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METAFÍSICA DA MICROCEFALIA









Nos últimos tempos, a sociedade vem se deparando com fenômenos dos mais diversos matizes a lhe determinarem forte impacto emocional e social, e ecoar dolorosamente, às vezes, com desesperança e descrença, quase sempre acompanhados de intensa perplexidade.

Tsunamis, tempestades, inundações, desastres ambientais, violência urbana, guerras e conflitos atingem o mundo cada vez mais globalizado, em tempo real, em uma grande teia informacional tecida a partir da tecnologia das telecomunicações, em suas mais amplas manifestações.


Em nosso país, por agora, o aumento da incidência de casos de microcefalia tem sido motivo de grande inquietação, não apenas por parte dos órgãos que lidam com a saúde pública, mas também da população como um todo.

O drama que vem atingindo grande número de famílias, apesar de sua ocorrência se fazer de há muito, vem impressionando e preocupando a todos por conta de sua propalada elevação percentual de casos.

As crianças acometidas do mal, pelas modificações cerebrais resultantes, decerto necessitarão de cuidados especiais pelas repercussões negativas em seu desenvolvimento, com um prognóstico de déficits neurológicos importantes, embora proporcionais às modificações cerebrais diferentes em cada uma das situações.

Como é natural entre nós, seres humanos, a busca pelas causas da problemática visa satisfazer a nossa necessidade de melhor compreender os distúrbios, não apenas para lidarmos pragmaticamente com a situação, visando uma orientação na condução e solução (tratamento, prevenção e minimização) da questão, mas especialmente no seu significado abstrato, dentro das possibilidades de reflexão para além das discussões horizontais dos fatores biopsicossociais e mesológicos.

Os estudos e pesquisas empreendidos pelos órgãos especializados e cientistas têm relacionado tal distúrbio neurológico à ação do vírus da Zika, enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegyptis, como sendo responsável pelo incremento dos casos de microcefalia, haja vista um surto da doença que nos foi introduzida, pelo que se acredita, a partir da Copa do Mundo de futebol, de 2014.

Os aproveitadores e manipuladores da opinião pública já, então, se articulam para impor à sociedade brasileira, sensibilizada pelo sofrimento, a “solução” abortiva visando a descriminalização de há muito pretendida, mas bloqueada pelo sentimento antiabortivo do nosso povo, como evidenciado em diversas ocasiões pelas pesquisas realizadas nos últimos tempos.

Matar essas crianças é um aceno e uma indução por parte dessas organizações proabortvas à adoção coletiva de um mecanismo de defesa do ego – a negação do problema em suas causas mais profundas: as espirituais.

Isso não apenas não resolverá o problema, mas o hipertrofiará pelos distúrbios psiquiátricos individuais e coletivos secundários a essa pseudossolução.

Os ensinos espíritas permitem possamos refletir sobre as origens verdadeiras das enfermidades, a partir de um paradigma biopsicossocialespírita bem mais profundo e abrangente que o já desgastado modelo biomédico.

Na situação em pauta, existe uma relação de “causa e efeito” que se baseia no comportamento humano atual cada vez mais conduzido pelo egoísmo e pela supervalorização das coisas materiais, com grave e descontrolado distanciamento moral, e também com o passado da criatura humana no constructo de sua história e trajetória na linha do tempo.

Há um passado de desmandos no uso da inteligência, seja em prejuízo para outros, seja pela autodestruição desesperada ante o nihilismo dominante e orquestrado pela intelectualidade morbosa.

Os que hoje renascem no palco terreno com tais limitações não as experimentam por uma mera ironia do acaso perverso, mas por necessidades pessoais e coletivas, que visam o aprendizado, o reequilíbrio e a reflexão para o seu futuro e o da Humanidade.

De outra forma, o que esperar de uma sociedade tão pragmática quanto cruel em que mães bloqueiam o sentimento maternal e destroem seus rebentos, arrancando-os do seu próprio ventre, em atitude antinatural, em comportamento mais agressivo que o de muitos animais selvagens, em nome de uma razão francamente enfermada pelo hedonismo e pelo descompromisso para com a vida.

Todos nós nesse mundo estamos marcados por limitações variáveis em qualidade e extensão, de tal sorte que não existe um corpo plenamente perfeito, sendo isto apenas uma tendência, a considerar as leis e os mecanismos evolucionistas em seus mais dilatados aspectos (biológicos e anímicos).

Sendo assim, julgar e condenar à morte seres humanos pelas suas limitações físicas e intelectuais é, na melhor das hipóteses, atitude incoerente, hipócrita e perversa.

A vida é um continuum que integra o passado, o presente e o futuro, sendo suas provas e expiações estratégias de equilíbrio e harmonia futuros.

Se considerarmos o impedimento, em nosso país, de que renasçam crianças com anencefalia (na verdade meroanencefalia), poderemos ter uma noção lógica da origem espiritual da multiplicação dos casos de microcefalia.

Fonte: http://tribunadoceara.uol.com.br/blogs/espiritualizar/artigos/metafisica-da-microcefalia/

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