosas cada vez mais evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que 10 milhões de toneladas de plásticos diversos são jogadas nos oceanos todo ano! E isso sem considerar todas as outras tantas coisas, como redes de pescadores, latas, sapatos etc. e até móveis! Contudo, parece que uma boa parte de nós, sobretudo aqueles que priorizam seus interesses pessoais, não está se dando conta da gravidade do que está acontecendo...

A FÉ COMO CONTRAVENÇÃO

  Por Jorge Luiz               Quem não já ouviu a expressão “fazer uma fezinha”? A expressão já faz parte do vocabulário do brasileiro em todos os rincões. A sua história é simbiótica à história do “jogo do bicho” que surgiu a partir de uma brincadeira criada em 1892, pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro. No início, o zoológico não era muito popular, então o jogo surgiu para incentivar as visitas e evitar que o estabelecimento fechasse as portas. O “incentivo” promovido pelo zoológico deu certo, mas não da maneira que o barão imaginava. Em 1894, já era possível comprar vários bilhetes – motivando o surgimento do bicheiro, que os vendia pela cidade. Assim, o sorteio virou jogo de azar. No ano seguinte, o jogo foi proibido, mas aí já tinha virado febre. Até hoje o “jogo do bicho” é ilegal e considerado contravenção penal.

"ANDA COM FÉ EU VOU..."

  “Andá com fé eu vou. Que a fé não costuma faiá” , diz o refrão da música do cantor Gilberto Gil. Narra a carta aos Hebreus que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Cremos que fé é a certeza da aquisição daquilo que se tem como finalidade.

NÃO SÃO IGUAIS

  Por Orson P. Carrara Esse é um detalhe imprescindível da Ciência Espírita. Como acentuou Kardec no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos: “Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram”, sendo esse destacado no título um deles. Sim, porque esse detalhe influi diretamente na compreensão exata da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos. Aliás, vale dizer ainda que é no início do referido item que o Codificador também destaca: “(...) os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos (...)”.

FUNDAMENTALISMO AFETA FESTAS JUNINAS

  Por Ana Cláudia Laurindo   O fundamentalismo religioso tenta reconfigurar no Brasil, um país elaborado a partir de projetos de intolerância que grassam em pequenos blocos, mas de maneira contínua, em cada situação cotidiana, e por isso mesmo, tais ações passam despercebidas. Eles estão multiplicando, por isso precisamos conhecer a maneira com estas interferências culturais estão atuando sobre as novas gerações.

A HISTÓRIA DA ÁRVORE GENEROSA

                                                    Para os que acham a árvore masoquista Ontem, em nossa oficina de educação para a vida e para a morte, com o tema A Criança diante da Morte, com Franklin Santana Santos e eu, no Espaço Pampédia, houve uma discussão fecunda sobre um livro famoso e belo: A Árvore Generosa, de Shel Silverstein (Editora Cosac Naify). Bons livros infantis são assim: têm múltiplos alcances, significados, atingem de 8 a 80 anos, porque falam de coisas essenciais e profundas. Houve intensa discordância quanto à mensagem dessa história, sobre a qual já queria escrever há muito. Para situar o leitor que não leu (mas recomendo ler), repasso aqui a sinopse do livro: “’...

JESUS TEM LADO... ONDE ESTOU?

   Por Jorge Luiz  A Ilusão do Apolitismo e a Inerência da Política Há certo pedantismo de indivíduos que se autodenominam apolíticos como se isso fosse possível. Melhor autoafirmarem-se apartidários, considerando a impossibilidade de se ser apolítico. A questão que leva a esse mal entendido é que parte das pessoas discordam da forma de se fazer política, principalmente pelo fato instrumentalizado da corrupção, que nada tem do abrangente significado de política. A política partidária é considerada quando o indivíduo é filiado a alguma agremiação religiosa, ou a ela se vincula ideologicamente. Quanto ao ser apolítico, pensa-se ser aquele indiferente ou alheio à política, esquecendo-se de que a própria negação da política faz o indivíduo ser político.

A REENCARNAÇÃO DE SEGISMUNDO

            O material empírico acerca da comprovação da reencarnação disponível já é suficiente para que a ciência materialista a aceite como lei biológica. Esse material é oriundo de várias matrizes de pesquisas, que sejam das lembranças espontâneas de vivências passadas em crianças, principalmente as encabeçadas por Ian Stevenson (1918 - 2007), desenvolvidas por mais de 40 anos. Da mesma forma, o milhares de casos de regressão de memórias às vidas passadas como terapia, com vistas a soluções para a cura de enfermidades psicossomáticas (TRVP). As experiências de quase morte (EQM), além das pesquisas desenvolvidas pela Transcomunicação instrumental através de meios eletrônicos (TCI).